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Animais de estimação

Autor: Eurípedes Kuhl

Cuidados gerais

Amar os animais não significa deixá-los comer no mesmo prato, beijá-los, permitir sua companhia no leito.

Amá-los significa:

  • Ter por eles respeito e carinho ‒ prover e proteger suas necessidades (quatro) ‒ alimentação, água, abrigo, acasalamento;
  • Tratar adequadamente de suas doenças (se preciso, levá-los a veterinário);
  • Manter em dia sua vacinação (o veterinário indicará as vacinas que são indispensáveis a cada espécie animal);
  • Dar banhos periódicos;
  • Proporcionar-lhes passeios constantes;
  • Jamais abandoná-los, mormente quando velhos.

Todos esses cuidados, e outros mais ‒ básicos e de higiene -, são preventivos às zoonoses (doenças transmitidas ao homem pelos seus animais de estimação).

São cerca de 180, os tipos dessas doenças transmissíveis.

NOTA: Antes de picharmos os animais de transmissores de doenças, lembremo-nos de que o homem, igualmente, é transmissor de várias enfermidades a seus semelhantes.

Num e noutro caso, a cautela impede o contágio.

Os animais podem ser portadores de microrganismos que atingem o homem por várias vias:

  • Mordidas ou lambidas;
  • Contato com solo infectado;
  • Alimentos contaminados;
  • Inalação de germes;
  • Arranhaduras.

A maioria das zoonoses tem caráter benigno, são autolimitadas e evoluem para a cura espontânea.

Vejamos as principais zoonoses, de cada espécie (animais domésticos)

Cães

Raiva: Presente na saliva, é transmitida por mordidas ou contato da saliva animal com ferimentos na pele humana; é letal, sempre assustou muito os sanitaristas; todas mordidas do cão devem ser avaliadas por médico e o animal ser mantido em severa observação.

Nota: Em São Paulo‒SP, por exemplo, vivem 1 milhão de cães. Há mais de dez anos nenhum animal tem raiva. A epidemia de raiva está sob controle no município, pois há 15 anos nenhum ser humano foi contaminado. O segredo desses resultados repousa numa coerente e contínua política de saúde pública, desenvolvida, praticada e sustentada pelo Centro de Controle de Zoonoses ‒ órgão municipal. Apenas como informação: em 1992 foram vacinados 775 mil animais e a carrocinha (no caso, 10 caminhões de captura) recolheu outros 44.975.

Pela lei 10.309/87, toda a população canina e felina deve ser cadastrada, por meio de uma plaqueta (com um número) fixada na coleira.

Medidas de prevenção:

  • Os animais devem ser vacinados todos os anos, a partir dos 3 meses de idade;
  • Os cães devem ser mantidos no domicílio para que não tenham contato com animais vadios (leia-se: abandonados pelos donos), que são os principais transmissores da raiva na área urbana;
  • Se possível, evitar locais onde haja suspeitas ou tenham sido identificadas colônias de morcegos (importantes transmissores);
  • Evite tocar em animais estranhos, feridos e doentes;
  • Não perturbe animais quando estiverem comendo, bebendo ou dormindo;
  • Não tente separar animais que estejam brigando;
  • Evite entrar em grutas ou furnas e jamais tocar em qualquer tipo de morcego.

Toxocaríase: Causada por um verme encontrado no intestino do cão; as fezes do animal, contaminadas, infestam o solo de ovos, que podem ser ingeridos acidentalmente pelo homem; os sintomas são parecidos com os de um forte resfriado.

Tétano: Algumas mordidas podem causar tétano e infecções da pele.

Micoses ou escabioses (sarna): Contaminam o homem só pelo contato com o animal doente;

Bicho geográfico: Contamina o homem que anda descalço ou toca com as mãos o solo contaminado com fezes caninas, infestadas com larvas de um verme (ancilóstomo), geralmente nas praias; causa coceira intensa e exige tratamento médico especializado (dermatologista).

Gatos

Toxoplasmose: Causada pelo contato com as fezes do felino, infectadas por um protozoário, contendo ovos que são ingeridos acidentalmente pelo homem; sintomas: parecidos com gripe forte; exige cuidados na gravidez: a infecção da mulher grávida pode provocar aborto ou uma série de malformações do sistema nervoso central (cérebro) do bebê. (A toxoplasmose foi descoberta nos coelhos, em 1908 e, a seguir, em diversos outros mamíferos, tendo sido observada no homem em 1923);

Arranhadura do gato: Causada por uma bactéria (a bartonela) pouco conhecida pelos especialistas; sintomas: febre, mal-estar, crescimento dos gânglios (pescoço, axila ou virilha) que ficam dolorosos e podem até se romper; a contaminação do animal é de origem desconhecida, até porque os felinos frequentam ambientes estranhos ao lar do dono e são de vida noctívaga; quando infectado, a bactéria se aloja nas glândulas salivares do animal, que ao se lamber transfere essa bactéria para as unhas; o felino permanece infectado por curtos períodos de tempo durante a sua vida (ciclos de 3 a 4 dias) e só durante esses intervalos ele pode transmitir a doença;

Gatos domésticos, que caçam roedores, podem ser transmissores de vírus normalmente passados por camundongos ou ratos: Num estudo feito em 1994 na Universidade Veterinária de Viena (Áustria), verificou-se que de 100 gatos, apenas 4 continham anticorpos para vários vírus conhecidos como ortopoxvírus, semelhantes aos vírus da varíola e da catapora. A pesquisa parece demonstrar que gatos que não caçam, por serem alimentados pelos donos, estão isentos dessa contaminação e da respectiva transmissão. De qualquer forma, ratificamos a necessidade de serem vacinados nossos animais domésticos, segundo cronograma divulgado pelos serviços de saúde municipais ou pelos veterinários.

NOTA: Num feliz artigo (Veja, 12 de fevereiro de 1997), um veterinário de Fortaleza‒CE faz a distinção entre um fato e outro (cuidar de animais ou de crianças?), ou melhor, entre uma opção e outra. Dentre outras coisas, alerta tais críticos, que confundem as coisas, que criança não é cachorro, tanto quanto os animais não são responsáveis pelas crianças abandonadas. Não raro, donos de animais de estimação são criticados por tratarem bem deles, sendo-lhes sugerido que adotem uma criança, ao invés de cuidar de bichos. Por experiência própria, informa que não são apenas ricos que levam seus animais às clínicas veterinárias, pois pessoas humildes até passam apertado para proporcionar atendimento médico ao seu bichinho.

Pássaros

Psitacose: Doença essencialmente ocupacional, que incide em trabalhadores de lojas de bichos e de zoológicos; contamina o homem pela inalação de bactérias presentes nas fezes (ressecadas) contaminadas dos pássaros (principalmente papagaios, periquitos e cacatuas); sintomas: semelhantes ao de uma gripe, qual infecção respiratória.

Animais exóticos

A manipulação de animais como cobras, rãs e iguanas traz o risco de doenças como a salmonelose, cujos sintomas assemelham-se aos de infecção digestiva, com náusea, vômito, febre, diarreia e cólicas.

As zoonoses, como se vê, são perfeitamente evitáveis.

Bastam alguns poucos cuidados, tais como:

  • Manter os animais higienicamente tratados;
  • Levar os animais regularmente ao veterinário;
  • Lavar as mãos após lidar com animais ou terra;
  • Lavar imediatamente ferimentos por mordidas, com água e sabão e procurar médico para avaliação de tratamento;
  • Evitar que as crianças brinquem em áreas frequentadas por cães e gatos;
  • Usar luvas ao mexer no solo ‒ tratamento de plantas, jardins etc.;
  • Proibição de cães nas praias.

Animais silvestres

A lei federal 5.195, de 1965, proíbe a manutenção em cativeiro, a caça, o transporte e a destruição do habitat de animais silvestres.

Entretanto levantamento realizado pelo IBAMA indicou que cerca de 60% das casas de Manaus‒AM possuem algum animal silvestre como bicho de estimação. O Instituto afirma ser difícil reprimir o hábito da população de criar esses animais, por causa do pequeno número de fiscais e das dificuldades legais, como a necessidade de mandado de busca.

Não obstante, o IBAMA realiza campanha de esclarecimento em Manaus para impedir que animais silvestres sejam mantidos em cativeiro.

Quando em 1995, na África, o vírus Ebola provocou febre hemorrágica em várias pessoas, houve pânico no Brasil, pois foi divulgado que a doença teria sido transmitida por macacos. Em Manaus, muitos donos de macacos desfizeram-se deles. Os que puderam ser recolhidos foram enviados a um centro especializado para reaprenderem a sobreviver na natureza.

Em Ribeirão Preto‒SP (desculpem-nos os leitores citá-la tanto, mas esta é nossa cidade), há pessoas criando em família répteis considerados asquerosos e perigosos, tais como cobras e lagartos importados:

Os donos de um casal de cobra python real, cobra de origem africana, dizem que os animais estão se revelando como animais domésticos, limpos e dóceis. As cobras são vermifugadas, vacinadas, tomam banho de sol e de piscina, uma vez por semana. Quando criança, o chefe da família cuidou de um gavião filhote que estava sendo maltratado por crianças na rua, recebendo várias pedradas. Tratada por meses com carinho, mesmo com ferimentos graves, a ave recuperou-se e ganhou a liberdade. E o mundo, mais um zoófilo;

Um médico tem um lagarto australiano e uma moreia (cobra aquática), aquele chamado Max (em homenagem a um grande amigo) e esta, Mel (por ser muito dócil). Max é fissurado em mamão, almeirão, alface e banana. Mel gosta de peixe e carne vermelha. Comem na mão do dono. Declarou o médico: tenho o maior carinho e amor por eles e os tenho como uma companhia muito agradável.

Opinião de uma psicóloga sobre esse tipo de hobby: é um hábito saudável e que proporciona equilíbrio emocional, funcionando como sublimação (mecanismo de defesa voltado para uma coisa positiva).

Dica

Material extraído do livro abaixo. Leia o ebook de forma gratuita:

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