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Educar e disciplinar os filhos

Autora: Eugênia Pickina

Cérebros brilhantes também podem produzir grandes sofrimentos. É preciso educar os corações.

Dalai Lama

Quem dirá que educar é fácil?

Aprender a educar e a disciplinar os filhos é realmente um dos maiores desafios dos pais. E como todo desafio, exige dedicação, atenção, esforço.

O filho errou? Considerar castigá-lo é, no geral, ineficiente. E isso porque o castigo serve para quem aplica, mas o filho não aprende nada.

Qual é o papel dos pais? Quando o filho comete um erro, os pais podem ajudá-lo a fazer uma autocrítica do seu comportamento, considerando a natureza e as consequências do seu erro. No caso de uma mentira, por exemplo. E dar tempo para que ele próprio seja capaz de refletir sobre o que fez.  Depois, orientá-lo sobre como reparar o dano, e para ir tomando consciência a respeito de ato e consequência.  

Quando o pai ou a mãe vê o filho empurrar uma outra criança no parquinho, um exemplo de resolução de problema: “Você empurrou o amiguinho. Mas, o que pode fazer agora?” Assumir essa atitude põe o adulto ao lado da criança. E essa relação de proximidade e confiança, por sua vez, instiga, desde cedo, a criança a considerar a natureza do próprio erro e a solucionar o problema, ou seja, a lidar com os equívocos, no lugar de julgar os outros ou querer buscar culpados. O foco aqui está, portanto, na solução.

Em vez de punições descabidas, os filhos precisam de práticas educativas que reforcem um comportamento moral, como aprender sobre honestidade, justiça, gentileza, empatia, espírito cooperativo.

A ideia de uma família funcional implica o filho, desde o começo da vida, poder expressar sua opinião e ser ouvido. Ele tem direitos e obrigações. Pois ser filho não significa poder tudo, sem limites. O direito de participação, de convivência, pressupõe também o respeito pelos demais.

Diálogo é requisito fundamental no cotidiano familiar. Os adultos precisam avaliar se se comportam de maneira adequada, pois a autorreflexão é essencial para aquele que busca ser um bom pai ou uma boa mãe. Educar é, de fato, trabalhoso. Envolve, para o pai, para a mãe, para quem educa a criança, o trabalho consigo mesmo e a disposição diária frente ao filho e suas necessidades. O exemplo, portanto, é fundamental.

Três equívocos que pais e mães cometem ao disciplinar os filhos:

Usar o medo como ameaça

O medo nunca é ferramenta educativa, pois ele não serve para estimular uma criança aprender o que ela deve ou não fazer. Além disso, educar pelo medo produz um ser humano pouco resiliente e debilmente autônomo.

Impor punições ilógicas ou desproporcionais

A depender do erro do filho, e de modo impulsivo, muitos pais impõem punições desproporcionais ou descabidas ao comportamento da criança ou do adolescente: “você só irá ao parquinho no fim do ano”; “você ficará três meses sem jogar videogame”; “você nunca mais vai tomar sorvete” etc. Essas punições fantasiosas não ajudam a criança a se tornar obediente porque jamais serão cumpridas – os pais acabarão levando o filho ao parque antes do prometido; a criança certamente voltará a tomar sorvete etc.

Gritos

Quando você grita com seu filho ele não ouve o que você “está dizendo” (e isso porque, no início da experiência com os gritos, ele sente medo). Se o grito é usado com frequência, com o tempo a criança/adolescente passará a não reagir a eles. Os gritos se tornam inócuos e, pior, poderão ser aprendidos, pois, na hora de educar, o modelo inspira mais do que o discurso…

O consolador – Ano 15 – N 731 – Cinco-marias

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