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Algumas reflexões sobre a evasão escolar

Autor: Marcus De Mario

As escolas particulares têm sofrido de algum tempo o fenômeno da evasão escolar, ou seja, da perda de alunos e diminuição de novas matrículas, apontando como principal causa a crise econômica brasileira com a consequente queda de rendimentos das famílias. Não temos dúvida do impacto que a crise econômica tem causado nas famílias, muitas delas obrigadas a migrarem seus filhos da escola particular para a escola pública, está totalmente gratuita. Agora, será que a crise econômica é a única vilã? Temos que ter em vista que nenhum processo, seja ele qual for, possui apenas uma causa determinante, pois normalmente um conjunto de fatores desencadeia as consequências que são anotadas.

Ampliando nossa visão para além do horizonte econômico, temos visto muitas escolas particulares sendo compradas por empresas de sistemas de ensino, perdendo assim sua autonomia pedagógica e trabalhando de acordo com um projeto pré-formatado, apostilado e voltado quase exclusivamente para preparar o aluno para as provas e concursos. Esses sistemas de ensino se jactam de ter o melhor padrão e os melhores resultados, tudo envolto em estatísticas e publicidade espalhafatosa para mostrar que quem estuda em suas escolas consegue passar nos vestibulares do ensino superior, nas provas dos institutos federais e nos concursos públicos. Precisam os pais tomar cuidado, pois há muita propaganda enganosa, além de serem sistemas de ensino que priorizam apenas o acúmulo de conhecimentos. Hoje em dia isso não está mais satisfazendo completamente as famílias.

Outra questão relevante é a existência de dezenas de escolas inovadoras espalhadas pelo país, com ensino humanizado, metodologias criativas e participativas, fazendo a diferença na educação. E não são apenas escolas particulares, mas muitas escolas públicas. Muitos pais estão procurando matricular seus filhos nessas escolas, interessados na formação não apenas intelectual de seus filhos, mas igualmente emocional e social.

Embora a escola pública nem sempre seja vista como ideal, ela tem um peso muito grande no sistema educacional brasileiro, e não podemos colocar todas as escolas públicas no mesmo patamar, na mesma situação, pois há as que tem excelência pedagógica e são muito bem-vistas pelos pais. Esse é outro fator que pode responder, pelo menos em parte, pela evasão de alunos da escola particular.

Esses e outros fatores devem ser elencados e analisados com calma, mas uma conclusão é certa: a escola precisa mudar, precisa se reinventar, precisa se transformar para fazer face às novas demandas sociais, tecnológicas e pedagógicas. Não pode mais ficar assentada sobre bases filosóficas e metodológicas que remontam há mais de um século, com carteiras enfileiradas, currículo fechado, professores catedráticos e tudo o mais que qualquer pessoa sabe descrever muito bem, pois há décadas (ou mais tempo) é do mesmo jeito.

Quando a escola deixa de estar ligada à atualidade, perde a visão de futuro, fica parada no tempo e no espaço, não se integra com a família e a comunidade, os resultados não podem ser muito diferentes do que estamos vendo em nossos dias.

Será a morte da escola particular? Não acreditamos nisso, mas se não tomarmos como bom exemplo a escola inovadora, é possível que com o tempo possamos começar a ouvir uma marcha fúnebre. Ainda dá tempo de renovar e fazer a diferença.

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