Autora: Eugênia Pickina
É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer
Aristóteles
Sabemos. Há objetos perigosos na cozinha, contudo ela é um lugar importante para a criança, à medida que é nesse espaço onde ela tem a oportunidade de preparar o próprio lanche ou de fazer, com a ajuda de um adulto, uma deliciosa receita, sem falar na sujeira que todo mundo tem que limpar no final – e uma lição indispensável e que precisa ser muito repetida para qualquer um que está sendo educado… Ou seja, há mais experiências positivas em relação à cozinha do que muita gente imagina…
Vejamos, por exemplo, cinco motivos para confiar que a cozinha é lugar de criança.
1) A cozinha permite a naturalização das tarefas domésticas – organizar, cozinhar, lavar, guardar, limpar, e que, em consequência, não serão assimiladas como um grande peso na vida. Pois isso fará parte do adulto que a criança será e, sem dúvida, esse aprendizado será de grande valia para a vida dela.
2) A cozinha é laboratório que possibilita à criança experimentar o potencial de capacidade: quando a criança prepara uma receita e vê o resultado da sua ação, ela se nota potente, passa a ter certeza de que consegue e isso fortalece autoestima, autoconfiança, perseverança. Ademais, até o erro será entendido com mais naturalidade…
3) A cozinha possibilita à criança ter um contato direto com cardápios distintos e novos alimentos. Ou seja, toda a criança que tem a oportunidade de preparar alimentos, testar receitas, ela muitas vezes manipula alimentos que ainda não come e, por conta disso, sente curiosidade e passa a querer apropriar-se de novos sabores, ampliando paladar e hábitos alimentares.
4) A cozinha permite que a criança se afaste das telas e viva ao lado da mãe, do pai, da família, a experiência de vínculo, autoestima, autonomia, vivenciando diálogos ricos e que construirão memórias positivas.
5) A cozinha é fonte de aprendizado, de lição interessante, pois o texto de uma receita é um texto instrutivo, é fonte de uma mensagem histórica, cultural. Nunca esqueço, meninazinha, eu ajudava a Rosa, nossa querida em casa, a fazer a receita da cuca da minha avó, ela lendo enquanto eu quebrava os ovos, batia o açúcar, a farinha, as palavras afetivas e nunca esquecidas. Não podemos ignorar o fato de que a própria alfabetização começa pelos sentidos…
Ah, infância combina com macarrão, tomate, manjericão e tudo preparado, sem pressa, pela família na cozinha…
Qual é a comida preferida do seu filho? Ele ajuda a preparar?
O consolador – Ano 16 – N 794 – Cinco-marias
