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Arsenal defensivo

Autor: Rogério Coelho

Reserva-te o hábito da meditação e apoia-te no recurso da prece

Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e da caridade, e tendo por capacete a esperança da salvação 

Paulo. I Tessalonicenses, 5:8.

Escrevendo aos efésios (6:17), Paulo de Tarso completa o pensamento esboçado aos tessalonicenses: “tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”.

Dizendo que “somos do dia“, o nobre tarsense assegura a nossa identidade de cristãos, isto é, aqueles que estão do lado da luz.  E foi o próprio Cristo quem disse[1]:“convém que eu faça as obras d`Aquele que me enviou enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a Luz do mundo”.

Ora, sendo Jesus a Luz do mundo, nosso “modelo e guia mais perfeito“,[2] se queremos estar com Ele, deveremos não só colocarmo-nos na condição de Seus alunos, mas, principalmente, na de  discípulosjá que aluno é quem somente aprende com o mestre, mas discípulo  é aquele que faz o que o mestre faz.

Temos na consciência uma espécie de sentinela vigilante da Alma, que se encarrega de dar o grito de alarme contra o inimigo,  quando  ele  se  aproxima; depois, há oraciocínio para dizer-nos o que é bom e o que é mau; há o instinto sensitivo e artístico para nos indicar o que é belo; há a inteligência natural de todas as pessoas, a desimpedir-lhe a compreensão e a aferir, por esta, o grau de responsabilidade nos atos que pratica… Existem, também, elementos adquiríveis, que podem ser poderosos ou fracos, porque são relativos e partem de causas mais indiretas e muitas vezes independentes da vontade de cada um. São os que têm origem no meio em que as pessoas nascem e vivem: os que são oriundos ou supervenientes da educação; os que dependem do melhor ou pior equilíbrio da vontade e da razão; os que se tomam dos exemplos que na vida aí mais se ajustam ao modo de ser de cada pessoa; e, finalmente, há mais, como forças a apreciar, ainda que invisíveis à vista incauta, as diligências que os Espíritos melhores e abnegados põem sempre em jogo contra as tramas e as redes dos Espíritos tentadores. Essas diligências são ainda consoantes com o modo como as pessoas recebem e aproveitam, dependendo, portanto, da vontade dos interessados o grau de eficácia que delas pode promanar.

Como se vê, tem cada indivíduo um bem provido arsenal defensivo; e só se deixa vencer pelo desprezo a que votar todos os meios de reagir, que Deus põe, pródiga e magnanimamente, à sua disposição. Estando permanentemente com Ele, estaremos imunizados contra as tentações e as quedas morais. Para isso, dispomos de valioso arsenal defensivo que nos municia para os embates do mundo.  Nós não estamos desprevenidos e completamente entregues às quedas e tentações. Ao contrário: estamos muito bem armados para a defensiva e também para o “bom combate“.

Diz Almeida Garrett[3] (Espírito): “em primeiro lugar, temos, ainda, à nossa disposição nesse arsenal defensivo, duas “armas” infalíveis às quais podemos recorrer sempre em todos os momentos de nossa vida, mormente naqueles em que perigos maiores nos ameaçam. São elas: a meditação e a prece…”.

Com a sua habitual clareza de raciocínio, Joanna de Ângelis demonstra o quanto o homem necessita da meditação e da prece, a fim de saber agir e entregar-se aos objetivos superiores que a vida lhe destina, imunizando-o contra os vapores tóxicos dos erros e quedas…

Assim, a Mentora alinha em sublime paralelo a ação interativa desses recursos colocados à nossa disposição, os quais são, por excelência, inesgotáveis[4]: “a meditação abre espaço para a convivência com a prece, que lhe é irmã gêmea. A meditação aclara o raciocínio; a prece ilumina-o. A meditação acalma; a prece dulcifica.  A meditação fortalece; a prece sustenta. A meditação liberta; a prece conduz. A meditação realiza; a prece purifica. A meditação dilata os valores que dormem no ser; a prece canaliza-os para as realizações edificantes. A meditação eleva às regiões sublimes de onde procede o Espírito; a prece imanta-o às matrizes da sua origem e para cujo lar retornará. A meditação dá vida; a prece é combustível para a sua sustentação.

A meditação e a prece são instrumentos ao alcance de todos aqueles que empreendem a viagem de conscientização da sua realidade imortal.

Reserva-te o hábito da meditação e apoia-te no recurso da prece. Antes de tomares decisões, medita, e antes de agires, ora.   

A meditação te equacionará todas as dificuldades e a prece te concederá lucidez para a atitude correta.

Jesus, a cada passo, buscava o silêncio da Natureza, durante o Seu ministério, para meditar, logo Se entregando à prece, de cujo concurso retornava à convivência dos homens, a fim de conduzi-los, sofrê-los e amá-los sem desfalecimentos até o fim”.

Referências

[1] Jo., 9: 4 e 5.

[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 625.

[3] Almeida Garrett/Lacerda, F. Do País da Luz. 3. ed. Rio [de Janeiro: FEB, 1984, volume 4.

[4] FRANCO, Divaldo.  Momentos de Esperança. Salvador: LEAL.

O consolador – Artigos

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