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Educando as próprias emoções

Autor: Marcus De Mario

É comum vermos pais e professores estressados e que não sabem mais o que fazer com seus filhos e alunos, pois estes não sabem obedecer, não têm limites, muitas vezes são violentos ou cheios de manhã e birra, são indolentes, preguiçosos ou muito acelerados. Aliás, para muitos pais e e professores a maioria das crianças têm problema de hiperatividade ou de transtorno de deficit de atenção, quando na verdade são mal educados, não sabem lidar consigo mesmas, com os outros e com o mundo.

Para bem educar filhos e alunos, pais e professores precisam fazer, antes de qualquer outra coisa, a educação emocional de si mesmos.

Quantos pais e professores não são acelerados, indolentes, individualistas, violentos, sem limites e manhosos? Quantos pais e professores não são viciados em celulares e redes sociais? Quantos pais e professores não são nervosos, mandatários e só sabem criticar? Quantos pais e professores não são indiferentes, egoístas e consumidores desenfreados? Quantos pais e professores não são emocionalmente frágeis, depressivos e dependentes de medicamentos? Quantos pais e professores não são radicais, sistemáticos e sem diálogo?

Sabemos por experiência que não basta ter muito estudo e conhecimento. Se isso bastasse a humanidade estaria bem melhor, mas não está, pois continua envolvida com corrupção, desonestidade, escândalos, violência de toda ordem, pobreza e miséria, injustiças sociais, preconceitos e discriminações, intolerâncias. Vivemos uma humanidade onde predominam os interesses pessoais ou de grupos em detrimento da maioria. O que está faltando? Está faltando sentimento.

Se pais e professores não fizerem esforços no autoconhecimento, se continuarem a não ver em seus filhos e alunos seres humanos dotados de inteligência e sentimento, continuaremos a assistir o tempo passar e as novas gerações entrarem no turbilhão social totalmente despreparadas e prontas para repetir o fracasso de seus pais e professores.

Infelizmente vemos pais e professores tentarem resolver os problemas e dificuldades de seus filhos e alunos transferindo-os para tratamento com psicólogos, psiquiatras, neurologistas e outros profissionais da ciência, esquecendo que, enquanto educadores que são, devem educá-los a partir de sua autoeducação.

Um exemplo vai aclarar nosso pensamento. Um psicólogo especializado em atender crianças e jovens recebeu um casal para uma consulta. O casal tinha um filho de oito anos que lhes dava muita dor de cabeça. Já tinham trocado de escola quatro vezes, além de ter encaminhado o garoto para tratamento psicológico e neurológico, mas tudo sem sucesso. Por indicação, estavam agora em nova tentativa. O psicólogo separou-os e entrevistou um a um. Depois chamou os pais para conversar, e a mãe, ansiosa, logo quis saber qual seria o tratamento para o filho. O psicólogo, muito calmo, informou que iria encaminhá-los para outro especialista. Surpreendidos, quiseram saber o motivo. E ele explicou, calmamente, que era especializado em crianças e jovens, e que o problema não era o filho, mas sim os pais, o casal que ali estava, e que muito necessitava de terapia. A criança apenas reagia ao descontrole emocional dos pais.

Pais e professores precisam realizar consigo o autoconhecimento e a autoeducação. Precisam educar suas emoções. Como querer bem educar seus filhos e alunos se são deseducados?

Na minha infância tive uma professora, que seria hoje do segundo segmento do ensino fundamental, pois ensinava Francês, que me causou severo trauma na época, me travou e me fez repetir o ano escolar. Ela era perfeccionista na pronúncia, e nos sabatinava individualmente na frente da turma, corrigindo-nos o tempo todo e no humilhando com críticas mordazes. Resultado: entrei em pânico e não queria “enfrentar” a aula de Francês. Como era uma escola pública e a professora era concursada, tive que tê-la novamente à frente no ano seguinte. Felizmente minha mãe tinha equilíbrio emocional suficiente para, com paciência, me orientar, me apoiar, e fazer com que superasse aquele trauma. E gosto da língua francesa e da França.

Pela professora e pela direção escolar eu teria sido encaminhado a um terapeuta, psicólogo ou psiquiatra, pois travava, ficava mudo, suava desproporcionalmente e tirava notas baixas, ou seja, devia ser portador de alguma disfunção mental ou orgânica. Na verdade eu tinha medo da professora, esta sim, necessitada de reeducação.

Aos pais e professores, um pedido: não esqueçam que para serem bons educadores é preciso primeiro se educar.

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