Autora: Anabela Sabino
A razão de se nascer criança é poder ser educada novamente, cabendo aos pais apresentar-lhe novamente o mundo.
Ao desenvolver a espiritualidade em nossas crianças, as instrumentalizamos com recursos de imensurável valor, capazes de preencher o vazio existencial no qual parte da humanidade se perde.
Quando nos colocamos no centro de tudo, com a limitação materialista do existir, mais facilmente incorporamos o papel de vítima e viver pode ficar insuportável.”1
Crescer sentindo-se parte de um projeto maior, dá sentido e significado ao existir, apoio valioso para as inseguranças da adolescência, para o enfrentamento dos desafios da vida adulta e fortalece a fé para a boa colheita, na senectude, de tudo que se plantou.
Muitos pais questionam qual a idade ideal para iniciar a religiosidade e os conceitos espíritas em seus filhos. Quando o corpinho da criança está em formação no útero materno e o espírito, a este vinculado, sente reverberar as vibrações de amor entoadas pela oração materna em seu benefício – ali se inicia a educação do espírito para voltar-se a Deus.2
Os pais podem apresentar aos pequeninos o “Papai do Céu,” aproveitando as situações corriqueiras para agradecer e louvar ao criador pela flor que nasceu no jardim, pelo sol, pela chuva… No ritual que antecede ao dormir, incluir a presença consoladora e terapêutica do “anjo da guarda”, espírito amigo, escolhido por Deus para guiá-la e protegê-la, a quem pode recorrer quando tiver um sonho ruim e em outras situações difíceis. Em várias situações a criança se depara com a morte, a morte da formiga, do bichinho de estimação, avós ou tios, e logo virão os questionamentos motivados pelo desejo de saber mais a respeito: Ele está dormindo? O que vai acontecer com ele? Ele vai voltar? Ele sente dor, fome e frio? Neste processo sucessivo de pequenas informações a criança aprende que “a morte é uma passagem para o outro mundo – invisível para nós, mas tão real quanto o nosso para o espírito. Nesse mundo quem chega é recepcionados por parentes e amigos que lá estão, assim como somos recebidos na Terra ao nascermos.3” Confortador saber que no tempo certo todos os queridos estarão juntos novamente.
Simples assim… Aumentando a complexidade dos conceitos de acordo com a evolução da maturidade e experiências da criança.
A razão de se nascer criança é poder ser educada novamente, cabendo aos pais apresentar-lhe novamente o mundo. Que esse novo olhar seja uma construção para a vida eterna, e não, unicamente para os sucessos da vida terrena.
Agradeço o convite para dar o meu recado aos pais sobre a educação do espírito e rogo à espiritualidade que está no comando deste empreendimento, inspiração para poder contribuir com pequenos apontamentos que possam ser úteis4.
Referências
1 Sabino, Anabela- Educando com Sabedoria Espírita, 1ª edição, 2024, Boa Nova, Catanduva, capítulo 24, pg.75.
2 Educação do Espírito durante a gestação: Youtube Anabela Sabino
3 Sabino, Anabela – Educando com Sabedoria Espírita,1ª edição,2024, Boa Nova, Catanduva, capítulo 44, pag.139.
Revista Educação Espírita – Ano 1 – Número 2