Autor: Felipe Gallesco
Existem jovens que atuam como trabalhadores nas casas espíritas e permanecem até em idade avançada. Já outros, começam entusiasmados a participar dos trabalhos e, em pouco tempo, deixam a casa espírita. Outros ainda que frequentam a casa, porém não se envolvem com as tarefas.
É importante conhecer os diferentes tipos de casos e, principalmente, saber como atuar em cada situação de forma a incentivar e manter o jovem ativo na doutrina, pois muitas vezes a falta de cuidado acaba dificultando a relação.
Sou trabalhador jovem e, participando de diferentes trabalhos, pude observar que alguns motivos de afastamento eram repetidos em diferentes locais, sendo os principais:
Saída/ Afastamento
- Dificuldade de conciliar os dias e horários de atividades na casa espírita com o emprego, colégio ou faculdade. Exemplo: reuniões que começam muito cedo ou trabalhos voltados aos jovens que ocorrem nos dias de semana. Geralmente somente no final de semana o jovem pode participar.
- Não tornar o tema estudado atraente ou interativo; fazer somente leitura de livro; não permitir tirar as dúvidas; não relacionar os assuntos com o cotidiano, são procedimentos que irão desestimular o jovem e, consequentemente, contribuir para sua saída. Pode-se criar uma caixinha de sugestões para receber apontamentos sobre como melhorar as atividades.
- Tornar o participante apenas um número e não contribuir para o desenvolvimento de laços sinceros de amizade pode afastar o jovem das atividades, assim como fofocas, brigas e conflitos, pois é natural do ser humano ter preferência em frequentar locais onde se sinta bem.
- Tratar o jovem como criança ou limitar seu campo de trabalho. Um exemplo clássico é o das casas espíritas que somente se lembram dos grupos de mocidade quando precisam apresentar alguma peça de teatro nas festividades, ou consideram o jovem inapto para aplicar algum estudo ou palestra na reunião pública.
Alguns motivos de afastamento não dependem de postura e ação da casa espírita. Segue alguns exemplos:
- Mudança de endereço. Mesmo trocando o local o trabalhador irá procurar outra casa espírita para participar, ou ainda, fundar um novo grupo no local novo.
- Não se identificar mais com as ideias espíritas. Este motivo também acontece e recomenda-se sempre respeitar o livre arbítrio do próximo.
Agora que foram abordados os principais motivos de saída, é importante destacar iniciativas que estão sendo feitas em diferentes casas espíritas e que trazem um resultado bastante positivo, como forma de incentivo.
Incentivo
- Convidar o jovem para ser trabalhador. Chame o jovem para ajudar na organização da infância espírita, limpar o centro, ajudar na organização de algum curso. Quanto mais envolvido ele estiver com o funcionamento da casa, mais útil e acolhido irá se sentir. Muita gente não ajuda simplesmente porque não foi convidada.
- Permitir a presença do jovem em algumas atividades consideradas “restritas” ao público em geral. Exemplos são as reuniões de diretoria e reuniões mediúnicas. A participação pode ser frequente ou ocasional, porém manter o jovem inteirado desses trabalhos pode estimular seu interesse em ir se preparando para, no futuro, assumir tarefas como dirigentes dessas atividades.
- Permitir que os jovens organizem as reuniões de mocidade sozinhos, quando sentem que não precisam de ajuda. Nesse caso, não há a necessidade da supervisão de uma pessoa mais velha, principalmente se não for convidada.
- Abrir espaço para criação de passeios e eventos por parte dos jovens. Existem muitos centros que a princípio aceitam de boa vontade esse tipo de iniciativa, mas criam tanta burocracia, que tornam inviável a sua realização. Exemplo: O grupo de mocidade tem intenção de realizar um estudo no parque. A casa concorda, porém, com a condição de que o evento ocorra um ano após a solicitação, devido ao cronograma já estar fechado, ou algo parecido.
- Entender que o jovem também erra! Principalmente por falta de experiência. Quando um jovem for convidado para fazer uma palestra no centro e, durante sua explanação, cometer um engano doutrinário, o papel da casa espírita é corrigi-lo, porém, de forma delicada e sem constrangimento. Além disso, propiciar ao jovem novas oportunidades de fazer palestras, pois somente assim ele irá aperfeiçoando seus conhecimentos e suas habilidades como palestrante.
É importante que o quadro de dirigentes e trabalhadores reflitam nos itens propostos e observem como o incentivo de jovens trabalhadores tem ocorrido na casa que frequentam.
Conforme melhor detalhado no texto: Falta de participantes na Mocidade Espírita, disponível no site e mensurado através da Pesquisa aos Espíritas 2018, existe uma defasagem de jovens nas casas espíritas, o que torna essencial o exemplo de incentivo aqui apresentado.
