Autor: Marcus De Mario
Desde o ano 2000 o Brasil faz parte do compromisso Educação para Todos, assinado por mais de 160 países com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). O compromisso prevê o cumprimento de seis metas incluindo a universalização do ensino fundamental, a redução da taxa de analfabetismo e a melhoria da qualidade de ensino. Segundo relatório atualizado da Unesco, o Brasil está muito mal: ocupa a 88ª posição no Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE). Milhares de crianças e jovens estão à margem do processo educacional nas escolas brasileiras.
Não é de espantar. O governo federal dedica verbas vultosas para a construção civil, para a copa do mundo de futebol e para o ano olímpico no Rio de Janeiro, e não para a educação. Para esta gasta verbas em propaganda rádio-televisiva para dizer, através de artistas conhecidos do público, que a educação é o melhor legado para os filhos, carimbando a propaganda com o selo do compromisso Educação para Todos. Será este um caso de propaganda enganosa?
Continua o velho discurso da instrução, do ensino como sinônimos de educação. Ir bem na escola e ter os deveres escolares subsidiados pelos pais parece ser tudo de bom na educação, o que não é verdade. Isso não forma o homem ético que estamos procurando, desejando e solicitando. Não forma o homem moral, tão em falta em nossa sociedade.
Fala-se muito na corrupção e na alta carga de impostos que o brasileiro paga. O quadro não muda há décadas. Por que? É fácil a resposta: e o caixa dois? Reduzir impostos é tirar da administração pública verbas vultosas que hoje são desviadas para interesses individuais, de grupo e político-partidárias. A manutenção da corrupção é incentivada. Isso não é trabalhado pela educação, não é discutido na escola, até porque parte do professorado está envolvido nessa malha corruptora do caráter, da consciência.
Não há chance de mudarmos o quadro atual enquanto não houver foco prioritário sobre a educação, a verdadeira educação, que deve propiciar o desenvolvimento do ser integral e levá-lo ao fortalecimento do senso moral.
Insistimos na espiritualização e humanização da educação e, por consequência, da escola e do ensino.
O homem não pode ser medido pelo seu valor de produção econômica, pelo somatório de suas pós-graduações, ou por qualquer outra coisa que não seja o seu caráter, o seu eu, sua singularidade. Somente os valores internalizados desdobrados nas ações cotidianas coletivas podem medir quem somos, podem falar de cada pessoa.
O desenvolvimento da educação passa necessariamente pela visão integral do ser e da vida, modificando as metas propostas para os indivíduos e a sociedade, que passam ao patamar da espiritualidade do ser e da vida.
Temos uma década do compromisso Educação para Todos, e a triste constatação brasileira é que tudo continua como sempre foi.
Pensemos nisso!