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Estranho? Não! Diferente…

Autor: Luiz Trindade

Não é de espantar quando passamos na rua e vimos alguém andando de uma forma inédita, falando uma língua que não conhecemos ou então até mesmo namorando de um modo não convencional segundo o que estamos acostumados. Estas pessoas não estão loucas, elas somente foram educadas em uma cultura diferente da nossa, mesmo morando no mesmo lugar.

Observando os comentários das pessoas em suas viagens, descobri coisas muito interessantes a respeito da diferença entre as culturas. Contudo, tais elementos só nos vêm à memória quando nos deparamos com eles em lugares inusitados como, por exemplo, no metrô. Se você vir um casal de japoneses ali, não estranhe que eles permaneçam praticamente um de costas para o outro, ou que um espanhol não seja tão cordial ao conversar quanto um brasileiro, pois não foi, em momento algum, sua intenção ofendê-lo.

Todo aquele estereótipo criado acerca dos homens italianos sobre seu charme, poder de sedução não é à toa. Para os italianos, a graça no jogo da sedução está em se jogar, não em vencer. Por isso, é comum ver um italiano declarando-se a uma mulher, como se ela fosse a mais bonita que ele tenha visto em toda a sua vida, e, caso ela não o aceite, ele irá, depois de cinco minutos, cortejar outra mulher, dizendo a mesma coisa.

Retornando aos nossos amigos do outro lado do mundo. No que envolve um evento muito importante em nossas vidas, o casamento, é realizado de forma totalmente diversa. No Japão, os casamentos são, em sua imensa maioria, arranjados, mesmo que os japoneses tenham mais tempo para namorar agora do que tiveram seus pais. Para eles, a formação de uma família – algo de suma importância – não pode ser deixado a cargo de alguém sem experiência como um jovem, ou então ser baseado no amor que, sob a visão oriental, é uma doença efêmera. Assim como nós temos uma reação de espanto, eles também acham engraçado a maneira pela qual nós nos casamos e não entendem a razão pela qual isso se sucede assim. Como podemos perceber, é uma via de duas mãos.

Rodando o mundo um pouco mais e parando no deserto de Ali Baba, temos conceitos de beleza bastante diferentes dos nossos. Para eles, as mulheres devem ser rechonchudas para mostrar a fartura à mesa. A famosa expressão da novela “O Clone” característica de alguns personagens árabes – “enche a cama” – não foi colocada ali por acaso. E disso eu posso falar com propriedade. Neto de libanesa, a maior desfeita que alguém pode fazer à minha avó é não aceitar sentar-se à mesa e comer alguma coisa. Lembro-me até hoje a época em que estava estudando para o vestibular e perdi alguns quilos – estava até feliz de ter perdido um peso extra. Ela ficou decepcionada, não acreditava como minha mãe tinha deixado aquilo acontecer e queria que eu comesse ainda mais do que normalmente como para poder recuperar as energias perdidas. Praticamente oposto ao ideal de beleza diante do qual somos postos.

Mas, por que pensar nisso? O mundo ainda é grande, mas, com os avanços dos meios de comunicação e o desenvolvimento do comércio entre as nações, a cada dia iremos nos deparar mais com essas situações, seja no trabalho ou na rua. As diferentes nações do mundo surgiram em épocas diferentes e desenvolveram-se de formas diferentes, acarretando essa diversidade de hábitos, costumes, maneiras de se reportar aos outros e a si mesmo. O próprio estilo de vida que alguém leva tem a ver com as influências da cultura na qual ele cresce. Entender o código por trás disso não é apenas descobrir um mundo novo, mas também uma oportunidade de aproximação e interação entre as pessoas. Afinal, não podemos nos esquecer que estamos aqui para desenvolvermos nossas faculdades, as quais se desenvolvem muito mais depressa quando fazemos contatos com o mundo no qual vivemos. E elas podem desenvolver-se mais rápido ainda se fizermos contato com as pessoas certas.

Fala MEU! Edição 56, ano 2007

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