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Em louvor ao líder incompleto

Autor: Norberto Tomasini Junior

USE-Distrital Tatuapé

De acordo com o texto “Em louvor ao líder incompleto” de Deborah Ancona, Thomas Malone, Wanda Orlikowski e Peter Senge, Harvard Business Review, 2007, os líderes precisam ser tudo e mais um pouco para a organização, não podem possuir características consideradas como defeituosas, que devem vir completos, sabendo de tudo, fazendo de tudo e conquistando a todos.

Em decorrência desse fato, muitos têm medo de se expor, de falarem que não sabem de tudo e que têm defeitos e fragilidades, que são líderes incompletos. Somente quando se aceitarem e reconhecerem que precisam de ajuda eles passarão de centralizadores a colaboradores. Portanto, os líderes incompletos que não reconhecem suas limitações e podem colocar as organizações em risco.

Para estes autores, a liderança é formada por um conjunto de quatro processos: a construção de sentido, a capacidade de se relacionar, a visão e a invenção (curiosidade), e que poucos líderes dominam o conjunto completo desses processos.

A construção de sentido é a definição pelo líder de onde a organização (centro/órgão) está nesse momento, o entendimento do contexto do ambiente externo e da situação atual interna. A análise das variáveis internas e externas que afetam a organização significativamente envolvem a análise de sintomas mostrando fragilidades e positividades relacionados: Com muita franqueza perguntar ao grupo? quais os pontos de melhoria. – Ex: como está hoje a nosso Departamento de infância? Estamos com educadores preparados? Qual o contingente de crianças? – Nosso Departamento de Mocidade, estamos dando todas as possibilidades de engajamento deles nos trabalhos? Estão integrados com a casa e causa? – Qual a idade média de nossos diretores e dirigentes? Estamos pensando em um plano de sucessão? Com perguntas abertas o líder deve ajudar a dar sentido para os trabalhos, incorporando a participação do time na criação planos de ação para a melhoria e evolução imediatos dos pontos, criando um senso de pertencimento e responsabilidade com as atividades.

A capacidade de se relacionar é a habilidade de estabelecer vínculos com outras pessoas, mesmo que elas não compartilham da mesma opinião da liderança. Segundo os autores é imprescindível para boa liderança, na era atual, que se forje relações na base de confiança e que para isso se deve inquirir, advogar e conectar.

Para inquirir o líder deve ouvir quem está falando e não julgar a opinião alheia, já advogar é o contrário disso, é emitir sua opinião sobre tal assunto.

Um bom líder deve equilibrar os dois lados. O terceiro aspecto, é pura e simplesmente a construção de uma rede de contatos, o networking, para ajudar o líder na hora de tomar decisões complicadas. Neste ponto para líder ter a capacidade de se relacionar com seu time deve exercitar a escuta ativa deixando seus liderados apresentarem seus pontos sem julgamento prévio, tanto da pessoa como da ideia. No entanto deve apresentar sua opinião ao grupo como um membro em condições de igualdade.  Já a rede de relacionamento o líder espírita deve estar conectado com o  movimento espírita, conhecer outros lideres, ter a capacidade de buscar conexões para obter novas visões e opiniões, esta troca na minha opinião é um dos maiores benefícios do movimento espírita, pois este compartilhamento só faz crescer o conhecimento e as relações.

A visão é a construção contínua de um significado do que o líder deseja que o futuro seja, criando uma imagem coerente e contundente do futuro, junto com seu time. Na produção de sentido o que importa é a construção de um mapa da realidade, na visão o mapa traçado é o daquilo que poder ser — o devir. Isso vai muito além do que o gesto de pregar na parede uma declaração de visão. Uma visão compartilhada não é algo estático, mas um processo contínuo de estrategização. Assim como construir um sentido, formular uma visão é um processo dinâmico e colaborativo de articulação daquilo que os membros de uma organização querem criar juntos.  Quem não gosta de imaginar um futuro promissor? Cabe a líder pensar neste futuro e dividir com grupo discutir pedir opiniões de tempos em tempos em reuniões de 1 a 1 (Feedback) e reuniões com time, nestas todos podem compartilhar suas visões de onde a organização deve estar no próximo ano, em 2 anos em 3 anos… A visão compartilhada pelo líder ajuda a alinhar os liderados em torno de objetivos comuns. Ex: Como queremos que nosso Departamento de infância esteja em 3 anos?  Quantos Jovens de hoje teremos em posição de liderança na casa/órgão nos próximos anos? Como iremos transferir a nossa liderança atual aos líderes que estão sendo preparados neste momento?

Já a invenção é tirar do plano das ideias, executar a visão construída pelo líder, implementando processos e enfatizando que tal processo muitas vezes requer criatividade a fim de ajudar as pessoas a encontrar novas maneiras de trabalhar juntas. Para operacionalizar a nova visão, as pessoas devem deixar de agir como sempre agiram. É preciso conceber, projetar e colocar em prática novas maneiras de interagir e organizar as atividades na organização.  Ex: Como podemos melhorar nossas atas da casa, pois a mais de  50 anos desta forma não podemos ter uma forma mais moderna? O processo de ensino (Infância, Juventude e Cursos) está atualizado pedagogicamente para esta geração de crianças, jovens e adultos?  Como melhorar recepção de pessoas iniciantes?, etc…

Nem todo líder será bom em todas as quatro perspectivas, por isso deve sempre levar em conta, na hora de buscar alguém, a escolha de pessoas para o time com potencialidades e habilidades adequadas e diferentes da dele, que somem novas habilidades e potenciais ao grupo para coexistirem mais ideias melhorando e enriquecendo as discussões. Aqui a capacidade de autoconhecimento do líder é muito necessária para saber seus pontos fracos e buscar pessoas que completam estes pontos devemos evitar termos somente pessoas iguais a nos que pensam de forma igual.

Os autores oferecem uma lista para o leitor identificar e fazer autoavaliação de como podem reconhecer se são deficientes em alguma das perspectivas descritas, consideradas como sinais de baixo poder de fazer sentido, de se relacionar, de criar visão e de inventar.

Sinais de baixo poder na construção de sentido:

1.   Se você acha que todos estão sempre errados e a sua opinião está certa;

2.   Se você acha que é o único que consegue explicar o que está acontecendo;

3.   Se você é sempre o último a saber das mudanças pessoais ou organizacionais;

4.   Se você fica frustrado toda vez que mudanças ocorrem.

Sinais de baixo poder na capacidade de se relacionar:

1.   Se você coloca a culpa nos outros quando um projeto dá errado;

2.   Se você nunca está satisfeito com as suas expectativas em relação à outra pessoa;

3.   Se suas relações na organização são estressantes;

4.   Se você, quando pensa nas pessoas da organização, acha que não são dignas de confiança;

Sinais de baixo poder de criar visão:

1.   Se você acha que seu trabalho é sempre resolver uma crise;

2.   Se você acha que não tem um sentido maior o que está fazendo agora;

3.   Se você sempre se pergunta o porquê está fazendo isso ou qual a importância desse trabalho;

4.   Se você nunca comenta sobre seu trabalho com alguém de forma animadora.

Sinais de baixo poder na habilidade de inventar:

1.   Se a visão da organização em que trabalha não faz sentido para você;

2.   Se você não sabe no que o seu trabalho contribui para a visão da organização;

3.   Se você acha que o trabalho e a visão da organização não condizem;

4.   Se você acha que depois de um tempo as coisas voltam a ser como eram.

Caso identifiquemos vários pontos de melhoria na nossa liderança, devemos “sem culpa” buscar apoio em nosso time, nos expondo as pessoas que confiamos para criarmos um plano de evolução de nossa liderança, sabendo que somos líderes incompletos e a nossa força esta na busca de nos tornarmos melhores lideres a cada dia, nos desafiando sempre, evoluindo como seres humanos que somos. Vamos lembrar que nem nosso codificador foi poupado, em  uma comunicação do livro Obras Póstumas, onde Kardec recebeu do Espírito da Verdade, uma mensagem sobre sua missão. Nela:  …. – Perg. Quais são as causas que poderiam me fazer fracassar? Seria a insuficiência de minhas capacidades? Resp. – Não; mas a missão dos reformadores está cheia de escolhos e de perigos; a tua é rude, disso te previno, porque é o mundo inteiro que se trata de agitar e de transformar. Não creias que te baste publicar um livro, dois livros, dez livros, e permaneceres tranquilamente em tua casa. Será preciso expor-te ao perigo.

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