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Conhecer-se

Autor: Wil Oliveira

Krishnamurti, filósofo, escritor e educador indiano em seu livro “Como viver nesse mundo” nos traz a uma reflexão sobre entendimento e libertação de nós mesmos: “(…) Eis porque devemos conhecer-nos, pois quanto mais uma pessoa se conhece, tanto mais amadurecida está. Só há falta de madureza na ignorância de si mesmo.” (p. 11)

Sabemos da necessidade de aprender a respeito de nós mesmos, de como realmente somos. E o primeiro passo para esse aprendizado, é perceber o que se passa em nosso interior, sem julgar o que deve ou não ser e sem nos vermos como errados. Porque é muito comum entre as pessoas, e ensinado nas religiões, que devemos buscar nossos “defeitos” e fazer logo a “correção”. Mas esse é um pensamento ruim, contra si próprio, pois todos nós somos Espíritos em progressão, não somos defeituosos!

Segundo o Espiritismo, fomos criados simples (sem complexidades) e ignorantes (sem conhecimento), e conforme evoluímos durante as existências, adquirimos complexidades, como formas e sensações, além de conhecimentos, desenvolvendo a mente e o intelecto, a sensibilidade e os sentimentos.  Por isso, o que é chamamos de defeitos, são potencialidades não desenvolvidas ou mal desenvolvidas. E o motivo de cada vida, é a busca por esse aprendizado e consequente desenvolvimento, proporcionando-nos, gradualmente, transformações e aperfeiçoamento; o quanto pudermos e da maneira que quisermos.

Em muitas situações, quando nos observamos, já vem o julgamento antes de tudo, e este vício impede-nos de ver quem e como somos realmente. E também, não é ver o que “deveria ser” ou o “que foi”, porém, olhar com “olhos de ver”, voltados primeiramente para o que realmente está acontecendo em si mesmo.  Isso requer ficar isento do hábito de alterar o fato ou de querer fazer algo com ele, mas nos pormos apenas a observar e ver o que realmente é.

Por exemplo, se voltamos nossa observação para uma flor, e fizermos isso sob a ideia que já temos sobre ela, essa ideia impede-nos de ver a flor como ela é de fato; ou seja, não nos permitimos olhá-la no seu absoluto. Quando realmente “olhamos”, estamos em comunhão conosco mesmos e em contato direto com a realidade existente dentro de nós. Esse ver-se, permite entrar em contato com o que realmente existe.

Outro comportamento prejudicial ao autoconhecimento é olhar somente para o externo. “Como é que o outro está? O que é que o outro está fazendo? Será que aquela pessoa é assim ou assado? Nossa, aquela pessoa é tão esquisita, tão estranha…” Essa postura de observar o que está fora de nós e esquecer de olhar a si mesmo, acaba por impedir o autoconhecimento, pois quando olhamos só para o externo, nossos pensamentos começam a ficar turvos, esquisitos, envolvidos por muitas coisas, o que nos perturba, irrita e logo começamos a criticar o mundo e as pessoas. Isso é um alerta de que existe alguma coisa errada e que é necessário voltar o olhar para nós mesmos. Cuidar de si…

Sendo assim, o caminho é cultivar “olhos de ver” para si mesmo, refletindo: “Como é que eu estou? O que eu estou fazendo? Será que sou assim ou assado? Como eu estou me relacionando com as outras pessoas? Será que não possuo esquisitices e estranhezas?”.

Além disso, é importante estar isento de julgamento e mais importante ainda, estar preenchido de um olhar amoroso e respeitoso sobre nós, pois somos a somatória de tudo o que já experimentamos nas múltiplas vidas e de tudo o que pudemos aprender; e foi da melhor maneira que conseguimos!

Então, é necessário um encontro profundo com o eu verdadeiro, pois apenas na hora que a gente se (re)conhecer é possível transmutar/transformar, com paz, naturalidade e na coerência conosco.

É sempre fácil e cômodo nos limitarmos na superficialidade. Mas ir além daquilo que que me limita é um passo para o autoconhecimento! E faremos isso observando os próprios pensamentos, sentimentos e ações com olhos de ver, com amor e respeito por nós mesmos.

Vale lembrar que cada um pode escolher o que pensar, o que sentir e o que fazer. Temos arbítrio, autonomia. Somos os únicos responsáveis por tudo isso, sendo essa a melhor maneira de trabalharmos nosso autoconhecimento.

E a partir do momento que o seu olhar sobre si mesmo se expande, você adquire mais liberdade. E além de se ver como realmente é, dá início a inúmeras transformações saudáveis, eminentemente suas e autênticas! Também, conquista mais momentos de harmonia e paz consigo mesmo.

Jornal do NEIE

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