Autor: Marcelo Teixeira
O período que vai de dezembro a fevereiro e o mês de julho vale para analisar um fenômeno que ocorre em muitos centros espíritas: o sumiço de trabalhadores devido às férias de algumas atividades. Claro que não estamos condenando quem sai de férias. Nada mais saudável do que aproveitar a época para viajar, descansar… Todo mundo precisa de férias.
Mas quanto tempo duram as férias de quem trabalha? 20 ou 30 dias. Findo esse período, a pessoa volta para casa, para o trabalho, mas não aparece no centro espírita se a atividade da qual participa ainda estiver de férias.
Trabalhadores de um centro fluminense foram certa vez testemunhas da seguinte cena: o coordenador de um grupo de estudos avisou que eles entrariam de férias, mas que a casa prosseguiria, como sempre, em suas atividades, e para que eles aproveitassem para aparecer e ajudar em outra tarefa, assistir a uma palestra… Uma integrante do grupo – evangelizadora de infância, por sinal –, disse o seguinte a uma pessoa próxima: – Ah, mas eu não apareço aqui nem que me paguem!
Será que ela estava dando graças a Deus que o grupo de estudos e a evangelização infantil estivessem saindo de férias para ela poder sumir por uns tempos? Será que ela frequenta o centro espírita contra a vontade? Não; ninguém é forçado a nada num trabalho voluntário. Ela simplesmente não enxerga o centro espírita como uma célula viva, na qual todos os trabalhadores e atividades devem agir de forma integrada. Para ela, o centro espírita é feito de compartimentos que não interagem. Como as atividades das quais participa iriam entrar de férias, o resto do centro espírita não lhe interessava.
Na declaração dessa colaboradora há um fato preocupante: ela é evangelizadora da infância; tem nas mãos a incumbência de passar às crianças a doutrina espírita e o amor pela casa espírita. Como as crianças vão assimilar esse amor se a evangelizadora parece não amar o que faz? Fico imaginando o que essa moça faria se as atividades que ela exerce tirassem seis meses de férias ou fossem extintas.
Quando soube disso, passei a observar a casa espírita que frequento e sondei com amigos de outras casas espíritas, inclusive de outras cidades e Estados. Constatei, chateado, que o fenômeno é comum. Pessoas que participam de atividades que entram de férias (grupos de estudo, mocidade, infância, coral, grupo de teatro) ficam meses longe do centro, indiferentes a ele.
Se a pessoa está de férias do trabalho e aproveita para viajar, ótimo. Todos nós precisamos sair da rotina de vez em quando. Também não estou dizendo que devemos frequentar a casa espírita de segunda a segunda. Afinal, temos diversos compromissos sociais e profissionais. Só que largar a tarefa como quem larga um fardo, sumir por meses e depois voltar como se a casa espírita tivesse deixado de existir por um tempo é lamentável.
Nas nossas férias, continuam as reuniões públicas, os passes, a biblioteca, a livraria, o diálogo fraterno… E quem mantém estas atividades funcionando no período são os abnegados de sempre, que trabalham por três para atender aos necessitados e interessados.
Se os que somem nas tais férias aparecessem de vez em quando, veriam que podem ser úteis em várias outras atividades e aliviariam a carga dos que nunca tiram férias do centro espírita. Além disso, novas frentes de trabalho poderiam surgir. Fica aí a sugestão.
O consolador – Ano 7 – N 365 – Artigos