Era originário de Chipre e foi considerado por Pedro como um dos Apóstolos, embora não fizesse parte dos doze. Seu nome era José, mas na Casa do Caminho o chamavam Barnabé, que significa filho da exortação.
Atos dos Apóstolos se refere a ele como o Justo e informa que ele vendeu um terreno de sua propriedade e doou o dinheiro à Igreja nascente.
Daniel Rops o descreve como Um homem bom, cheio de espírito e de fé. E de uma sabedoria também, como veio depois a mostrar. Cipriota de origem, falava, portanto, o grego, desde que nascera, mas, pela raça, pertencia à tribo de Levi.(…) 1
Devia ser oleiro, pois em suas andanças apostólicas, chegou a se empregar em uma olaria, a fim de prover a expedição de recursos.
Antes de se transferir definitivamente para Jerusalém, Barnabé tivera oportunidade de ouvir referências à grande coragem de Saulo, na Sinagoga de Damasco, logo após a sua conversão.
Tais informações seriam repassadas ao grupo dos homens do Caminho quando Saulo busca acolhida entre eles.
Por não conhecer Saulo pessoalmente, foi designado por Pedro para visitar o doutor de Tarso, em nome da Casa do Caminho, a fim de sentir a sua sinceridade. Barnabé, diz Emmanuel, (…) destaca-se por sua grande bondade. Sua expressão carinhosa e humilde, seu espírito conciliador, contribuíam, na igreja, para a solução pacífica de todos os assuntos.2
Com um sorriso generoso, ele procura Saulo, na pensão onde aquele se hospedara. Abraça-o e lhe dirige palavras afetuosas. (…) Em poucas horas sentia-se tão identificado com o novo amigo, quais se fossem conhecidos de longos anos.(…)2
Discreto, salda as dívidas de Saulo, junto ao hospedeiro. E o introduz na Casa do Caminho, levando-o pela mão.
Mais tarde, quando o ex-levita de Chipre foi designado por Simão Pedro para dirigir o núcleo nascente em Antioquia, a conselho desse, foi a Tarso buscar Saulo, para ser seu auxiliar.
Os pregadores mais destacados, na Igreja de Antioquia eram Barnabé e Manahen. Quando chegam as notícias das graves perseguições em Jerusalém, recolhidas as cotas de auxílio, Barnabé se prontifica a ser o portador à Casa do Caminho.
Acompanhado de Saulo, segue a Jerusalém, onde se hospedam em casa de sua irmã, Maria Marcos. Dali seguem, agora acrescida a caravana pelo sobrinho, João Marcos, adolescente, para a formosa cidade do Orontes.
Instado por Saulo, Barnabé se entusiasma com a ideia de levar o Evangelho aos gentios. Rejubila-se com as perspectivas e, como há muito tivesse necessidade de voltar a sua terra, para resolver uns problemas de família, propõe que se inicie o serviço apostólico pelas aldeias e cidades de Chipre.
Retornando a Antioquia, Barnabé expõe o plano aos demais companheiros. (…) Seus pareceres veementes eram mais que justos. Se perseverasse o marasmo nas igrejas, o Cristianismo estava destinado a perecer.(…) 5
O discípulo de Simão Pedro recebeu a aquiescência dos demais e, no momento da prece, (…) a voz do Espírito Santo se fez ouvir no ambiente de simplicidade pura, inculcando fossem Barnabé e Saulo destacados para a evangelização dos gentios.5
Iniciada a viagem, pelas localidades onde passassem, era sempre Barnabé quem realizava a oratória. A sua palavra era profundamente contemporizadora, com extremo cuidado de não ofender os melindres judaicos, o que nem sempre agradava Saulo.
Quando chegaram a Nea-Pafos, ele estava exausto. Nunca tivera tantos labores. Mas temia confiar a Saulo as responsabilidades do ensinamento.
Foi ali que, ao falar na Sinagoga, fez a apresentação do Evangelho com raro brilhantismo, diga-se, como verdadeiro e ardente inspirado. Tal foi a repercussão que passou a organizar reuniões em casas particulares, especialmente cedidas por simpatizantes da Doutrina de Jesus.
Impondo as mãos, ele e Saulo curavam as pessoas, orando e oferecendo água pura.
Foi numa dessas assembleias que, acreditando que o auditório presente não requisitava maior erudição, Barnabé resolveu pedir a Saulo que fizesse a pregação da Boa Nova, verificando então como o ex-rabino se transformara.
Após a entrevista com o Procônsul Sérgio Paulo, sua cura e os fatos extraordinários que observa, da parte do amigo, Barnabé deixa de ser o chefe da equipe. Torna-se nada mais do que um companheiro de Saulo, um membro da sua comitiva.
Em momento oportuno, sugere a Saulo a mudança de nome, e esse, em homenagem à conversão do Procônsul, toma o nome de Paulo.
Toda a grandeza de Barnabé toma vulto em seu posicionamento. Permite, de forma natural, que Paulo se evidencie, com a certeza de que nas tarefas do Cristo, todos somos servidores da mesma causa, dando aquilo que se pode, contidos apenas pelas limitações pessoais.
É o grande amigo de Paulo. Quando esse adoece, como em Antioquia de Pisídia, durante um mês trata-o da influência maligna da febre devoradora. De outras, lhe pensaria as feridas por apedrejamento, como em Listra.
Provavelmente já se conheciam e se estimavam antes da existência em que juntos viveram espalhando a mensagem de Jesus.
Em Listra, na Licaônia, com seu porte majestoso e viril, é confundido com o próprio Júpiter, o pai supremo das divindades olímpicas, que ali era venerado em suntuoso templo.
Mais tarde, enquanto Paulo partiria para o Tauro, Barnabé e seu sobrinho João Marcos retornariam para Chipre, a fim de cuidar da organização que ali fora fundada, na primeira viagem com Paulo.
Eram dois irmãos muito amados, que o Mestre chamava a diferentes destinos. Daí em diante, a História perde Barnabé de vista.
(…) Não é uma figura que se destaque por brilho invulgar na história do Cristianismo nascente, mas merece referência especial pela sua amizade e dedicação pessoal a Paulo e a Pedro. 1
Também pela grandeza de espírito, que se ocultou no anonimato para atender as tarefas preciosas junto aos desvalidos e necessitados da Boa Nova, permitindo que o Apóstolo tarsense se engrandecesse na disseminação das luzes do Cristo, buscando a gentilidade.
Referências
01.MIRANDA, Hermínio C. Os amigos. In:___. As marcas do Cristo. Rio [de Janeiro]: FEB, 1979. vol. I, cap. 4.
02.XAVIER, Francisco Cândido. Lutas e humilhações. In:___. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2002. pt. 2, cap. 3.
03.______. Lutas pelo Evangelho. Op. cit. pt. 2, cap. 5.
04.______. Peregrinações e sacrifícios. Op. cit. pt. 2, cap. 6.
05.______. Primeiros labores apostólicos. Op. cit. pt. 2, cap. 4.
Nota Juventude Espírita
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