Autor: Ivan Franzolim
No sentido moral, a responsabilidade é o compromisso que todo espírito tem, seja por imposição das leis naturais ou voluntariamente, de reparar o mal que tenha tido sua participação.
Em sua expressão mais simples, a comunicação envolve pelo menos duas pessoas que se alternam como emissores e receptores de mensagens. Alguns veículos de comunicação, todavia, permitem que um grande número de receptores tenham acesso a mesma mensagem. O meio mais utilizado para divulgar o espiritismo, não é a exposição oral nos Centros Espíritas, o jornal ou o rádio, nem as homepages, e sim, a simples e subestimada conversa fraterna presencial ou à distância.
Na cultura ocidental estamos acostumados a pensar que o maior objetivo da comunicação é convencer e, para isso, deve se valer de todos os recursos disponíveis.
Na difusão da mensagem espírita, contudo, o comunicador deve ter certa parcimônia no propósito de persuadir. Isso em decorrência da própria natureza da comunicação, embasada na necessidade de aprendizado mútuo, no amor, no respeito ao próximo evitando qualquer tipo de violência.
A história está repleta de experiências do homem na tentativa de convencer com excessivo ardor que não foram muito felizes ou mesmo eficazes. Quase sempre enveredamos por caminhos inadequados e perigosos, de forma consciente ou inconsciente, utilizado falácias como argumentos, sofismando, trocando fatos pela inferência deles, confundindo opinião com conhecimento ou mesmo falseando, acreditando que os meios justificam os fins.
Sob a ótica espírita, o processo de comunicação possui um fator que aumenta consideravelmente a responsabilidade do comunicador. É o fator tempo. Essa variável multiplica quase que indefinidamente, a influência boa ou má da mensagem transmitida, agravando ou beneficiando a conta cármica (lei de causa e efeito) do comunicador.
Vejamos o exemplo de um livro. Uma vez escrito pode ser republicado ao longo de anos e séculos. Se sua mensagem é negativa, agindo incessantemente em seus leitores, no propósito de destruir e fazer sofrer, como ficará o espírito autor vendo sua responsabilidade expandindo a cada dia, mesmo tendo se arrependido desse ato?
Tudo leva a crer que, para muitos desses espíritos é dada a oportunidade de “lutarem” contra suas próprias criações do passado, com a edificação de boas obras que venham a anular ou atenuar o efeito das primeiras.
Da mesma maneira, embora com menos amplitude, podemos perceber a responsabilidade de todos espíritas, particularmente dos comunicadores por sua capacidade mais acentuada de formar opinião. Dialogar sobre o conhecimento espírita, fortalecer bons pensamentos e ideais, fazer refletir, motivar o estudo e a transformação moral são os objetivos a serem atendidos.
Podemos comparar a tarefa do comunicador espírita, com a do lavrador que, embora generoso, lançava suas sementes em qualquer solo, confiando apenas na Providência Divina. Assim, muitas se perdiam e poucas frutificavam. Ao comunicador espírita se espera que utilize todo seu conhecimento para ajustar sua comunicação aos diferentes tipos de público. Deve usar de todo o seu potencial, para distribuir a mensagem espírita com convicção, entusiasmo e confiança, certo de que, feita a sua parte, ela encontrará em cada interlocutor, um terreno propício senão para frutificar de imediato, pelo menos para ficar armazenada aguardando condições mais favoráveis para germinar.
Assim, para uma comunicação conseguir transformar alguém, se conectando com outros conhecimentos, sentimentos e experiências, certamente foi necessária, a ação de diversas vivências e mensagens anteriores que prepararam adequadamente o solo mental e emocional daquele que se transformou. Como a evolução é eterna, uma mensagem será sempre a base de outra que virá, mais perfeita e adequada. Façamos a nossa parte com bom senso, fé e alegria de possuirmos uma mensagem tão importante para transmitir.
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