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Educação para cidadania começa em casa

Autor: Marcus De Mario

Relendo o livro Quem Ama, Educa!, de Içami Tiba, encontrei este significativo pensamento: “Quando um filho ganha sem esforço um brinquedo, depois outros, e vai recebendo tudo o que quer sem despender um mínimo esforço nem um merecimento, acaba não valorizando o que ganha. Sem custos, os benefícios gratuitos aleijam o desenvolvimento dos filhos. A distorção educativa é que o filho se sente no direito de ter os benefícios e passa a exigi-los sem custo. A verdadeira educação é inspirar os filhos a lutar pelo que querem, fazer-se merecedores das conquistas que são premiadas. Os pais não devem dar tudo seguindo seus próprios desejos ou porque têm condições de dar, mas devem oferecer as coisas de que os filhos realmente precisam. É a partir da demasia que vem a desvalorização e o desperdício material e a falsa autoestima de bem-estar.”

Os pais não devem aceitar as birras dos filhos e acharem que se não fizerem suas vontades estarão traumatizando os filhos, se assim agirem na verdade estarão deseducando, deixando que crianças mandem em adultos. Dar limites e exigir responsabilidades é um ato de amor! Não se compensa falta de tempo presencial com presentes e mais presentes, fazendo-se sempre as vontades dos filhos, que se acostumarão a sempre pedir e querer mais, sem nada valorizar, afinal tudo cai em seus colos com facilidade e de graça, sem nenhuma contrapartida.

Muitas mães dizem não poder suportar o choro dos filhos, pois isso é de “cortar o coração”, ainda mais quando acontece em local público, com as outras pessoas olhando e julgando, normalmente a favor do filho, então, para encerrar a cena dramática em que se encontram, aquiescem ao filho: “tudo bem, para de chorar, vou comprar o brinquedo para você”. Esse comportamento somente reforça a chantagem que o filho aprendeu a fazer: é só chorar, fazer escândalo e repetir dezenas de vezes o que se quer e mamãe cede. E hoje em dia isso acontece também com o pai. Não é que os pais não tenham amor aos filhos, é que lhes falta conhecimento sobre educação e, portanto, atitudes firmes que disciplinem e corrijam, isso para o bem-estar futuro dos filhos, da família e da sociedade.

Os filhos precisam aprender a desenvolver esforço próprio para realizar conquistas. Somente irão ganhar o “prêmio” se tiverem mérito para isso; se souberem cumprir suas obrigações, sempre de acordo com suas capacidades; se souberem respeitar os limites que os pais devem lhes ensinar; se souberem ter comportamento adequado junto aos outros.

Para essa educação não adianta gritar, xingar, ameaçar, colocar de castigo ou partir para a pancada, tudo isso condenável e antipedagógico. Ameaças e violências podem assustar no primeiro momento, mas logo estarão acomodadas e superadas pela criança, que continuará, às vezes sutilmente, a elaborar estratégias para ganhar o que quer, pois aprende os pontos fracos do pai e da mãe, utilizando-os a seu bel prazer.

Os pais devem mostrar aos filhos que o próximo brinquedo somente poderá ser pego depois que o brinquedo abandonado estiver guardado no seu devido lugar. É assim que educam para a organização e disciplina. É assim que iniciam a promoção de um cidadão ético, responsável. E nada de guardar por eles. São os próprios filhos que devem guardar seus brinquedos, arrumar suas camas, auxiliar a limpar a cozinha depois das refeições, fazer seus deveres de casa trazidos da escola. Os pais devem auxiliar, mas não devem fazer por eles.

Se não agirem desse modo, os filhos vão se tornar adolescentes ou jovens e nada farão em casa, jogando tudo nos ombros dos pais, e assim farão igualmente na coletividade, com nada se responsabilizando e vivendo no imediato para si, sem pensar nos outros, tendendo a considerá-los culpados pelas suas frustrações na vida, quando a frustração é decorrente da má educação que receberam por parte dos pais.

A educação familiar para a cidadania e a ética, dos pais para com os filhos, é essencial, fundamental para termos uma sociedade mais solidária e honesta, agindo para o bem coletivo. Por isso recomendo que aqueles que não leram, e mesmo para os que já leram há muito tempo, devem todos fazer a leitura do excelente livro Quem Ama, Educa, de Içami Tiba, dedicado aos pais, e com o subtítulo “formando cidadãos éticos”.

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