Autor: Marcus De Mario
Para que serve uma sala de aula? Por que o professor deve ser aquele que ensina? Qual é o papel dos alunos na escola? Você, que é um profissional da educação, que exerce o magistério, já se fez essas perguntas? Será que a dinâmica da sala de aula pode ser diferente daquelas cadeiras enfileiradas? A sua postura enquanto professor pode ser diversa daquela de “eu ensino, os outros aprendem”? E em fazendo diferente, será que dá certo?
Perguntas … perguntas …
As perguntas são importantes pois fazem parte do processo educacional. Quem não pergunta não descobre, não se motiva, não se esclarece. E não é somente o aluno que deve perguntar, o professor também. Por que não conhecer novas metodologias? Por que não estar aberto a novos fazeres? Por que não desconstruir ideias e valores para reconstruir e alcançar novos paradigmas? Por que não fazer da sala de aula um espaço de aprendizagem coletiva interativo, participativo, acolhedor e dinâmico? Por que não trabalhar com grupos de estudo e pesquisa? Por que não implementar o desenvolvimento de projetos? Por que não utilizar os espaços escolares como espaços de aprendizagens?
Mais perguntas… mas elas são importantes. São importantes para sairmos de um fazer atrelado ao século 19, quando a escola foi formatada num modelo que até hoje repetimos. Modelo esse adequado àquela época, com o que se sabia da educação e do desenvolvimento humano, mas que reclama, em pleno século 21, uma nova visão e uma nova postura. E por falar em postura, a mentalidade de boa parte dos professores também está deslocada no tempo e no espaço, pois muitos ainda se movimentam como se estivessem no século 20, sem entender que na verdade o professor nada ensina, nada transmite, mas pode e deve dar aquilo que ele é, num processo mais humano de educação.
Voltando à sala de aula, imagine um ambiente alegre, acolhedor, com os alunos formando grupos de trabalho, desenvolvendo suas pesquisas, tirando suas dúvidas, auxiliando-se mutuamente, com liberdade de ir e vir em obediência a combinados acertados previamente e em comum acordo, com o professor exercendo a orientação e facilitação dos estudos. De sala de aula, como tradicionalmente a entendemos, temos um espaço de aprendizagem coletiva.
Você sabia que essa metodologia foi amplamente discutida, elaborada pedagogicamente e implementada com grande sucesso nas escolas durante o final do século 19 e a primeira metade do século 20? Foi o Movimento das Escolas Novas, reunindo nomes que ficaram na história da educação e da pedagogia como Freinet, Claparéde, Montessori, Dewey, Ferriére, entre outros, e aqui no Brasil com destaque para Anísio Teixeira e Lourenço Filho.
As duas grandes guerras mundiais atrapalharam o movimento de renovação educacional e escolar, mas desde a década de 1970 ele ressurgiu com o movimento das Escolas Inovadoras, destacando-se o processo de transformação da Escola da Ponte, em Portugal, e que neste início de século 21 está se ampliando mundialmente, inclusive em terras brasileiras, abrangendo tanto escolas públicas quanto particulares, trazendo uma nova visão sobre o ser humano, uma nova filosofia educacional e novas metodologias.
Que tal fazer da sala de aula um espaço dinâmico e interativo de aprendizagem coletiva? Quem não tenta, quem não acredita, quem não confia em si mesmo e nos alunos, com certeza terá bastante dificuldade e provavelmente não colherá os bons resultados esperados. Mas quem não tenta, nada consegue, e nunca saberá se é possível dar certo.
Para construir novos paradigmas é preciso desconstruir velhos paradigmas. Pense nisso!