Autor: Eurípedes Kuhl
Como o espírito vivencia o sexo
Neste artigo abordaremos os registros sexuais que o Espírito acumulou, em diferentes etapas da sua existência, ao longo de várias reencarnações.
Não estamos tratando do “hermafroditismo”, que é uma anomalia congênita excepcionalmente rara. Nem tampouco estamos nos referindo à “bissexualidade”, quando isso significar procedimento promíscuo.
Nosso enfoque busca as raízes e não frutos, sejam eles bons ou maus.
O energético sexual do Espírito ressoa nos nossos órgãos sexuais, formando o vetor principal do nosso procedimento, cuja rota é traçada pela somatória dos vetores secundários da personalidade.
Ocorre que todo ser congrega, simultaneamente, as duas tonalidades sexuais: a masculina e a feminina.
Para “machistas” ou “feministas”, difícil aceitar.
Acontece, porém, que isso já está cientificamente comprovado, embora desnecessárias seriam provas materiais, posto que de há muito essa certeza faz parte do conhecimento humano.
Carl Gustav Jung (1875/1961), discípulo de Freud, superou o mestre, indo mais longe no campo dos estudos do sexo e do inconsciente. Chamou de “animus” à imagem masculina e de “anima”, à imagem feminina.
Intuía o notável psiquiatra suíço que a criatura humana, tendo em seu bojo os dois componentes sexuais, sofreria transformações no seu arcabouço psicológico, consoante as fases da vida.
Faltou-lhe, como a Freud, incorporar a reencarnação aos estudos, para legar à humanidade, preciosa certeza científica desde então, pois, só posteriormente isso pôde ser comprovado, pelos modernos estudos de genética.
Segundo Jung, o homem entende que a mulher “é a mãe, a professora, a estrela de cinema, a esposa etc.”; para a mulher, o homem seria “o pai, o mestre, o herói, o artista, o atleta etc.”.
Um exemplo do forte conteúdo junguista e fonte de estudos psicológicos é o célebre quadro da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci (1452/1519), ali, a “Gioconda”, modelo, não teria havido − houve, sim, o “reflexo feminino” da alma do grande artista.
Se a presença do “animus” ou “anima” for acentuada, serão notados reflexos comportamentais:
- No homem: atitude de maior sensibilidade, fácil aceitação de ideias e mesmo humildade, sem subserviência; nele, o caráter apresenta delicadeza;
- Na mulher: tonalidade competitiva em discussões, na disputa de direção de empresas, no exercício de profissões tipicamente masculinas etc.
Tais reflexos, com base em equilíbrio espiritual, constituem poderoso campo de gravitação energética, com elementos ativos e passivos que levarão um ser à busca do outro, de sexo oposto como fonte complementar de suas existências.
Juntos, realizações e afirmações serão constantes.
Jung, contudo, não foi o pioneiro nesse campo. Antigas civilizações palmilharam essa mesma ideia.
Filosofia chinesa
Expressando o permanente equilíbrio entre o homem e a mulher, os chineses traduziram as polaridades opostas da natureza, denominando-as de Yin e Yang nada mais seriam do que zonas em que a alma transita, buscando aperfeiçoar-se, inclusive com utilização das forças sexuais.
Yin − nascimento, criação da criatura, início da consciência;
Yang − evolução, maturidade, luz.
Com alternância de trânsito nas duas zonas (o disco sugere movimento permanente e harmônico), a evolução e a harmonia serão alcançadas.
É assombroso o pressentimento dessa dualidade, exposto na figura acima, feita pelos chineses.
Existem várias interpretações para a representação acima.
Difícil excluir, de qualquer delas, o caráter sexual.
Sem esforço, podemos interpretar que os dois polos não contrastam, antes, interpenetram-se. Cada um sustenta essência do outro, harmonicamente equilibrados. Na masculinidade ou feminilidade imperante, age a contraparte, feminina ou masculina, respectivamente, sem domínio.
Civilização grega
No mito dos andróginos, apresentado por Aristófanes no banquete de Platão, eles (andróginos) eram seres bissexuados, redondos, ágeis e tão possantes que Zeus chegou a temê-los. Para reduzir-lhes a força dividiu-os em duas metades: masculina e feminina.
Desde então, cada um procura ansiosamente sua metade.
Tirando o que pensavam as civilizações, o próprio mito de Adão e Eva demonstra que, sozinho, o ser humano sente-se incompleto, sendo de sua natureza a união com alguém do sexo oposto.
E hoje a medicina afirma que, tanto quanto alimento, água, ar e conforto, o relacionamento sexual também é uma necessidade fisiológica, pressupondo a heterossexualidade.
O que diz a Biologia
Comprovante da bipolarização sexual num mesmo indivíduo, vejamos em que a Biologia pode nos ajudar:
- Machos e fêmeas são dois tipos de indivíduos que, no interior de uma espécie, se diferenciam em vista da reprodução; nas classes inferiores de animais, o seccionamento das espécies em dois sexos não é muito claro;
- Na natureza, nela própria, encontramos vários casos e indefinição de caráter sexual, macho ou fêmea:
- Entre os unicelulares – amebas, bacilos etc. – a multiplicação é fundamentalmente distinta da sexualidade, com as células dividindo-se e subdividindo-se solitariamente;
- Entre alguns metazoários (animais pluricelulares) a reprodução opera-se por fracionamento do indivíduo, cuja origem é também assexuada;
- Os fenômenos de gemiparidade (reprodução por meio de gemas) e de segmentação (divisão) observados na hidra de água doce, nos vermes etc., são exemplos bem conhecidos;
- Em muitos animais inferiores e particularmente em várias espécies de plantas, são encontradas células geradoras de ambas as espécies (macho e fêmea); a reprodução efetua-se ou por autofecundação ou por fecundação cruzada;
O sapo da família dos “Bufonidae” é um caso espantoso: encontra-se no macho adulto um ovário atrofiado, denominado “órgão de Bidder”. Se por algum motivo (castração, idade avançada, doença) as secreções hormonais masculinas diminuírem ou cessarem, os órgãos de Bidder passam a produzir óvulos e hormônios femininos. Tais óvulos podem ser fecundados e produzir descendentes normais;
- Os anuros (grupo onde se incluem os sapos) têm um equilíbrio muito sensível entre os sexos. Fêmeas velhas de certas espécies podem passar a produzir espermatozoides, tal como no exemplo acima, de total inversão sexual;
- Entre os mamíferos subsistem notáveis vestígios de bipotencialidade sexual: as glândulas mamárias no macho e, na fêmea, o “canal de Gartner” – o clitóris, lembrando um pênis atrofiado;
- Entre os vertebrados demonstrou-se que, fazendo variação hormonal, podia-se agir sobre a determinação do sexo, pois é sabido que certos hormônios são estimulantes, ao passo que outros são inibidores;
- O sexo do indivíduo é definido a partir da 6ª semana do embrião, com a chegada dos gonócitos (células de movimento) às gônadas (glândulas reprodutoras); esses gonócitos são potencialmente capazes de transformar as gônadas masculinas em ovários.
Por tudo isso, é bastante consistente a teoria científica que afirma a presença dos dois sexos na criatura humana, pois isso nada mais é do que o reflexo do panorama espiritual.
Essa teoria vem apenas confirmar o que há longa data preconiza o Espiritismo, quando diz que o mesmo Espírito reencarna inúmeras vezes, ora homem, ora mulher, estagiando tantas vezes em cada sexo, quantas sejam necessárias à aquisição de experiências que o levem à valorização global da vida.
Pois, em todas essas reencarnações, o Espírito era o mesmo.
- O que variou, em masculino ou feminino, foram os corpos (Grifo Nosso).
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