Autor: Marcus De Mario
Nossa experiência de vida, afinal já ultrapassamos a casa dos sessenta anos, nos permite dizer que estamos diante de um quadro social profundo de crise de valores, tanto individuais quanto coletivos, provocando escândalos os mais diversos, em todas as áreas de atuação humana. Apesar de aparentemente o mundo estar perdido, como dizem muitas pessoas, não vemos motivo para desânimo, pelo contrário, pois estamos fazendo uma revisão dos nossos valores de vida, estamos repensando a ética e aprimorando nossa justiça. Muitas pessoas se deixam levar por uma onda de pessimismo, mas a verdade é que para reconstruir a nós mesmos e a sociedade em que vivemos, o trabalho é penoso, exigindo perseverança e paciência.
Não é fácil sair da zona de conforto que criamos e na qual vivíamos, e que agora tem suas estruturas abaladas, necessitando de reformas. Viver numa casa em obras é penoso, mas o resultado final compensa. É nisso que temos de pensar no momento: nossos valores estão em ebulição, estão questionados, e temos que reformulá-los, pois o que parecia legítimo já não o é mais, o que parecia correto está equivocado. Agora precisamos também pensar no outro, e não somente em nós mesmos.
Essa crise de valores já estava anunciada, sendo acelerada após a segunda grande guerra mundial, e poderia ter sido evitada, ou pelo menos muito minimizada, se desde aquela época, e estamos falando da década de 40 do século 20, tivéssemos nos aplicado na implantação da educação moral nas famílias e nas escolas. Isso mesmo, nessas duas tão importantes instituições sociais.
A escola tem a missão de educar, mas essa missão só é completa se conjugada com a família, pois ela é a primeira escola, o lar é onde os filhos ganham a orientação provinda dos exemplos, é onde ganham o desenvolvimento dos hábitos, e todos sabemos que isso pode ser positivo ou negativo. E o papel da escola é muito mais do que instruir, do que ficar em procedimentos pedagógicos atrelados a conteúdos de matérias, ou disciplinas, curriculares.
O tempo passou e várias gerações deixaram de receber a educação moral, os bons exemplos, os valores e virtudes que fariam da nossa sociedade atual exemplo de justiça, paz e amor. O que temos assistido é injustiça, violência e egoísmo. Jovens e adultos imediatistas, materialistas e que não pensam nem no próximo nem no dia de amanhã.
E não será a segurança pública a solução do problema. Precisamos de sentimento, de humanização, de um trabalho porfiado na educação que espiritualize, que humanize, que desenvolva as virtudes, que forme o caráter. E já se vão mais de 70 anos do fim da Segunda Guerra, e ainda não compreendemos que a melhor opção é a educação moral das crianças e jovens.
Quanto mais tempo adiarmos a verdadeira solução, mais tempo teremos de crises e escândalos. Saiamos da retórica, da teoria, do discurso, para vivenciarmos, tanto na família quanto na escola, os novos tempos de uma sociedade mais justa e feliz, novos tempos dependentes da nossa educação moral e das novas gerações.