Autor: Maurício Moura
Há, sem dúvida, uma grande satisfação por parte daquele que se presta ao serviço voluntário. Seja ele educacional ou assistencial, não há coisa mais gratificante do que o sorriso de alguém que teve uma necessidade atendida. O acompanhante do enfermo que recebe, no hospital, um lanche para amenizar a fome e uma muda de roupas para se trocar depois de um banho, ou a criança que durante vários meses vimos se desenvolvendo na evangelização, sorridente, apresentando aquela peça ou o coral no final de ano… Como se diz, isso não tem preço.
Durante esses anos à frente da evangelização infantil, pude presenciar muitos exemplos de irmãos que chegaram dispostos a ajudar os carentes. Só depois de algum tempo na seara do Mestre é que se dão conta de que o maior beneficiado são eles próprios. Eu mesmo não escapei a isso. Inicialmente, convidado por um amigo a conhecer o serviço voluntário desenvolvido em um bairro carente da cidade, fiquei impressionado e compadecido com o sofrimento dos voluntários que, em pequeno grupo, atendiam cerca de duzentas crianças todos os domingos. Fiquei na intenção de ajudá-los. Após alguns meses e, com o coração já menos endurecido, percebi o sofrimento de muitos daqueles pequenos irmãos que ali eram atendidos. Só depois de alguns anos e com o coração realmente aberto, percebi que aquele que mais tinha sido beneficiado era eu mesmo, porque, afinal de contas, era quem mais precisava ser atendido.
Porém, com o passar do tempo, parece-nos que em alguns casos o coração volta a enrijecer. É quando alguns companheiros parecem se esquecer de que o trabalho voluntário é aquele feito com Jesus e não somente em nome de Jesus. O Mestre está conosco o tempo todo, nos acompanhando e orientando. Portanto, precisamos estar atentos às suas palavras, aquelas mesmas expressas no Evangelho.
Por isso, para que não haja dúvidas sobre a boa intenção das pessoas, é necessário que o voluntário saiba que há um código de ética a ser seguido: o voluntário serve à causa, e não se serve da causa. Ou seja, em primeiro lugar, os assistidos.
Infelizmente, há situações em que essa premissa não é respeitada. Lembram-se daquele caso mostrado na TV, durante a assistência aos desabrigados da chuva em Santa Catarina? Apareceram cenas de voluntários separando para si peças de roupas que eram destinadas às vítimas. Interessante notar que não se tratava de bandidos, como muitos disseram na época. Eram pessoas comuns que acreditavam que teriam direito àquelas peças porque estavam ajudando.
Não precisamos ir longe. Em muitos bazares da pechincha que organizamos, observamos esse tipo de comportamento. E, mesmo que o voluntário se proponha a pagar pelas peças, o objetivo é atender os carentes. Seria o caso de esse irmão se cadastrar como assistido e não como voluntário?
Cabe, muitas vezes, ao coordenador das atividades, de maneira caridosa, chamar a atenção desses irmãos para a falha que estão cometendo e, assim, possam obter um maior proveito do trabalho que estão desenvolvendo.
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