Autora: Eugênia Pickina
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar
Nelson Mandela
O preconceito é construído socialmente, não nasce com a criança. A cada troca e interação, no convívio cotidiano, a criança absorve valores, normas, crenças, e compreende o mundo. Com isso, ela está totalmente disponível para aprender coisas importantes e valiosas. De outra parte, a criança está suscetível também a incorporar condutas sociais norteadas por preconceitos como o racismo, o machismo etc., e que passam, infelizmente, de geração para geração.
Todos nós, que somos pais/educadores, temos a oportunidade de ressignificar crenças e comportamentos, predispondo-nos a educar uma criança sem preconceitos. E como fazê-lo?
No dia a dia, em razão do convívio diário com a criança, o diálogo é muito importante. Muitas vezes a criança diz, por exemplo, que tem, na escola, um colega que ela rotula de ‘chato’ ou ‘diferente’. Aproveitar essa rica oportunidade para reforçar seu direito a escolher amigos de acordo com a afinidade, contudo ela deve sempre respeitar a todos. Reforçar que o respeito vem antes de quaisquer preferências é fundamental à educação de qualquer ser humano e futuro cidadão.
Levar o filho para conhecer lugares frequentados por pessoas diversas também ajuda o processo educativo da criança. Em feiras, museus, bibliotecas, parques, pracinha etc., ressaltar a diversidade presente no mundo, oferecendo à criança a chance de notar diferenças e, portanto, ir pouco a pouco compreendendo que é a diversidade que embasa natureza e sociedade.
Há pais que têm receio de apresentar o mundo para a criança. Obviamente, respeitando a idade da criança, desde cedo ela precisa aprender que os seres humanos são iguais, a independer, por exemplo, de raça, credo, etnia… Nosso mundo é permeado por distintas formas de expressão e é importante já na infância termos contato com os contrastes para desenvolvermos empatia, solidariedade, respeito, compreensão.
Por fim, ter coerência entre o que falamos para a criança e como agimos é primordial para o próprio processo da educação infantil. As crianças aprendem principalmente reproduzindo nossas atitudes. Então o primeiro passo para que o filho respeite o próximo é o pai ou a mãe reforçar atitudes respeitosas no cotidiano. É ser um exemplo positivo. De modo atento, determinado, sobretudo se o adulto responsável pela criança deriva de uma educação preconceituosa, procurar observar-se, evitando comentários irônicos e desrespeitosos sobre as pessoas. Na vida adulta, a autoeducação é ferramenta importante e contínua. Corrigir-se com insistência, pois sempre é tempo de aprender a deixar para trás os preconceitos. Tornar-se uma pessoa melhor sempre é alternativa inteligente e, em consequência, ser um adulto mais preparado para guiar um ser humano no começo da vida.
Notinhas
A palavra preconceito une o prefixo “pré”, que significa anterior, ao vocábulo “conceito”, que remete a significado ou juízo. Preconceito é um substantivo abstrato que designa o ato de julgar, isto é, de emitir-se um juízo ou uma sentença sobre algo antes de conhecer-se o que se é julgado. Julgar alguém pela cor de sua pele, por seu gênero, sexualidade, classe social, origem geográfica, aparência física, religião, deficiências etc. é uma forma de preconceito prejudicial para a sociedade.
O preconceito está em todo o mundo. Dependendo do lugar, certos tipos de preconceito podem ser mais intensos que outros. No caso do Brasil, por exemplo, os principais tipos de atitudes preconceituosas estão relacionados ao racismo (preconceito contra negros), machismo, misoginia, sexismo (preconceito contra mulheres), homofobia, xenofobia…
O consolador – Ano 14 – N 708 – Cinco-marias
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