Autor: Édo Mariani
Em todos os tempos os homens se comunicaram com os Espíritos. Consultando a história da Humanidade constatamos essa realidade.
As pitonisas mencionadas no velho Testamento, onde se registra a história de um povo, eram médiuns, por intermédio das quais os Espíritos se relacionavam com o mundo material.
No Novo Testamento também encontramos fecundo material de informações a respeito da mediunidade; no Evangelho de Mateus, cap. 16, v. 17, deparamos com as seguintes referências de Jesus que nos convidam à meditação sobre o ensinamento por Ele ministrado aos Seus discípulos: “Então Jesus lhes afirmou (referindo-se a Pedro): Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está no céu”. No v. 18 Ele continua: “Também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela”.
Entendemos com clareza que se não foi alguém de carne e sangue que se revelou a Pedro, só pode ter sido um Espírito e que a pedra da revelação sobre a qual Jesus edificaria sua igreja é a mediunidade, por intermédio da qual recebemos os ensinamentos necessários à evolução espiritual da Humanidade.
Assim sendo, não nos resta dúvida de que a faculdade mediúnica é o instrumento colocado por Deus entre os dois mundos, material e espiritual, para que o progresso daqui fosse inspirado e orientado pelos Espíritos instrutores mais elevados do mundo original que é o mundo dos Espíritos.
No sentido expresso da palavra, médium quer dizer intermediário, agente, instrumento.
Ensina Kardec em Obras Póstumas, parágrafo 6º, item 34: “O fluido espiritual é o agente de todos os fenômenos espíritas. (…) O desenvolvimento da faculdade mediúnica prende-se à natureza mais ou menos expansível do perispírito do médium. (…) Depende, portanto, de sua organização e pode desenvolver-se quando existe, mas não será adquirida se o princípio não existir”.
Aprendemos, portanto, com Kardec, que todos somos mais ou menos médiuns, mas, médiuns com faculdades para servir de intermediário entre os dois mundos, só os que nascem com a organização espiritual predisposta à expansão espiritual.
Estamos conscientes a respeito da existência da faculdade e quem são os médiuns. Estamos conscientes também de que existindo a mediunidade ela deve ser educada para sua boa produção em favor da humanidade. Resta-nos agora estudarmos sobre o uso dessa primorosa ferramenta que temos às mãos para o trabalho na seara do bem.
A mediunidade, portanto, não depende da evolução moral do médium, como aprendemos com Kardec.
É assim que muitas pessoas procuram o Centro Espírita quando sofrem alguns distúrbios psíquicos, depois de percorrerem consultórios de médicos especializados e de psicólogos, com o objetivo de se livrarem desses distúrbios, através do que chamam de desenvolvimento mediúnico. Julgam que desenvolvendo a mediunidade estarão resguardados do assédio dos Espíritos. Quando percebem que o tal desenvolvimento não acontece de inopino e que não conseguem o alívio almejado, se interrogam desanimados: Qual a razão de não conseguir melhorar? Qual a razão de continuar com ideias estranhas? Por que não consigo deixar de frequentar certos ambientes de onde me retiro em condições ainda mais amargas, mais infeliz ainda?
São preocupações de quem não compreendeu o que é ser médium. Julgam-se doentes quando a mediunidade não é doença. É sim uma espécie de sexto sentido a ser cultivado e educado para a prática do bem. Educá-lo consiste no conhecimento dos princípios da doutrina espírita e na renovação íntima.
Ao Centro Espírita cabe a tarefa de ajudar o neófito, fazendo-o compreender que antes do trato com entidades espirituais é necessário e muito mais importante aprender a viver bem com as pessoas com as quais priva através dos relacionamentos do dia a dia com quem convive e depois, então, sim, estará em condições de se relacionar com os Espíritos desencarnados.
Desenvolver a mediunidade com proveito e sem sofrimento, só depois de nos tornarmos verdadeiros cristãos, quando nosso esforço maior estiver voltado para a edificação do Reino de Deus no nosso coração. Para tanto é imprescindível a escolha por caminhar pela estrada estreita, esforços para a aquisição do bem, ter planos deliberados para uma existência proveitosa, aplicação com amor nas experimentações. Solidez nas convicções, vivência harmoniosa no conjunto dos companheiros de ideal espírita.
É nisso que consiste, segundo entendemos, a educação mediúnica. Sem essa elaboração introspectiva em estudar e amar fica difícil a companhia dos bons Espíritos, bondosos amigos nossos a nos assessorar nessa empreitada gloriosa de crescimento espiritual amando os semelhantes como amamos a nós próprios. Enquanto isso não acontecer, enquanto permanecermos vinculados aos prazeres fáceis que o mundo oferece aos desavisados, seremos eternos candidatos ao sofrimento pelos desequilíbrios psíquicos que tanto nos atormentam.
Tais desequilíbrios funcionam como chamamentos divinos a nos convidar para participar dos caminhos traçados por Jesus e assim usufruirmos as benesses da alma para as quais fomos criados.
Esforço e boa vontade são os ingredientes necessários para essa caminhada gloriosa ao encontro da felicidade tão sonhada por todos nós.
O consolador – Ano 4 – N 170