fbpx

Errar e pedir desculpa

Autora: Eugênia Pickina

“Reconhece teu erro
Mesmo que custe muito,
ao teu orgulho e vaidade.” 

Cora Coralina

Erramos. Pais e filhos, todos nós erramos

Reconhecer o pai ou a mãe que errou é uma estratégia importante para ajudar o filho pouco a pouco a compreender suas responsabilidades e impactos no mundo. Ou seja, uma criança criada a partir da premissa de que todos nós estamos sujeitos a errar, a falhar, pois somos imperfeitos, permeados por fragilidades, terá mais facilidade em se tornar uma pessoa capaz de calibrar as expectativas sobre si mesma e sobre os outros ao longo da sua vida. Ainda, ela conseguirá compreender com mais clareza que os erros dos outros não implicam necessariamente rompimento de vínculos, mas sim elementos que também fazem parte das circunstâncias da vida.

Em casa, com minhas filhas, nunca tive medo de mostrar minhas próprias fragilidades, falhas e equívocos. Quando errava, pedia desculpas e tentava melhorar, me corrigir. Hoje, se erro, continuo a pedir desculpas e a refletir maneiras de melhorar nosso relacionamento. De outro lado, por força do exemplo, espero que elas possam replicar isso um dia com a família delas.

Infelizmente, para algumas famílias, não há espaço para os pais admitirem erros, pois isso implicaria a quebra da autoridade “perfeita”. Contudo, essa expectativa de autoridade, além de pesar sobre os pais, é ilusória, fonte de rigidez e de uma performance humanamente impossível de ser praticada… O encorajamento para a honestidade fica prejudicado, à medida que os pais têm dificuldade em assumir seus erros perante os filhos. Ainda, pais autoritários tendem a estimular nos filhos o hábito da mentira, pois desde pequenos, eles, os filhos, são invadidos pelo medo da punição.

O que realmente importa no dia a dia familiar?

Pais que erram podem sim pedir desculpas. Por sua vez, pedir desculpas pressupõe o reconhecimento do erro e o compromisso de fazer diferente. Isso retira dos pais a expectativa de serem perfeitos e proporciona, no ambiente de relações familiares, espaço para a responsabilização sobre os próprios atos. E isso, sem dúvida, favorecerá uma convivência mais aberta e sincera no futuro, quando os filhos crescerem.

O consolador – Ano 17 – N 841 – Cinco-marias

spot_img