Autor: Juan Carlos Orozco
Esta reflexão inspirou-se no alerta da tripulação de um avião diante de uma eventual emergência: “em caso de despressurização da cabine, máscaras de oxigênio cairão automaticamente. Puxe uma das máscaras, coloque-a sobre o nariz e a boca, ajustando o elástico em volta da cabeça e respire normalmente, depois coloque a outra máscara no passageiro ao lado”.
Equivocadamente, esse procedimento de emergência conduziria a pensar que seríamos egoístas por socorrer-nos primeiro, depois, os outros. Mas a recomendação tem a sua razão de ser, porque se tentar colocar, primeiro, a máscara no passageiro ao lado, você poderá desmaiar antes, neutralizando a sua ajuda no socorro alheio. Ajudando a si mesmo, haverá a possibilidade de auxiliar as outras pessoas.
Dessa situação conflituosa, duas questões sobressaem: ajudar a si mesmo e ajudar ao próximo, sendo que essas ações são urgentes e necessárias para salvar vidas humanas.
Para a nossa reflexão, as questões levantadas fazem lembrar as máximas Espíritas: “ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará” e “fora da caridade não há salvação”. Isso porque as atitudes de salvar vidas humanas devem ser entendidas como atos de caridade para consigo mesmo e para com o próximo.
Nesse aspecto, o Espírito Emmanuel, na mensagem “Caridade para conosco”, do livro Atenção, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, esclarece: “não nos esqueçamos de que há também uma caridade que devemos a nós mesmos, a fim de que a caridade que venhamos a praticar, à frente do mundo, não se reduza a mera atitude de superfície”.
Mais adiante, conclui: “aperfeiçoarmo-nos por dentro é ajudar por fora com mais segurança e como salvar significa recuperar com finalidades justas no trabalho comum, assim como oferecemos mão forte à árvore a fim de que ela cresça, frondeje e produza para o bem de todos, salvando-se da inutilidade, também o Senhor nos estende braços amigos para que nos aprimoremos, transformando-nos em instrumentos de seu Infinito Amor, onde estivermos”.
Assim, se tivermos caridade para conosco, pelo aperfeiçoamento interior, poderemos ser instrumentos de amor para salvar com segurança os que necessitam do nosso auxílio. Ele exige esforço próprio para superar as fraquezas e as vulnerabilidades no sentido de se criar as condições necessárias para elevar-se e, assim, permitir ajudar o nosso semelhante pela prática da caridade que salva.
Nessa mesma direção, do site “Instituto Espírita Obreiros do Bem”, extraímos: “quando falamos em caridade, sempre pensamos na caridade que devemos ao próximo, mas não podemos esquecer de que, assim como o amor, a caridade nasce primeiramente no íntimo do Ser que a pratica. Por isso, quando exercemos a caridade com o outro já a exercitamos na intimidade da alma”.
Para edificar o amor que salva dentro de nós, é preciso trabalho árduo de limpeza do coração. Para tanto, precisamos socorrer-nos promovendo uma reforma íntima para respirar a “máscara de oxigênio” que nos ajudará a liberar o potencial de amor em auxílio ao nosso semelhante.
O “ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará”, permitirá a assistência espiritual, em que o necessitado deve cooperar, fazendo a parte que lhe toca, para remover as montanhas de dificuldades que nos auxiliarão nas tarefas edificantes na prática do bem.
“Fora da caridade não há salvação”. Ajude a si mesmo para ajudar o próximo.
Bibliografia
BÍBLIA SAGRADA.
EMMANUEL (Espírito); na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Atenção. Editora Instituto de Difusão Espírita, 1982.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
SEMANA DA CARIDADE PARA CONOSCO. Mês do exercício da caridade. Disponível em: Obreiros do Bem Postado por Instituto Espírita Obreiros do Bem. Acessado em: 07 de outubro de 2019.
O consolador – Artigos
