Autor: Maurício Moura
O que é o bem e o que é o mal? Independentemente do indivíduo para quem essa pergunta for dirigida, provavelmente teremos respostas similares. O mal é aquilo que nos causa algum tipo de prejuízo. O bem é aquilo que nos propicia benefícios.
Contudo, na maioria das vezes nos contentamos com a resposta e não paramos para analisar o fato concreto criador do ambiente em que ela foi gerada.
Imaginemos o caso de Anderson, morador de um bairro de periferia de uma dessas grandes cidades brasileiras. Um dia, Anderson chegou a sua casa depois de trabalhar mais de 12 horas apanhando papelão com seu carrinho e encontrou Dona Iracema, sua mãe, acamada e gemendo de dores no abdome.
Tratou logo de se banhar do jeito que deu, arrumou mais ou menos a roupa e os documentos da mãe, e andou escorando-a por cerca de 10 quadras até um Pronto-Socorro municipal, situado nas imediações de sua casa.
Chegando lá, aguardou por cerca de meia hora para um pré-atendimento, em que se verificou a pressão e a temperatura de Dona Iracema. Estavam alteradas. Logo o médico atenderia. Contudo, o tempo foi passando e acumulando mais e mais gente gemendo de dores. Alguns chegavam em situação de penúria, tal era o sofrimento.
A maioria das pessoas procurava se ajudar. Contudo, nada de algum médico atender.
Anderson começou a desesperar-se. Foi até o balcão e reclamou atendimento para a mãe. A enfermeira nem mesmo lhe dirigiu o olhar. Respondeu que não poderia fazer nada e entrou na sala ao lado, não mais retornando.
Anderson se lembrou de um amigo de infância que ajudava todo mundo no bairro. Era só pedir. Diziam que ele estava envolvido com crimes. Mas, a essa altura, se ajudasse a mãe… Quem sabe? Não custava tentar.
Deixou a mãe no pronto atendimento sob os cuidados de outra pessoa que também acompanhava um enfermo e foi ver o amigo. Em menos de uma hora, voltou acompanhado de dois outros rapazes mais ou menos de sua idade. Eles colocaram dona Iracema em um carro e a levaram para outro hospital, dessa vez, com atendimento particular. Era o apêndice. Ela foi atendida, passou por uma cirurgia e logo depois já estava em casa se recuperando.
O amigo, benfeitor do bairro, disse a Anderson: Fica tranquilo camarada. A gente tá aqui pra isso mesmo. Um ajuda o outro. Quando eu precisar, você retribui.
A sequência nós podemos imaginar, não é?
Agora, vamos lá ao primeiro parágrafo verificar, novamente, o significado de bem e mal.
E aí? Vamos continuar parados ou vamos começar a exigir políticas públicas sérias por parte de nossos governantes?
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