Autor: Marcus De Mario
Com relação ao Debate sobre educação promovido pelo Grupo Democracia e Cidadania, de Campinas/SP, que temos divulgado, a professora Selma Trigo, do Rio de Janeiro, enviou um post com profunda reflexão, que reproduzimos abaixo:
“Como educadora em exercício, e vivendo parte da minha profissão como Coordenadora Pedagógica, percebi durante todos esses anos de profissão, que a desvalorização da classe de professores não é responsabilidade somente dos nossos governantes, porque sabemos que em qualquer contexto da vida precisamos primeiro se autorrespeitar. E o que seria se autorrespeitar? É manter uma postura de verdadeiro educador, começando com a forma de se colocar diante da vida (pensamentos, palavras e obras) e em seguida, buscar o aprofundamento dos conhecimentos através de seminários, congressos, cursos, internet, leituras (através de compras de livros ou bibliotecas públicas), etc. Cada um de acordo com suas possibilidades. Dizer que ganha pouco e que não pode se aperfeiçoar é usar de um desculpismo próprio do acomodado.
O tempo não espera ninguém… Os que param nos conhecimentos iniciais, são ultrapassados até por seus próprios alunos que vivem no mundo da tecnologia.
Quantos professores ainda não se interessaram em aprender a lidar com o computador?
Hoje em dia, não existe mais motivo para dizer que não pode comprar um computador, pois existem lojas próprias que alugam por tempo de uso, num valor irrisório.
Para se ter uma ideia de como são os pensamentos, palavras e atitudes de nossos professores hoje em dia, é só entrar e ficar alguns minutos na sala dos professores. Muitos deles não se distanciam da postura atual dos nossos alunos e até da idade. INCRÍVEL!!!! A valorização do Ser não está na quantidade de dinheiro que ganha, nem na posição social que ocupa. A valorização do Ser está na essência dos conteúdos intelectuais e morais que emergem do interior de sua alma. Nós nos deixamos desvalorizar. Nós somos responsáveis pelo descredito por parte dos nossos governantes, pais e alunos. Fico só pedindo a Deus que os profissionais de “ouro” que ainda temos em nossa classe de professores, não desistam de ser EDUCADORES de verdade, como sempre foram. Desculpem-me, porém, é muito fácil indicar um culpado, pois assim abonamos a nossa consciência e responsabilidade. Respeito é conquista e não imposição. Façamos por onde reconquistar o espaço que um dia já foi nosso”.
Historicamente, no campo da educação, sempre fizemos uma caça às bruxas, procurando exteriormente à escola o culpado, ou os culpados, pela situação difícil, quase sempre isentando professores e gestores escolares de qualquer parcela de culpa pela baixa qualidade do ensino. Selma Trigo, como professora, faz um exercício de reflexão sobre si mesma e seus colegas, colocando o professor também no centro da discussão.
Vamos pensar nisso?