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A caridade segundo Jesus

Autora: Teresinha Olivier

De maneira geral, entende-se a caridade como o ato de auxiliar as pessoas carentes de alimento, de roupas, de medicamentos. Ou seja, a caridade material, aliás, muito necessária no nosso mundo.

Muitas pessoas e instituições religiosas, ou mesmo fora das religiões, praticam esse ato de benevolência e realmente aliviam o sofrimento de muitos. Mesmo no meio espírita existe essa preocupação, muitos centros espíritas mantém um trabalho valoroso de amparo aos necessitados.

Porém, perguntamos: A caridade se resume a isso?

Em O Livro dos Espíritos, na questão 886, Kardec pergunta:

Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?

O espírito responde:

Benevolência para com todos, indulgência para com as faltas alheias e perdão das ofensas.

Essa definição amplia poderosamente a ideia que fazemos da caridade. Vejamos:

Benevolência para com todos

Benevolência é demonstração de afeto, de estima, bondade, boa vontade, interesse em relação a outras pessoas. Revela altruísmo e empatia.

Segundo a resposta dada a Kardec, deve ser exercida com TODOS, ou seja, com todas as pessoas com as quais temos algum tipo de relacionamento, algum tipo de contato, ou mesmo pessoas distantes ou estranhas que tenham necessidades que cheguem ao nosso conhecimento e que estejam ao nosso alcance auxiliar de alguma forma.

Ser benevolente significa auxiliar o próximo com os recursos que se tiver, seja com recursos materiais, seja ensinando, seja dando apoio e amizade, seja ouvindo, compreendendo, aconselhando, respeitando.

A caridade segundo Jesus não se restringe à esmola, abrange todas as relações que temos com os nossos semelhantes, estejam eles abaixo de nós socialmente, intelectualmente, moralmente ou sejam nossos iguais.

É dessa forma que aqueles que estão acima de nós agem conosco.

Indulgência para com as faltas alheias

Esse é outro aspecto da caridade segundo Jesus. Significa compreender a situação daquele que erra como um ser em evolução, em aprendizado.

Ser indulgente não significa apoiar o erro, mas não humilhar, não julgar, não condenar e, principalmente, não divulgar seus erros, mas sim aconselhar, procurar levantar o seu ânimo, mostrando a ele todo o seu potencial de espírito imortal destinado à perfeição.

Jesus disse: Não julgueis para não serdes julgados. Com a mesma medida com que julgamos as faltas alheias, seremos julgados inexoravelmente pela nossa própria consciência, pois também somos espíritos em evolução, portanto passíveis de erro.

Perdoar as ofensas

Perdoar as ofensas é libertar o ofensor do peso da culpa para que ele tenha a força e o estímulo necessários para mudar o rumo de sua vida, dirigindo seu destino para o retorno ao bem.

O perdão liberta o ofensor e o ofendido.

Guardar o ódio, o rancor, a mágoa é como carregar um peso nas costas que dificulta o nosso caminhar.

Perdoar sinceramente é nos livrarmos de uma condição vibratória, energética pesada, que limita a nossa caminhada rumo ao crescimento espiritual.

O perdão deixa mais livres e leves tanto o ofensor como o ofendido, mais livres para irem em busca do destino que Deus traçou para todos nós: a condição de espíritos perfeitos e felizes.

E, além de tudo isso, temos ainda um fator de grande importância na prática da caridade vista por esse ângulo tão mais amplo e profundo:

O desinteresse pessoal

É fazer o bem pelo bem.

Não esperar nada em troca. Nem mesmo o agradecimento.

Se não devemos esperar nada material como pagamento do bem que fazemos, muito menos ainda devemos fazer o bem com a intenção de uma recompensa após a morte, esperando uma situação feliz após o desencarne.

Essa intenção é também uma espécie de cálculo.

Praticar o bem esperando uma recompensa espiritual é uma espécie de egoísmo.

Portanto, vamos ampliar a nossa noção de caridade. Começando dentro do nosso lar, com os nossos familiares, estendendo para os amigos, vizinhos, conhecidos, estranhos que cruzam o nosso caminho. Para os afetos e os desafetos. Para os que nos amam e para aqueles que não simpatizam conosco.

Somos espíritos imperfeitos, portanto, vamos conquistando essa condição de maneira gradativa, aos poucos, mas tendo essa consciência, podemos ir exercitando desde já.

TODOS!

A caridade segundo Jesus exige muito mais de nós do que aquela que costumamos fazer, que é necessária, porém, está longe de ser tudo.

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