Autor: Wellington Balbo
O profeta, médico e pintor Mani – fundador do Maniqueísmo – nascido na Mesopotâmia, viveu no século III e sua religião teve milhares de adeptos, perdurando por mais de 1.000 anos.
Naquela distante época, Mani gozou de grande prestígio, atraindo inclusive a simpatia de reis como Sapor e Hormidas.
Mani tentou reunir as mais conhecidas religiões; Cristianismo, Islamismo, Budismo, Zoroastrismo, em torno do pensamento de que há um dualismo a reger as criaturas.
De um lado o Bem, de outro lado o Mal.
Duas forças antagônicas que se digladiam para controlar o universo; Deus e Demônio, Bem e Mal, Certo e Errado…
De ideias ambiciosas; pregava a igualdade das castas e a extinção dos privilégios das classes dominantes.
Obviamente que ao contrariar interesses dos poderosos, atraiu intensos inimigos. Não é difícil de imaginar o que aconteceu com o profeta.
Amigo leitor, Mani foi feito prisioneiro e entregue à morte pelo mago Kirdir e pelo rei Vahram.
Nos dias de hoje, embora o maniqueísmo tenha sido extinto como religião, trazemos impregnados à nossa maneira de pensar essa cultura dualística.
O governo é Mau.
O povo é Bom.
O governo diz que é Bom e afirma que Maus são os membros da oposição.
A oposição por sua vez, afirma o contrário.
O empregado se julga injustiçado e afirma que o empregador está errado, por sua vez, o empregador diz o inverso.
Cultivamos ídolos, admiramos pessoas, e quando estas não agem conforme o padrão que estabelecemos, afirmamos decisivamente que: não eram nada daquilo que imaginávamos, são lobos em pele de cordeiro!
Antes de mais nada, é bom que nos antenemos em um detalhe: somos criaturas em evolução, seres sujeitos a se equivocar nos caminhos da vida, não somos decisivamente maus, nem categoricamente bons, em realidade. Por hora, somos almas em busca do equilíbrio, todavia, é bom que nos lembremos que dia chegará em que o Bem e a verdade serão tônica em nossos pensamentos e atitudes.
Porquanto, para o amor fomos criados, nosso destino – a angelitude.
Porém, há questões que ficam nebulosas: Como distinguir o Bem do Mal? Como avaliar as situações para que nos aproximemos cada vez mais desse Bem agir?
Grande educador que foi, compromissado com o progresso do ser humano, Kardec auxiliou a jogar luz neste assunto, em “O Livro dos Espíritos”. Na questão de nº 630, o grande instrutor questiona os Espíritos Superiores:
630 – P – Como se pode distinguir o bem do mal?
R – O bem é tudo que está de acordo com a lei de Deus, e o mal, tudo o que dela se afasta; fazer o mal é infringir essa lei.
E voltando um pouco na referida obra, mais precisamente na pergunta de nº 621, vemos uma demonstração clara e simples de onde podemos encontrar essas leis.
621 – P – Onde está escrita a lei de Deus?
R – Na consciência.
Grande resposta, a lei de Deus não está escondida em recôndito local onde tem de se fazer prodígios para encontrá-la.
Ela está em nossa consciência, ou seja, ao nosso alcance.
Quando presenciamos pessoas dizerem: “Ando com a consciência intranquila, pesada mesmo”, nada mais é do que a cobrança interna para que se ajuste às divinas leis, e a consciência trata justamente de ser a bússola sinalizando o caminho a seguir.
E quando nos dispomos a consultá-la antes de proferir palavras ou tomar atitudes, começamos a dispersar o mal para nos aproximarmos do bem.
Não obstante as complicações e confusões que ainda existem em nosso planeta, o bem governa o universo; os pássaros continuam a cantar, as flores prosseguem a colorir, os frutos insistem em brotar, as pessoas seguem a renascer, o sol prossegue no seu intenso labor; a lua, romântica, ainda embala namorados…
O Mal é apenas um estado transitório que se dissipará da face da Terra conforme formos nos adequando às Leis Universais, acostumando-nos a disciplinar nossas ações em torno do bem coletivo, consultando a consciência, refletindo diante de dificuldades…
Demônios são fantasmas passageiros que nascem da materialização de pensamentos enfermiços.
Forçoso admitir, o Bem, este sim, é eterno!
O Bem que se expande através da fraternidade e do amor, do talento, da criatividade, do esforço por fazer progredir a humanidade, este perdura por séculos, milênios a fio, iluminando consciências e aquecendo corações.
Vejamos o exemplo admirável de Jesus, Buda, Thomas Edison, Isaac Newton, Albert Einstein, Charles Darwin, Platão, Sócrates e de tantos anônimos que seguem vestidos com o macacão da boa vontade…
Ideias, invenções, teorias que o tempo não apagou, ao contrário, tratou de dar base e consistência a esse aglomerado de benefícios.
Cultivemos a esperança no Bem, no amor, no ser humano, e tratemos de nos disciplinar no Bem agir, que fatalmente esse suposto dualismo desaparecerá!
Pensemos nisso!
Nota
Extraído do livro Lições da História Humana. Mythos Editora – São Paulo – SP.