Autor: Marcus De Mario
Por se opor à organização que caracteriza a escola tradicional, ou velha escola, isso não quer dizer que a escola inovadora deixe tudo acontecer à vontade, de qualquer maneira, como se não tivesse organização. Esse pensamento, cultivado por aqueles que desconhecem a filosofia de educação e os fundamentos pedagógicos que regem a escola inovadora, é equivocado. E também a escola inovadora não é uma escola experimental, onde se tentam práticas educativas para ver se vão dar certo. Tudo é planejado, estudado e realizado de acordo com um projeto pedagógico bem estruturado.
Mas esse tipo de pensamento não é novidade. As escolas novas, ou escolas progressistas, que se disseminaram entre o final do século 19 e a primeira metade do século 20, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, também padeceram dessas críticas infundadas. Aqui no Brasil, educadores como Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Darcy Ribeiro e outros, igualmente receberam críticas por estarem fazendo diferente, como se não tivessem diretrizes seguras em seus projetos, o que não é verdade.
Toda crítica deveria partir de um estudo sério sobre o que se quer criticar. Um estudo sério requer que se leia e assista tudo a respeito, e que, se possível, no caso de que estamos falando das escolas inovadoras, se visite uma ou mais escola não tradicional, para que se possa ter ideia clara a respeito.
Hoje, em que os meios de comunicação estão adiantados, em que pela internet se consegue amplos conhecimentos, em que vídeos estão disponíveis na plataforma YouTube, não se pode alegar ignorância, nem falta de material para pesquisa. Somente a má vontade, ou ainda o não querer saber, podem justificar a crítica infundada da falta de organização da escola inovadora, e de nela tudo acontece de qualquer jeito, sem disciplina. Essa crítica apenas revela o quanto se desconhece sobre a proposta pedagógica das escolas inovadoras.
Na realidade educacional brasileira, a escola inovadora segue o que diz o artigo 23 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB): “A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.”
Assim, com base na lei, a escola inovadora utiliza formas de organização que apenas diferem da organização da escola tradicional, formas organizacionais essas previstas e permitidas pela legislação em vigor.
Algumas escolas inovadoras adotam a organização dos alunos por ciclos, outras por grupos de estudo não seriados, e assim por diante, mas todas seguem um planejamento, uma organização e uma metodologia, sempre centrando o processo na aprendizagem, dando maior autonomia aos alunos.
Se você quer conhecer como uma escola inovadora trabalha, recomendo assistir no YouTube vídeos sobre a Escola da Ponte, a Escola Amorim Lima, a Escola da Serra, o Projeto Âncora, a Escola Campos Salles, entre outras. Dessas escolas também é possível acessar o projeto pedagógico para aprofundar o conhecimento.
Se depois de assistir os vídeos e ler os projetos pedagógicos, ainda assim houver alguma dúvida, é só compartilhar para que, juntos, possamos melhor entender a escola inovadora.