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Doação de sangue: O evangelho do Cristo em ação

Autor: Américo Domingos Nunes Filho

Os jornais noticiam a todo o momento a necessidade do ato verdadeiramente cristão da doação de sangue, desde que os hospitais, principalmente os de emergência carecem do precioso líquido imprescindível à vida. Infelizmente, a ação doadora que deveria ser rotineira passou a ser exceção. Por quê? Como explicar, sob o ponto de vista espiritual, ser precisa a comunicação constante da mídia, convocando a população para se engajar na prática grandiosa da doação? Por que o descaso e a inércia diante do sofrimento alheio?

A Doutrina Espírita ensina que vivemos em um planeta, denominado de provas e expiações, correspondente a uma estância importantíssima, destinada ao nosso aprimoramento e aprendizado espiritual, desde que nos encontramos em uma fase incipiente na evolução do espírito, transitando essencialmente pelas trilhas da ignorância, presos ainda às algemas do desamor, cativos da insensibilidade e subjugados à tirania do egoísmo avassalador.

Como prepotentes e orgulhosos, nos julgamos proprietários contumazes do planeta, parecendo desconhecer que a nossa morada se apresenta insignificante diante da grandeza do universo. É importante considerar que a Terra é um ponto minúsculo em nossa galáxia, comparado a um pequeníssimo grão de areia no deserto, sabendo que a Via Láctea contém cerca de 200 bilhões de estrelas. Ao mesmo tempo a nossa galáxia, igualmente, se revela modesta diante da imensidade cósmica, constituída de 125 bilhões de galáxias.

Em verdade o universo espelha, em sua complexidade, beleza e harmonia, a existência de uma “inteligência” que não pode ser atribuída ao nada, ao acaso. Na realidade, a presença da Divindade Superior é imanente a todos nós, considerando-A como causa inteligente de todas as coisas.

Um mestre, que já possui a plenitude cósmica, disse que somos também deuses (João, 10:34) e que o Reino de Deus está dentro de nós (Lucas 17:21). Denomina Deus de “Meu Pai” e afirma que na casa de Seu Pai (universo) há muitas moradas (João, 14:2). Portanto, como filhos do Altíssimo e coirmãos de Jesus, somos herdeiros desse grandioso oceano de estrelas, responsáveis pela vida que pulula nos mundos incalculáveis que circulam no espaço infinito.

Como conquistaremos o universo? Pelas vias físicas é impossível, desde que, se fosse possível, viajar de um extremo a outro de nossa galáxia, na velocidade da luz, levaríamos 100.000 anos. Para chegarmos apenas à Andrômeda, a galáxia mais próxima da Via Láctea gastaríamos mais de 2 milhões de anos cruzando o espaço sideral.

Jesus disse que o seu reino não é deste mundo (João 18:33). Para compreender e habitar o universo, necessário se torna galgar os degraus da evolução espiritual, através das inúmeras oportunidades que a reencarnação nos proporciona.

O Novo Testamento diz que “Deus é Amor”. Para nos elevar espiritualmente, é preciso praticar sempre o bem, cultivando o amor nas terras áridas do nosso interior.

Paulo afirmou com muita propriedade: “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tamanha fé a ponto de transportar montes, se não tiver caridade (amor em ação) nada serei” (1º Co. 13:2).

O Cristo ressaltou que o óbolo da viúva foi ofertado com seu próprio sacrifício, já que sua dádiva foi retirada do seu sustento e lhe faria falta (Lucas 21:4). O Mestre reafirmou que o bem que façamos a outrem deve ser realizado em segredo, isto é, sem ostentação: “Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita (Mateus 6:4). Jesus também considerou que, além de amarmos o Pai, deveríamos amar o nosso próximo, assim como a nós mesmos (Mateus 22:38-39).

A doação de sangue está claramente contida nesses ensinamentos crísticos. Estaremos ofertando o que realmente possuímos, o que para muitas pessoas erroneamente faria falta a nosso organismo. Certamente os que têm medo de doar seu sangue fariam intenso sacrifício e sua dádiva seria análoga à de pobre viúva, citado no Evangelho. Ao mesmo tempo o próximo que receberá nosso sangue, que talvez seja uma forma de salvá-lo dentro de uma emergência médica, não tomará conhecimento de quem foi o “samaritano” que lhe doou o precioso líquido, vital para a sua sobrevivência.

Quem sabe estaremos em nosso lar, vivenciando um momento de desânimo e receberemos as vibrações de gratidão da vida, mudando todo o nosso interior? Quem sabe se desprendidos do corpo físico, durante o repouso noturno, estaremos presenciando e participando da vitória da caridade sobre o mal, em um leito de dor?

É importante frisar que a doação de sangue é realizada com material descartável, em bancos de sangue idôneos, sem possibilidade de se contrair qualquer enfermidade. Ao mesmo tempo quem doa sofre uma intensa renovação de seu sangue, tornando-se novos e saudáveis glóbulos sanguíneos. Outra vantagem é de nosso sangue passar por um verdadeiro “check-up” gratuito, onde o laboratório fará inúmeras análises, descartando muitas doenças latentes.

Queridos irmãos, vamos doar sangue!  Em nossos locais de trabalho e em nossas instituições religiosas incentivemos a doação, constando-a em nossos programas caritativos.

No livro “O Profeta”, de Gibran Khalil Gibran, encontramos um profundo ensinamento: “Vós pouco dais quando dais de vossas posses. É quando dardes de vós próprios que realmente dais”.

E, em nosso íntimo, ressoarão as palavras do nosso querido Mestre Jesus: “Em verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim mesmo que o fizestes.” (Mateus 25:40).

O consolador – Ano 2 – N 96

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