Autora: Cristina Sarraf
Vivemos em tempos dinâmicos e propícios para adotarmos uma excelente e renovadora ideia: a reciclagem de pensamentos.
Já ganhou corpo, na sociedade terrestre, a necessária reciclagem de papel, metais, tecidos e outros elementos que antes iam para o lixo ou ficavam inúteis, em nossas casas. Mas estender essa prática saudável aplicando-a em nós mesmos, reciclando o que pensamos, ainda está em processo de gestação na conduta humana. Lentamente “cai a ficha” de que somos os únicos responsáveis pelos pensamos que cultivamos, apesar do que aprendemos com a família, a escola e os amigos. Às vezes essa verdade incomoda tanto que temos visto pessoas negá-la, sem exame, e sem se dar a mínima chance de alguma experiência que mostre esse ou aquele resultado.
Incomoda por que? Porque estamos social e religiosamente condicionados, por séculos, a responsabilizar Deus, o destino, os pais, a família, os educadores e a sociedade, pelo que pensamos. A interpretação é de sermos vítimas dessas forças e subjugados, de tal forma, que nada se pode fazer. É a continuidade da ideia do pecado capital, desdobrada e funcionando sub-repticiamente.
Se encarar esse fato pode criar “coceiras” psicológicas, é preciso ampliar a análise e observar que a ciência atual, materialista, corrobora com essa postura, ao entender que somos fruto dos genes que recebemos dos pais, numa combinação que só dependeu da sorte ou do azar que cada um tenha tido, na gestação. São eles que determinam o que pensamos, sentimos e somos. E assim, as pessoas que não sejam reencarnacionistas e muito menos espíritas, continuam vivenciando o pecado capital, sob o determinismo da genética.
Mas… será que nós espíritas já estamos convencidos de nossa total responsabilidade pela escolha ou aceitação de pensamentos e atos, apesar do grau evolutivo de cada um e das injustiças, convenções e pressões sociais?
Obviamente, a mudança de hábitos arraigados precisa de nossa colaboração, que começa pelo reconhecimento de como estamos agindo e porquê; passa pela escolha consciente de outra forma de pensar; requer persistência na troca e na observação atenta dos resultados que vão sendo obtidos. Ah, sim!
Há que se encarar as resistências internas, ou seja, a preguiça mental ante o esforço necessário e as externas, feitas do descontentamento daqueles a quem essa mudança desagrada…
Ajuda-te e o céu te ajudará, resume uma boa postura quando notamos que é preciso mudar algo em nossas vidas e entendemos que isso começa pelo modo de pensar sobre os fatos. Pode-se reciclar pensamentos. Haverá outra forma de se ver a mesma situação? Estaremos limitados ao nosso foco, sem atinar que há muitos ângulos que podem nos mostrar uma solução mais adequada e eficiente? Haverá em mim tanta vaidade que não me deixa observar, sentir e pensar diferente do que tenho feito?
Trabalhar-se; redobrar sua atenção consigo; flexibilizar preconceitos; examinar como sente e o que dispara suas reações; quais são elas? … Mas, sem culpar-se e sem cobranças! Ter respeito consigo mesmo, é sinal de um mínimo de educação espiritual/espírita. Estamos em processo evolutivo e os equívocos nada têm a ver com atos vergonhosos.
Trabalhar para o sustento já faz parte de nossas vidas. Trabalhar-se, atentar para a forma descuidada e deselegante que temos tido conosco ante as circunstâncias da vida, ainda requer atitude. Tanto que as doenças é que tem sido a motivação da maioria, para dar-se a atenção devida. Porém, segundo o Espiritismo, somos os únicos responsáveis por nós mesmos, por sermos indivíduos dotados de livre arbítrio. Deus não decide por nós…
A colaboração constante dos bons Espíritos não é sinônimo de que nos substituem naquilo que já podemos fazer por nós mesmos. E como há uma grande diferença entre o saber e o fazer, motivada pela imaturidade espiritual de cada um -coisa que eles sabem distinguir- insuflam-nos sempre novas/velhas ideias, na busca de atingirem nossa sensibilidade. Eles conhecem muito bem, o orgulho, a vaidade, a prepotência e a arrogância humanos e veem nisso o comportamento espiritualmente infantil, deseducado e indisciplinado, que ilusoriamente pensamos ser superior e espírita …
Auto-observação amorosa é o primeiro passo. Os demais virão a seguir, se você estiver interessado em experimentar as sugestões aqui expressas; e foi com muita vontade de por a luz sobre a mesa!