Autor: Marcus De Mario
Nos tempos atuais ainda carregamos muitos ódios e pensamentos radicais, eclodindo em ações violentas, quer sejam elas físicas ou digitais, e as tentativas de solução não tem surtido o efeito desejado, pois estamos deixando de lado o desenvolvimento da cultura da paz, o que deve ocorrer tanto na família quanto na escola. E temos certeza que a mediação pacífica de conflitos é o melhor caminho.
Para que essa mediação pacífica possa surtir efeito contra a violência, precisamos nos desarmar do egoísmo, do orgulho, da prepotência, da vaidade, da hipocrisia, da indiferença, aprendendo a nos colocar no lugar do outro e a pensar no bem coletivo. Esse é o trabalho da educação: potencializar as virtudes, ou valores humanos, assim combatendo automaticamente os vícios e paixões que nos chafurdam na violência.
Educadores espalhados pelo mundo têm trabalhado pela educação em ética, educação em virtudes, educação em valores humanos, o que já fazemos há mais de vinte anos através da educação moral, mas ainda não conseguimos transformar o sistema que prioriza a formação intelectual e coloca em segundo plano a formação emocional. Com isso assistimos pessoas diplomadas, com formação acadêmica, tendo surtos odientos e matando outras pessoas em recintos públicos, mostrando que a formação intelectual não é garantia de um viver ético, solidário e pacífico.
E o que dizer dos cancelamentos, ataques e outras coisas que muitos fomentam através da internet? Estamos por demais violentos, sem compaixão, sem diálogo, vivendo uma guerra sem fim contra os outros por simplesmente pensarem de forma diferente do que pensamos.
Por tudo isso necessitamos da cultura da paz junto às crianças e jovens em seu processo de educação, assim como necessitamos reeducar a nós, adultos, em pacificação e atitudes éticas para com os outros. Se continuarmos a adiar esse trabalho vamos colher amargos frutos, ainda piores do que os de hoje.
Não é a segurança pública armada, nem as escolas cívico-militares, que farão a diferença na transformação para melhor da humanidade. O que irá fazer a diferença é uma ampla campanha educacional pela não-violência, pelo desarmamento de toda espécie, pela paz nas relações familiais e sociais, pela humanização da convivência.
Há mais de vinte anos ofertamos para as escolas o Programa Vivendo Sempre em Paz, coordenado pelo Ibem Educa, mas as escolas insistem em marginalizar e expulsar os alunos, ainda mais se forem oriundos de classes de baixa renda, moradores de comunidades consideradas violentas, a ponto de levantarem altos muros, gradearem as dependências internas, instalarem câmeras de vigilância, na prática deixando de ser uma escola para ser uma prisão, dizendo em alto e bom som às crianças e jovens: não confiamos em vocês, não acreditamos em vocês!
Essas crianças e esses jovens, explodirão em violências tanto na escola quanto na sociedade, pois estão com sua autonomia cerceada, ou então ficarão em depressão ou subservientes a um sistema que perpetua a violência.
Os educadores – pais e professores – precisam acreditar nas crianças e jovens, propiciando uma educação que liberte as consciências, desenvolva as virtudes, dê autonomia com responsabilidade, permita a prática da empatia, fomente a solidariedade e estabeleça a pacificação no relacionamento com o outro como um ato educativo capaz de erradicar qualquer tipo de violência.
Para que essa educação dê excelentes resultados, ela precisa que os educadores a apliquem primeiro consigo mesmos, pois somente que é da paz pode transmitir a paz.