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Educando com Jesus na escola

Autor: Marcus De Mario

Temos aqui um tema sensível. Não é pacífica a aceitação de Jesus como educador e, muito menos, sua presença e aplicação na escola. Compreendemos muito bem essa apreensão, às vezes mesmo rejeição, pois as igrejas que se dizem representantes do Cristo deturparam seus ensinos, envolvendo-os em teologias dogmáticas sem racionalidade, afastando o Mestre do dia a dia da humanidade, encerrando-o em templos, cultos, sermões no âmbito religioso. Perdurando por séculos tal situação, e a escola sendo considerada laica, tivemos um distanciamento entre a escola e a igreja, entre a educação e a religião. Ainda nos dias atuais perdura o entendimento que Jesus faz parte apenas do ensino religioso, e que dele e do evangelho somente podem falar padres e pastores. Tudo isso reflete um grande equívoco que somente males trouxe para o ser humano, reforçando nele ideias ateístas e materialistas que cumpre sejam combatidas pelas funestas consequências que acarretam ao viver humano. Mas para que esse combate tenha eficácia é necessário gradualmente levar a educação para as ideias espiritualistas, da alma imortal e da vida futura, quando então entenderemos o amai-vos uns aos outros, saindo do egoísmo e do orgulho que ainda caracterizam grande parte dos homens e mulheres.

Cumpre entender que Jesus não fundou, não criou, nenhuma religião. O Cristianismo deve ser entendido como a doutrina, ou conjunto de princípios, ensinados pelo Mestre, como, por exemplo, amar a Deus acima de todas as coisas; amar o próximo como a si mesmo; perdoar tantas vezes quanto necessário. A elaboração do Catolicismo, e depois o Protestantismo, é obra dos homens e não daquele que já alcançou a perfeição espiritual e veio até nós para exemplificar a lei divina do amor. Os erros cometidos em seu nome o foram pelos homens, não pertencem ao Evangelho, que foi interpretado ao bel prazer de mil interesses ao longo do tempo, afastando o ser humano da verdade. Essa verdade é para todos em todos os tempos, é universal, e nenhuma religião pode se arrogar o direito exclusivo sobre ela. Uma doutrina que ensina o amor ao próximo, que mostra Deus como pai justo e misericordioso, que pede nos reconciliemos com o inimigo, que leva a fazermos ao outro somente o que gostaríamos que ele nos fizesse, entre outros ensinamentos profundos que geram paz, união, solidariedade, ética, pode ficar afastada da educação e, mais especificamente, da escola?

Não é o Cristianismo muito melhor que qualquer outra doutrina? E se é superior a qualquer outro pensamento filosófico, se é mais completo, perguntamos: não deveria o Cristianismo ser a base da educação integral do ser que somos? Mais uma vez: não estamos nos referindo ao catolicismo ou ao protestantismo, ou a qualquer outra denominação religiosa cristã; estamos nos referindo aos ensinos morais de Jesus que compõem o Cristianismo. Esses ensinos não são exclusivos dos representantes religiosos, são de alçada de toda e qualquer pessoa. São ensinos que, aplicados na educação familiar e na educação escolar propõem uma revolução, uma transformação da humanidade.

Ao professor que segue uma religião formal, que acata seus princípios, cultos e rituais, nosso mais profundo respeito, entretanto ele não pode impor os mesmos aos alunos, não pode deturpar a ciência em nome de uma fé dogmática e cega. Não pode fazer da sala de aula, que melhor seria um espaço de aprendizagem coletiva, um templo da sua religião. O professor deve ser neutro o mais possível, mas sem dúvida o professor católico, assim como o professor protestante, que aqui no Brasil chamamos de evangélico, terão mil dificuldades para isso, pois suas doutrinas são em muitos pontos irreconciliáveis com a ciência e com a melhor pedagogia, e também com o puro Cristianismo. É por isso que notamos nesses professores tendências doutrinárias muito fortes em seus discursos e suas posturas, cada um entendendo Jesus e o Evangelho por uma ótica diferente, acreditando que sua doutrina é a salvação para a humanidade, assim deturpando o trabalho escolar e as verdadeiras finalidades da educação. Isso também vale para o professor que não acredita em Jesus e nenhuma ligação tenha com o Evangelho, pois não deve falar do que não conhece, não deve desdenhar ou combater o Cristianismo tomando-o pelo catolicismo ou pelo protestantismo. Que veja falhas, lacunas e pensamentos não racionais nessas doutrinas religiosas humanas, dele não discordaremos, mas que, após consciencioso estudo, tente apontar falhas nos ensinos morais do Cristo, o que até hoje, passados mais de dois mil anos, ninguém conseguiu.

Todos os ensinos morais de Jesus têm por base três princípios. Tudo o que ele ensinou e exemplificou seguem esses três princípios, assim enunciados:

  1. Amar a Deus acima de todas as coisas.
  2. Amar ao próximo como a si mesmo.
  3. Fazer ao outro somente o que gostaria que o outro me fizesse.

Como vemos, são princípios universais e que não pertencem, com exclusividade, a nenhuma religião. São princípios de ordem moral e de relevantes consequências morais para os homens e a humanidade. Colocados em prática, vivenciados no dia a dia, estabelecem uma nova ordem nas relações de convivência, geradora de harmonia, equilíbrio, cooperação, paz e felicidade. Perguntamos: por que não podem ser trabalhados na escola?

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