Autora: Eugênia Pickina
Estamos aqui para acordar da ilusão de nossa separação
Thich Nhat Hanh
Desde pequena eu via minha mãe doar tudo aquilo que não tinha mais sentido em casa – nossas roupas infantis, os brinquedos, os livros que, por conta da idade, se tornaram desinteressantes, tantas vezes lidos e relidos. Além disso, ela sempre nos estimulou a cuidar de nossas coisas para que a doação fosse algo digno e legítimo.
Aprender a ser solidário é uma prática que deve começar desde cedo. Atitudes como dividir e compartilhar são aprendizados importantes para a vida toda.
Mas aviso: não adianta doar um brinquedo quebrado, faltando peças ou que não funcione. A intenção de praticar a solidariedade por meio da doação diz respeito a escolher itens que estejam em boas condições e para que possa gerar alegria a uma outra criança.
Não há uma regra para que a criança queira doar os seus brinquedos de modo espontâneo. No entanto, não é inteligente (nem justo) escolher os brinquedos para doar escondidos dos filhos. O mais adequado é explicar à criança sobre a importância de doar, porque isso fará outras pessoas felizes, deixando a casa mais organizada, sem desprezar o fato de que o ato de consumir afeta não apenas quem faz a compra, mas também o meio ambiente, a economia e a sociedade como um todo.
Os pais (ou quem cuida da criança) são o exemplo: de modo habitual, todos da família podem separar itens para doação. Se a criança vivenciar esse costume dentro de casa, é mais provável que também sinta vontade de participar. Por exemplo, para minhas filhas sempre expliquei que o desapego é um exercício importante na vida, pois tinha em mente que, além de servir de exemplo, envolver a criança no processo é importante para ajudá-la a se tornar altruísta.
Já em relação a certos itens, caso a criança demonstre um apego muito forte por determinado objeto, não force a doação. É melhor aguardar uma nova ocasião para que ela se desapegue daquele objeto (às vezes é uma pelúcia, um livro etc.).
Em casa, você pode decorar uma caixa com papel colorido ressaltando de modo expressivo “Caixa da Solidariedade”. No dia seguinte, todo o material doado pela família poderá ser encaminhado para creches ou instituições de caridade.
Essa prática é uma atitude singela, mas que fará a criança entender que doar pode fazer parte da rotina das pessoas e isso sempre gerará um sentimento muito bom de ser vivido.
O consolador – Ano 16 – N 802 – Cinco-marias