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Comunicar-se-á

Autor: Thiago Rosa

Quando surgiu o telefone, a mágica da comunicação fez-se presente. Com certeza você que tem mais de 50 anos achava incrível aquele treco gigante e pesado, com uma catraca fixada no meio de uma caixa preta e que girava para buscar chamar uma pessoa do outro lado da linha. No início a telefonista, depois a pessoa com quem gostaria de falar mesmo. Se você era uma criança neste período e sabia usar o aparelho telefônico, com certeza você era uma criança muito esperta.

Hoje em dia a tecnologia por onde trafega a informação, responsável por toda a comunicação do mundo, é milhares de vezes mais evoluída do que aquele aparelho pesado e robusto que poucas pessoas tinham. Ter um aparelho de telefone em casa era sinal de que você tinha um poder aquisitivo diferenciado. Poucos fios de cobre ornamentavam as ruas. Passado algum tempo, entre os anos 80 e 90, era comum ter fila nos orelhões espalhados pelas cidades para que as pessoas conseguissem se comunicar. No litoral, no período de férias, lembro que tinha hora para podermos comprar fichas, enfrentar filas e ligar para os parentes que ficavam na cidade grande.

Se naquela época os mais novos já sabiam mais ou menos manusear um aparelho telefônico, o que demonstrava sinal de esperteza, hoje em dia as crianças de apenas um ano de idade já acham estranho quando passam o dedo na tela da televisão e a imagem não muda.

São novos tempos, nos quais a informação tem um valor ainda maior. As crianças deste mundo novo estão acostumadas já com smartphones, tablets, games modernos, de gráficos exuberantes e uma internet cheia de bits e bytes recheadas de informação e conteúdo vasto. É o tempo das redes sociais, da interação rápida com qualquer canto do mundo em apenas alguns toques nas pontas dos dedos. Os aparelhos do passado tinham fio, eram presos à mesinha do telefone com a agenda de contatos do lado, com pouca mobilidade. Com aparelhos pequenos que cabem no bolso, e dados invisíveis que trafegam pelo ar, o mundo atual está viciado na comunicação. As pessoas não conseguem ficar um minuto sequer desligadas do todo. É uma dependência enorme. Um minuto perdido é uma eternidade para recuperar depois.

As tecnologias da informação que vieram para transformar o mundo fazem parte rotineira do mundo das crianças e dos jovens. Modernidade rápida que fez com que pais da época do controle remoto e do telefone convencional, ficassem atordoados com tanta coisa nova. Isso porque o portão, a chave e o cadeado de casa não ajudam mais a proteger os filhos das mazelas do mundo. A violência consegue entrar pelo ar, pelos fios, pela fibra óptica, pelos números binários que fazem a comunicação dos computadores e qualquer outro equipamento que permite acesso à internet, com o mundo.

E agora? Como proteger os jovens e os pequenos do mundo perigoso, que durante anos bastava colocar pra dentro de casa? Estar trancado no quarto, de castigo, não é mais sinal de solidão ou reflexão na vida. Em um país como o nosso que alcançou a marca de UM computador para cada duas pessoas, onde a velocidade com que os dados trafegam pelos meios de comunicação é cada vez maior e mais rápida, fica difícil obter algum tipo de controle. Para obter conhecimento e buscar novas oportunidades, é preciso enfrentar este mundo novo virtual e estar totalmente antenado. Para tentar algo eficaz de controle dos filhos, é preciso também entender destas novas tecnologias, algo que não é fácil e nem tão simples. Pais podem e devem ter muita dificuldade com isso, o que é normal.

Alguns pais mais moderninhos tentam enfrentar e conhecer mais deste cenário novo de redes sociais, sites e blogs que crianças ou jovens utilizam como maior meio de interação. Porém aí mora um outro grande perigo: por estarem nestes meios, se sentem mais confortáveis e liberam sem nenhuma restrição para que as crianças também façam parte. E será que elas devem ter acesso a meios tão adultos? Pessoas de má intenção existem em qualquer lugar. Pedofilia na internet é comum e pode acontecer de diversas formas. Redes sociais são os mais usuais para este tipo de crime. Não é à toa que as empresas de telecomunicações tem setores responsáveis para cuidarem da segurança e tentarem de alguma forma rastrear acessos a conteúdos duvidosos que tramitam na rede. A internet virou uma forma eficaz de se cometer diversos tipos de crimes.

É neste momento que uma tecnologia antiga, muito antiga, da comunicação pode fazer falta: o diálogo. O que também, como as tecnologias modernas, pode não ser tão fácil. Aí entra uma outra pecinha que é fundamental: educação, que também é uma tecnologia antiga, e que se bem usada pode fazer com que tenhamos sonos tranquilos e sem tantas preocupações. Entretanto, se ela faltou em algum momento, crianças e jovens podem ter dificuldades na hora de tomarem decisões e se protegerem de situações e pessoas com más intenções, que existem tanto no mundo real como no virtual. Não é preciso esperar que algo aconteça para tomar algum tipo de atitude. A maior forma de remediar é prevenir e prevenir é educar.

Fala MEU! Edição 87, ano 2012

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