Autor: Marcus De Mario
Para a doutrina espírita, a família é de grande importância na formação da sociedade, pois ela é a porta de entrada e o esteio, a segurança, para os espíritos que reencarnam, naturalmente aqui considerando as famílias bem estruturadas, não somente do ponto de vista material, mas bem estruturadas do ponto de vista emocional, psicológico, em que o amor entre seus componentes se faça presente em todas as circunstâncias. Como esse quadro não é o que mais encontramos neste planeta de provas e expiações, em que seus habitantes oscilam muito no quadro evolutivo, dos mais inferiores aos mais superiores em relação uns aos outros, compreendemos a necessidade de se trabalhar o desenvolvimento do amor e a compreensão do papel e da missão da família no contexto social.
Desde o nascimento do Espiritismo, através das vozes dos céus, ou seja, das manifestações dos espíritos através de médiuns, temos ouvido incessantemente eles nos conclamarem a fazermos da família uma verdadeira escola de almas, onde o futuro da humanidade está em jogo, pois esse futuro é dependente da educação das novas gerações, o que é missão dos pais, portanto, da família.
Destaquemos para reflexão algumas palavras do espírito Benedita Fernandes, recebidas pelo médium Divaldo Franco, e publicadas no livro Terapêutica de Emergência, onde ela aborda questões muito importantes envolvendo o núcleo familiar:
“Santuário dos pais, escola dos filhos, oficina de experiências, o lar é a mola mestra que aciona a humanidade. Nele caldeiam-se os sentimentos, limam-se as arestas da
personalidade, acrisolam-se os ideais, santificam-se as aspirações, depuram-se as paixões e formam-se os caracteres, numa preparação eficiente para os embates inevitáveis que serão travados, quando dos relacionamentos coletivos na comunidade. Isto, porém, quando o lar, por sua vez, estrutura-se sobre os alicerces ético-morais dos deveres recíprocos, cimentado pelo amor e edificado com os materiais da compreensão e do bem.”
O texto é bem claro quanto à missão da família, do lar, e o que compete aos pais, no campo da educação. Devemos lembrar que o Espiritismo é defensor do desenvolvimento da educação moral, a que forma o caráter, por isso destacando-se como doutrina essencialmente educativa, o que levou o movimento espírita organizado a lançar na década de 1970 a Campanha Nacional de Evangelização Infantojuvenil, envolvendo os centros espíritas nessa nobilitante e urgente tarefa. Hoje, passados cinquenta anos, entendemos essa tarefa como Evangelização da Família, envolvendo igualmente os adultos. E estamos trabalhando para levar o conceito e a prática da educação moral para as escolas, numa visão pedagógica contemplando o espírito imortal reencarnado, e levando em consideração a necessidade de união entre pais e professores, na conjugação de esforços educacionais da família e da escola.
Destaquemos outro trecho da fala da benfeitora espiritual:
“São o comportamento, as atitudes, as expressões de entendimento fraternal e de responsabilidade que edificam o lar, formando a família, pouco importando as condições físicas do lugar em que toma corpo. A criança, que vive na psicosfera de um lar harmônico, no seio de uma família que se compreende e se ajuda, transforma-se no elemento seguro de uma futura humanidade feliz.”
Aqui temos ressaltada a importância e força do exemplo por parte dos pais, mantendo um lar harmonizado, independente das possíveis carências materiais. Mais importante é não ter carência afetiva. O ensino da cooperação, da fraternidade e da solidariedade são de vital importância na formação da criança, que logrará levar isso à sociedade na medida em que cresce e se torna adulta. Em outras palavras, no lar não pode faltar a manifestação do amor, tão bem ensinado e exemplificado por Jesus. É por causa dessa carência, que o egoísmo e o orgulho ainda preponderam na maioria das pessoas, causando tantos prejuízos.
Façamos mais um destaque do profundo texto espiritual de Benedita Fernandes:
“Todo investimento de amor que ora se dirija à criança é de emergência. Sem embargo, de igual necessidade é a educação dos adultos antes que assumam a responsabilidade da progênie, impedindo-os de transferir as suas inseguranças, descontroles, imaturidades, conflitos com que condenam o futuro a imprevisíveis desastres, de que já se têm mostras, a todos arrastando a irreversíveis situações de dor, que se alongam depois do desgaste físico, nos largos cursos da vida espiritual.”
De há muito tempo falamos da necessidade da formação dos jovens para o casamento e a constituição da família, mas não temos visto isso acontecer, a não ser nos arraiais das religiões, mas muitas vezes de forma distorcida ou ortodoxa, sem lograr êxito, ou com influência apenas local, sufocada pelo materialismo e despreocupação vigentes quanto à importância do lar, da organização familiar, da educação dos filhos, para o progresso da humanidade.
O investimento no amor é urgente, é de emergência. O amor é a base fundamental da educação, e onde o amor deixa de se fazer presente, as almas se estiolam, o bem se retrai, e o mal, tendo por causa o egoísmo, encontra terreno fértil para se expandir. Que possamos ouvir no fundo do nosso ser as palavras de Jesus, amando-nos uns aos outros, pois a felicidade e a paz encontram-se na aplicação do amor.