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A vontade de Deus

Quando as tendências apontavam que o terceiro milênio se caracterizaria pela velocidade da comunicação global e que o poder estaria baseado na posse do conhecimento informativo, não pensávamos que isso representaria uma verdade também para as questões pessoais, como tem se mostrado.

Causa espanto a quantidade de reestudos, reavaliações de informações e reciclagens de pensamentos, em relação aos vários ramos do conhecimento e da conduta humana, promovidos por quase todos os segmentos da sociedade. Basta olhar as bancas de jornais, as livrarias, os sites, a TV, isso para citar apenas o que está popularizado. De tal maneira que, sem entrar no mérito do foco e dos caminhos dessa grande mexida conceitual e comportamental, é significativo o número de pessoas que estão tendo oportunidades de rever seus conhecimentos, sua filosofia de vida e os valores que abraça.

Rever e reavaliar não são sinônimos de mudança. Pode-se rever e reafirmar. Mas a reciclagem só vem quando essa revisão mostra ser necessário alterar algo do que já está estabelecido dentro de nós.

No atual panorama, o Espiritismo é uma fonte inesgotável de “portas” que podem ser abertas para o nosso discernimento, quando pomos atenção verdadeira no que os Espíritos da Codificação disseram a Kardec. Lendo sem interpretar, mantendo a postura de entender o que foi dito, podemos tirar daí a descoberta do funcionamento das Leis da Vida dos Espíritos, que foram reveladas da melhor maneira possível à humanidade, mas compreendidas pelos espíritas do modo que foi possível.

Hoje, reestudadas com cuidado, essas Leis podem nortear uma revisão do entendimento das nuances que possuem, muitas das quais tendo-nos como protagonistas.

Um aparente detalhe, inserido pelos humanos na Lei da existência de Deus, é a idéia de que ele exerce sua vontade determinando coisas, situações, perdoando, ajudando, punindo, enfim, interferindo na vida dos Espíritos, encarnados ou desencarnados. Essa forma de pensar precisa ser revista, reexaminada e certamente reciclada. Claro que é uma opinião de quem escreve este artigo e dos que pensam igual.

Por que é um aparente detalhe?  Porque crer nessa ação divina determina toda uma maneira de pensar e viver, cria todo um estilo de vida, que perdem completamente o sentido, assim que esse pensamento muda. Examine isso!

A base espírita para a revisão e a reciclagem desse conceito equivocado, está na Lei do livre arbítrio.

Ou ela existe ou não existe. Não há como ter meio livre arbítrio! O fato dela ser desenvolvida na conformidade do nosso progresso, em nada invalida que agora a temos por inteiro, na medida da nossa evolução espiritual. Porque o inteiro para cada um, está na proporção do que pode ser.

É preciso reciclar também, a idéia de que só os Espíritos superiores desfrutam amplamente das Leis Universais. Não! Todos nós, seja quem formos, as temos inteiras, numa inteireza relativa ao nosso nível evolutivo. Evoluindo, provocamos a ampliação do funcionamento dessas Leis dentro de nós; bem como estendemos nosso entendimento sobre elas. Mas sempre, sempre, estão completas, embora no “tamanho” de cada um.

Se não sabemos como é ser um Espírito evoluído, que falta podemos sentir do grau do livre arbítrio de que ele desfruta?

Ou seja, quem pensa que Deus determina situações em sua vida ou quem pensa que sua capacidade de escolher e decidir está tolhida pelo grau evolutivo, cria uma realidade que na verdade não existe, mas passa a existir para si; isso porque ao pensar de uma maneira, determinamos um estilo energético/fluídico, em nós mesmos, que acarreta consequências do mesmo teor e característica. E na medida que o pensamento muda, também os resultados e consequências mudam.

A realidade de cada um é fruto do que constrói dentro de si: o pensamento atua sobre o perispírito e os  fluidos, caracterizando-os no mesmo teor.

É uma forma antiquada e equivocada, pensar que as situações estão prontas e nós temos que entrar nelas, para viver no mundo. Quem pensa que é assim, vive assim. Quem pensa de outra maneira, vive de outra maneira. Examine também isso!

Somos os construtores diários do nosso presente e do nosso futuro. Deus nada tem a ver com isso. Ele dotou todos os Espíritos de Leis que vão funcionando na medida do próprio progresso.

É por nossa conta que as coisas se fazem, mesmo que não saibamos disso. Nem Deus e nem ninguém determina nossa vida, a não ser quando damos esse poder a alguém, porque sempre há aquele que deseja dominar, determinar e direcionar a vida dos outros, sentindo-se importante e superior.

Mas Deus… não adianta querer dar-lhe a responsabilidade sobre a condução e as circunstancias da nossa vida. Ele não pega esse compromisso, pelo simples fato de que não vai derrogar suas próprias Leis.

Examinando e confirmando tais informações  -pois nada deve ser aceito só por causa de uma boa indicação- podemos nos ajudar bastante: estudar, examinar e reciclar, repetindo o processo quanto for preciso.

A direção da sua vida depende da sua vontade. Esse poder é seu e não deve ser dado a ninguém!

Jornal do NEIE-CEM, Edição 161, Outubro de 2010

Link original: http://www.jornaldocem.com.br/edicao-161-outubro-de-2010/a-vontade-de-deus-2/

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