Autor: Wellington Balbo
A grande missão do escritor é se fazer entendido. De nada adianta vir à Terra com tarefa transcendental no campo literário e perder-se em divagações complexas depositando no papel verdadeiras charadas sem resolução.
Quanto mais simples o escritor, mais eficaz a transmissão de sua ideia. Todavia, um lembrete importante é não confundir simplicidade com mediocridade. A simplicidade pode caminhar ao lado da qualidade.
E quando se fala em escritor, simplicidade, missão e qualidade, é impossível não mencionar o nome de um francês que viveu no século XIX: Allan Kardec.
O inesquecível intérprete da espiritualidade foi um dos grandes filósofos de nosso planeta. Abordou temas profundos com simplicidade.
Incompreensível, portanto, quando comentam que ler Kardec é complicado! Ele é claro demais!
Dentre os diversos exemplos de clareza de ideia do notável pedagogo francês selecionamos um parágrafo que consta em A Gênese, capítulo “Os fluidos”. Diz Kardec:
“Tenha um homem a ideia de matar outro, embora seu corpo material esteja impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento, do qual reproduz todas as variações; executa fluidicamente o gesto…”
Exemplo simples e prático, compreensível para pessoas dos mais diversos níveis culturais.
Este é apenas um, pois a obra de Kardec é recheada de exemplos deste quilate. Não há como considerar seu legado difícil de entender. Espírito lúcido oferecia-nos pérolas preciosas de conhecimento de maneira didática e coerente.
O admirável codificador da Doutrina Espírita possuía a capacidade de encantar com suas palavras simples e profundas.
Isso precisa ser divulgado! A simplicidade que Kardec lidava com as palavras necessita chegar ao povo, desmistificando a ideia de que estudá-lo é complexo. Lembro-me do velho paradigma da matemática. Todos consideram estudá-la complicado, todavia, a dificuldade das pessoas não é em matemática, mas, sim, na interpretação de texto. Entende-se de forma equivocada um problema e sua resolução será obviamente incorreta. Portanto, fácil concluir que a dificuldade não está no cálculo, mas na compreensão do texto. É o velho paradigma da matemática que por vezes estende-se para a Doutrina Espírita.
Devemos considerar, entretanto, a importância do estímulo às obras da codificação. Aliás, a questão do estímulo compete ao dirigente espírita. Se o centro espírita não se aprofunda no estudo e pesquisa dos livros daquele que foi seu maior expoente é óbvio que o principiante nas lides doutrinárias o considerará difícil de entender. Tudo gira em motivar as pessoas a ler as obras de Kardec, pois assim, com certeza, o dirigente espírita cumprirá uma de suas muitas funções: aproximar o notável codificador do povo!
O consolador – Ano 3 – N 151 – Artigos