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Criança precisa de amor

Autora: Eugênia Pickina

– Os pais levam os pediatras demasiado a sério?
– Alguns sim, preocupam-se demasiado se o filho tem tosse ou se se passa algo sem importância. Em contrapartida, há muitos que não se preocupam que um bebé [sic] com menos de um ano passe dez horas diárias separado dos pais. Carlos González, pediatra 

Entrevista ao Observador, 26/5/2014

Por considerar que a repressão dos sofrimentos da infância define tanto a vida do indivíduo como perpetua mitos na sociedade, particularmente sempre recusei a crença de que o aprendizado vem do sofrimento.

Na adolescência, eu me perguntava se seria possível vasculhar a extensão da solidão e do abandono aos quais nossos pais e avós foram expostos quando crianças, eles que, diante de nós, na primeira oportunidade, faziam menção a uma imagem de infância feliz e protegida. Na realidade, quase todos eles passaram por castigos, maus-tratos e aos cinco anos já ajudavam, no mínimo, nos cuidados da casa ou dos irmãos menores…

Na minha vida adulta, levando a sério o respeito pelo fraco, provavelmente devido à minha sensibilização sobre o tema, insisto no fato de que o aprendizado vem do exemplo e da empatia.

Os olhinhos das crianças perseguem a mãe, o pai, incessantemente. A técnica de “deixar chorar” para não criar filho dependente, parte de um pressuposto violento e distorcido e apenas possibilita no ser em desenvolvimento o sentimento de abandono. A criança, por sua vez, perceberá pouco a pouco a situação e muito cedo desistirá de expressar suas próprias angústias.

No contato com pais, muitos me dizem que querem um mundo menos violento, menos desigual, mais pacífico. Porém, na maioria das famílias vige ainda a falta de empatia, a intolerância, a desatenção, em parte devido a histórias pessoais largamente ocupadas com a competitividade, a indiferença e o egocentrismo…

Privilegiar os vulneráveis, amar e acalentar a criança e mostrar-se solidário em situação de choro, de desespero, por exemplo, ajuda sem dúvida a construção de um mundo menos violento, mais cheio de amor.

Notinha

Carlos González, pediatra espanhol, defende uma criação cheia de amor e é autor de vários livros, incluindo o popular Bésame Mucho: como criar seus filhos com amor, editora Timo.

Esqueça os manuais que pregam “deixar chorar até dormir”, pois nenhuma criança ficará mimada por ter sido devida e justamente protegida e amada. O choro do bebê é a forma mais primitiva e autêntica de comunicação, então não ignore o choro do seu filho – em casa ou na rua, de dia ou de noite. Quem ama, cuida! E o cuidado pressupõe atenção, carinho, respeito, colo e aconchego…

O consolador – Ano 11 – N 559 – Cinco-marias

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