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Eu os declaro marido e mulher

Autor: Thiago Rosa

Há quem fale que é bobeira, que faz parte do mundo capitalista, que faz parte de um modelo desenhado pela sociedade, que tudo é supérfluo. Há quem defenda e quem seja contra, principalmente quando falamos de Casamento Espírita.

Ultimamente mais frequente entre os jovens desta nova geração, a cerimônia que festeja o laço matrimonial tem vindo à tona em muitas discussões. Alguns mais antigos criticam ou outros mais racionalistas carregando debaixo do braço questão por questão do livro dos espíritos olham de lado.

O formato que é dado hoje ao casamento, proveniente da igreja católica, deu origem com dois importantes fatos históricos. A proclamação do cristianismo como religião oficial em 392 e o batismo dos reis da Dinamarca, Polônia, Hungria, Rússia, Noruega e Suécia. Nos princípios dos anos 1000, durante o Sacro Império Romano, houve uma grande transformação das sociedades urbanas romanas e das sociedades rurais germânicas e eslavas. Michel Rouche, da revista História Viva conta que “As uniões entre homens e mulheres eram, então, o resultado complexo de renitências pagãs, de interesses políticos e de uma poderosa evangelização”.

Um manuscrito do início do século XI dizia que “Amor = desejo que tudo tenta monopolizar; caridade = terna unidade; ódio = desprezo pelas vaidades deste mundo.” O amor era visto como subversivo, como destruidor da sociedade. Já para os cristãos, caridade, como forma conjugal, era visto como um amor privilegiado e de ternura – o amor conjugal.

Conforme Rouce, “a Europa pagã, mal batizada no ano 1000, apresentava portanto uma concepção do casamento totalmente contrária à dos cristãos. O exemplo da Normandia é ainda mais revelador, por ser muito semelhante ao da Suécia ou da Boêmia. Os vikings praticavam um casamento poligâmico, com uma esposa de primeiro escalão que tinha todos os direitos, e com esposas ou concubinas de segundo escalão, cujos filhos não tinham nenhum direito, a menos que a oficial fosse estéril, ou tivesse sido repudiada”.

Passados muitos anos adiante, hoje sabemos que cada religião, com seus ritos e costumes, tem uma forma de celebrar o casamento, a união entre um homem e uma mulher. Vale lembrar também que a palavra casamento tem referência a casa, ao lar. E matrimônio vem de mãe, “matre”. O “mônio” é empregado da mesma forma que a palavra patrimônio.

Por ser uma doutrina que não tem ritual, a doutrina espírita não realiza ou tem por hábito formalizar as cerimônias como parte adjacente do espiritismo, fazendo uma conexão do casal com a filosofia e vice-versa, a exemplo da benção da igreja católica.

Porém, nada impede que a união entre dois seres seja banhada de palavras provenientes do Evangelho Segundo o Espiritismo e que celebrem ou que marquem e conscientizem este momento festivo. A comemoração, rodeada de amigos e alegrias, pode servir como grande convite ou aceno sobre o compromisso moral dos cônjuges diante a nova caminhada que se ergue para ambos. Sem contar o futuro, os filhos, a educação, a família, a reforma íntima.

Na pergunta 697 de O Livro dos Espíritos tem o questionamento: “Está na lei da Natureza, ou somente na lei humana, a indissolubilidade absoluta do casamento?  Resposta: É uma lei humana muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da Natureza são imutáveis”.

O verdadeiro casamento é então a união dos sentimentos, do verdadeiro amor comprometido. O que precisa neste momento é fomentar a discussão. As pessoas têm sonhos, muitas moças querem casar de branco, de vestido de calda abraçada ao futuro esposo, sendo vistos, com os holofotes mirados para ambos, recebendo os gracejos amigos e sendo uma data marcante para todos. Porque então não patrocinar este momento com as boas palavras de acolhimento moral da doutrina espírita?

Como muitos espíritas vêm de famílias católicas, batizados nos preceitos religiosos das igrejas, quando muitos casais não têm para onde correr, desejosos ainda pela cerimônia matrimonial, acabam por escolherem os altares e escadarias das inúmeras basílicas que recebem constantemente este momento.

O que deve ser ressaltado é que será no lar o vasto laboratório de experiências humanas que irá florescer em suas vidas, nesta nova fase. Celebrar juntos, rogar boas energias, vibrar. Nossas ações podem significar muito neste momento de amizade.

Emmanuel nos diz que “a felicidade existe sim, porém, para usufruí-la no Outro Mundo, precisamos aqui na Terra admitir que ninguém poderá ser realmente feliz sem fazer a felicidade alheia no caminho que avança”. Ou seja, todo mundo terá sua vez.

Fala MEU! Edição 84, ano 2012

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