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Ainda é tempo de semear

Autora: Temi Mary Faccio Simionato

Ide, eis que vos mando! Jesus

Mateus, 10:16

Vivemos em um mundo que ainda é uma enorme Jerusalém, reunindo criaturas dos mais variados matizes, onde muitos de nós aguardam a morte do corpo físico a fim de ouvir as sublimes palavras do Cristo. No entanto, esquecemos que o Mestre permanece vivo em Seu evangelho de amor e luz.

Somos aprendizes dele, aproximando-nos do trabalho bendito, desejando revelações diretas e afirmando convictos que teríamos mais fé se ouvíssemos Jesus de modo íntimo em Suas manifestações divinas. Acreditamos ser merecedores das dádivas celestes, mas, também, argumentamos que o serviço da Boa Nova é demasiadamente grande para o esforço humano, sem percebermos que a preguiça mistura-se com a vaidade, anulando nossas forças. Isto acontece porque ainda não sabemos ouvir o Mestre e ignoramos que o serviço que nos foi confiado é aquele a que fomos chamados.

Sabemos que a Boa Nova está repleta de convites amorosos para que nos edifiquemos no exemplo do Irmão maior; todavia, nem sempre compreendemos esse imperativo de iluminação própria, em favor da harmonia na obra a realizar. Por esta razão, torna-se indispensável nos elevarmos ao monte da exemplificação, apesar das dificuldades da subida angustiosa, apresentando-nos na categoria de cristãos em construção. Assim, se nos compenetrarmos na lição do Cristo, precisaremos de disposição para doar as nossas forças na atividade incessante no bem para que o Evangelho brilhe no caminho da redenção para todos.

Sigamos adiante e, se lágrimas nos banharem a ponto de sentirmos a noite dentro dos olhos, entreguemo-nos nas mãos de Jesus, continuando a servir, na certeza de que a vida faz ressurgir o pão da terra lavrada e que o sol de Deus, amanhã, nos trará novo dia.

Jesus necessita de cooperadores fiéis, bondosos, prudentes, mas, também, valorosos para que sejam enviados ao centro do conflito áspero, não no sentido de quem remete carneiros ao matadouro, mas, sim, à terra de serviço, onde poderemos semear novos e sublimados dons espirituais, por meio da exemplificação no bem. No entanto, percebemos que há companheiros acreditando serem colaboradores do Cristo porque levantam mãos postas ao céu em atitude suplicante, sem nada realizarem. Quando o Mestre afirmou: “Ide, eis que vos mando!”, deixa claro que existe muito trabalho a ser efetuado e muitas ações no bem a serem implantadas. Mãos vazias e erguidas sem obras são inúteis na seara de Jesus.

Desta forma, perceberemos que o mundo é o campo onde encontraremos nossa cota de colaboração, procurando entender que realmente necessitamos ir aos lobos e não esperar que eles venham até nós, não na posição de fera contra fera, mas na posição de verdadeiros embaixadores, ou seja, como doadores da vida eterna, trabalhando em esforço infindável no bem até a vitória final. O terreno é imenso e reclama trabalhadores devotados que não demonstrem predileções pessoais por zonas de serviço ou gênero de tarefas. Muitos se apresentam ao trabalho, mas são raros os verdadeiros servidores. Há enorme diferença entre as solicitações do mundo e a voz do Amigo celestial a nos dizer que quem tiver ouvidos de ouvir escute-as com o coração, enquanto é tempo de semear.

Jamais olvidemos que o Mestre passou entre nós trabalhando e, se examinarmos a natureza de Sua cooperação sacrificial, aprenderemos com Ele a felicidade de servir, pois o trabalho reconforta e o serviço ao próximo anula os detritos do mal. Trabalhar é produzir transformação, oportunidade e movimento; servir é criar simpatia, fraternidade e luz, pois ninguém abraça o roteiro do Evangelho para estirar-se em redes de fantasia.

Somos chamados a melhorar e elevar o nível desta vivência terrena, e, quando efetivamente vivermos em Cristo, a existência será um caminho repleto de esperança, trabalho, alegria, mas plenamente aberto às surpresas e ensinamentos da verdade, sem qualquer ilusão.

Aprendizes da Boa Nova que somos, se não improvisarmos a alegria de servir aos semelhantes, permaneceremos muito longe do verdadeiro discipulado, porque, se há mais alegria em dar que em receber, há mais felicidade em servir que em ser servido. Somente assim teremos tomado a cruz da redenção que nos compete, negando a nós mesmos, de modo a seguir os passos do Mestre.

Da manjedoura ao calvário, Jesus passou entre os obstáculos que se transfiguraram a Ele em degraus para a volta ao Pai, e aceitou a cruz como a Sua maior mensagem de amor à humanidade, legando-nos, como exemplo vivo, a porta estreita do sacrifício e renúncia como sendo o mais belo caminho de paz e libertação.

Aprendamos com o meigo Rabi da Galileia a ciência da renovação pelo bem, melhorando situações, servindo sempre como quem sabe que fazer é o melhor processo de aconselhar. A atividade divina jamais cessa e no quadro da luta benéfica é que entalharemos a nossa vitória, avançando confiantes para o grande futuro em nome do Evangelho, com serenidade, brandura e esperança no porvir.

Entendemos, deste modo, que servir ao Cristo é encarnar, é crescer junto ao joio, é estar em meio a lobos, trabalhando pela paz, agindo de tal forma que tenhamos a consciência tranquila em qualquer situação, acompanhando-O, exercitando Seus ensinamentos em todas as circunstâncias. O mundo vem contando com as claridades d’Aquele que é compreendido como a “luz do mundo”, e Sua presença permanente e abnegada continuará, até que, sensibilizados, um dia, pelas suas emissões radiosas, penetraremos em espírito e verdade nos domínios da perfeição possível, que nos garantirá a felicidade.

Bibliografia

RIBEIRO, Cesar Saulo coordenador – O Evangelho por Emmanuel segundo Lucas – 1ª edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 2015 – páginas 119, 199 e 299.

Ribeiro, Cesar Saulo coordenador – O Evangelho por Emmanuel segundo Mateus – 1ª edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 2016 – páginas 90, 93 e 404.

XAVIER, C. Francisco – Caminho, Verdade e Vida – ditado pelo Espírito Emmanuel – 28ª edição – Rio de Janeiro/RJ/ Editora FEB – 2011 – capítulo 47.

O consolador – Artigos

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