Autora: Cristina Sarraf
O Livro dos Espíritos, 933 – Assim como, quase sempre, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, também o será de seus sofrimentos morais?
Resp.: “Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma.
É muito comum que nos encontremos em dificuldades que afetam o físico, o emocional, o profissional, o financeiro, o familiar e o espiritual, tornando a vida um desafio a cada dia que nasce.
No dizer do povo, tudo acontece junto e agora; desgraça pouca é besteira!
Há casos, e não são nada raros, em que os aparelhos elétricos estragam, objetos quebram, trazendo mais prejuízo, dor de cabeça e desânimo. “Tudo de ruim me acontece!” “Passei duas vezes na fila do azar!” “Deus me esqueceu!” “Que terei feito na vida passada, pra merecer isto?” “Muita gente me prejudica!” “Sou vítima dessas circunstâncias!” “Sofro perseguição de Espíritos maus!” “Ninguém faz nada por mim!” “Por que os bons Espíritos não resolvem isso, se faço preces, caridade e vou ao Centro?” “Nada dá certo pra mim!” “A maldade das pessoas reverte em prejuízo pra gente boa, como eu”. ”O mundo está perdido e o mal vence sempre!” “Como vou viver, agora?” “Nunca mais vou confiar em ninguém!” …
Queixamo-nos dos outros e das dificuldades que nos trazem; culpamos a economia do país, os governantes, a família, o patrão, os vizinhos, os parentes, o clima, a sociedade…. esquecidos de que toda queixa é confissão!!!
Só que saber não sendo sinônimo de ser, ainda estamos distantes de vivenciar o fato de que está em cada um de nós, toda causa das dores morais, sofrimentos, angústias, desânimos e desgostos que passamos.
Está em nossa forma de pensar e entender as situações, pessoas e a nós mesmos! Nossas crenças! Aquilo que validamos como verdade e que domina nossas ações e reações, automaticamente.
Temos agido por consciente reflexão???
Podemos culpar os outros, mas isso é terceirizar as responsabilidades, enquanto somos imaturos para ver a essência dos acontecimentos e nossa participação neles.
Façam os outros o que fizerem, não somos vítimas, nem coitadinhos e nem “inocentes nas mãos dos bandidos”. Nossa parte “nessa construção” está clara e óbvia, a quem tenha “olhos de ver”, como disse Jesus. Mas nossos olhos não veem quase nada, porque não podemos e porque não queremos. Ainda…
Claro que tudo depende das nuances do grau evolutivo de cada um, mas… quando esse fato puder ser nossa melhor compreensão da Vida, saberemos, com autorrespeito e bondade, nos ajudar a reinterpretarmos o que nos afeta, tornando-os experiências proveitosas e maturidade pessoal. Autonomia! Isso quando…
Por hora, basta que nos acostumemos a pensar que tudo começa em nosso interior e se materializa no exterior.
Por mais que não nos pareça ser assim, é! E a base desse entendimento vem do fato aceito de que somos indivíduos em evolução, individualidades com arbítrio. Ou seja, escolhemos, até sem perceber, tudo e a cada micro segundo, mesmo que essa escolha seja não escolher ou entregar a decisão a outrem.
No correr dessa vida, e vindo das anteriores, temos maneiras nossas, preconceitos, temores, forças, experiências bem e mal resolvidas… uma grande bagagem, que estando na memória ativa ou inativa, é o substrato daquilo que consideramos certo e que se constitui em nossa verdade interior. São as chamadas crenças – nada a ver com religião ou Deus – que nos comandam, até percebermos se estão nos levando a condutas errôneas, injustas e contra nós mesmos. Daí, é só trocá-las por outras, mais válidas e positivadas.
Se quisermos, claro! Se estivermos maduros para nos garantir nesse processo de renovação pessoal e aproximação com o estado íntimo de felicidade.