Autor: Alfredo Nora (espírito)
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Meu Lasneau, não é bilhete,
Não é ofício, nem ata.
É o coração que desata
Meus pesares num lembrete.
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Lasneau amigo, esta choça,
Onde a carne, breve, passa,
Cheia de lama e fumaça,
É minúscula palhoça.
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A Terra, ante o sol da Graça,
É feio talhão de roça,
Detendo por balda nossa
Descrença, guerra e cachaça.
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Agora é que entendo isso,
Mas é triste a fé sem viço
Que o sepulcro impõe à pressa…
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Espere sem alvoroço,
Além da prisão de osso,
A vida real começa.
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Oh! meu caro, se eu pudesse
Dizer tudo o que não disse,
Sem a velha esquisitice
Que inda agora me entontece!
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Entretanto, é clara a messe
Da sementeira de asnice.
Perdi tempo em maluquice
E o tempo me desconhece.
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É natural que padeça
A minha pobre cabeça
Perante a Luz, face a face.
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Não me olvide em sua prece,
Desejo que a luta cesse,
Que a coisa melhore e… passe.
Nota
A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo
Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo