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Evocação: Sr. Philibert Viennois

Revista Espírita, maio de 1863

Sociedade Espírita de Paris, 20 de março de 1863 – Médium: Sr. Leymarie

1. Evocação. ─ Estou junto de vós.

2. ─ Havíeis combinado com a Sra. V… que dos dois o que ficasse vivo dirigirse-ia a mim para evocar o que havia partido. A Sra. V… notificou-me desse compromisso, e tenho prazer em concordar. Sei que éreis um espírita fervoroso, além de dotado de bom coração. Estas circunstâncias só podem alimentar o desejo de nos comunicarmos convosco. ─ Posso então escrever-te e me aproximar de ti, para te exprimir tudo quanto o meu Espírito sente de benevolência a teu respeito. Obrigado por toda a felicidade que me deste, querida esposa, tu que me fizeste amar a crença, santa regra dos meus últimos dias junto de ti. Sinto-me muito feliz por colher hoje todos os bens que nos eram prometidos pela fé venerada que nos revela a existência de outra vida que não a da Terra. Estou de posse de uma força desconhecida pelos homens; a imensidade nos pertence; eu posso compreender melhor e melhor amar-te. Minhas sensações não são mais obscuras e o que há de divino em nós é de uma simplicidade extrema, porque tudo o que é grande é simples. A grandeza é o verdadeiro elemento do Espírito. Estou sempre perto de ti. De agora em diante serás feliz, porque eu te cercarei com meu fluido que te fortalecerá, se for necessário. Quero que sejas sempre corajosa, boa e sobretudo espírita. Com estes três elementos bendirás a Deus por me ter chamado, pois eu te espero, persuadido que, graças ao Espiritismo, Deus te reserva um bom lugar entre nós.

3. ─ Peço-vos a bondade de nos descrever vossa passagem ao mundo dos Espíritos, vossas impressões e a influência dos conhecimentos espíritas em vossa elevação. ─ A morte, que eu esperava, não era sofrimento para mim, mas antes um desligamento completo da matéria. O que eu via era uma nova vida. O futuro divino, essa hora desejada, veio com calma. É certo que eu sentia falta de minha companheira, que não podia deixar sem dor: é o último elo da cadeia que une o Espírito à matéria; uma vez rompido, pouco sofri a passagem da vida à morte. Meu Espírito levou as preces de minha bem-amada. Todas as impressões se extinguiram para me acordar em nosso domínio, no domínio dos Espíritos. A viagem é um sono para o justo; a ruptura é natural; mas, ao primeiro despertar, que admiração! Como tudo é novo, esplêndido, maravilhoso! Aqueles que eu amava e outros Espíritos, meus amigos de precedentes encarnações, acolheram-me e abriram as portas da existência verdadeira, neste parque sem limites chamado Céu. Minhas impressões, não as podeis compreender nem eu poderia exprimi-las. Tentarei vo-las transmitir de outra vez.

4. ─ Ao receber a carta da Sra. V…, dirigi-lhe uma prece adequada. Podeis dizer-me o que pensais a respeito? ─ Obrigado pela vossa bondade, Sr. Kardec! Não poderíeis ter feito melhor. Os que choram os ausentes necessitam do Espírito de Deus, mas também do apoio de outros Espíritos benevolentes, e os Espíritos devem sê-lo. Vossa prece comoveu muitos Espíritos levianos e incrédulos, que são as testemunhas invisíveis de vossas sessões (A prece tinha sido lida na Sociedade, após a evocação). Vossas boas palavras servirão para o seu adiantamento. Vós fazeis ao nosso mundo, com frequência, o bem que dele recebeis. Não desdenhar o conselho de alguém menor do que nós próprios é reconhecer esse laço íntimo criado por Deus entre todas as criaturas.

5. ─ Eu queria vos pedir me désseis uma comunicação para a Sra. V…, mas vejo que vos antecipastes ao meu pensamento. ─ À vossa primeira pergunta respondi à minha mulher, quando deveria tê-lo feito à Sociedade Espírita. Perdoai-me, porque eu cumpria uma promessa. Sei que, pela persuasão, atraís aqueles que pedem para ser consolados. Conversar com os seres do outro mundo será a maior felicidade dos que não sacrificam tudo ao ouro e ao prazer. Por favor, dizei à minha mulher que minha presença não lhe faltará nunca. Trabalharemos juntos para o seu progresso espiritual. Mandai-lhe minha comunicação. Eu queria dizer-lhe tantas boas palavras, mas me faltam as expressões. Que ela ame sempre a nossa família, a fim de que, por seu exemplo, ela possa tornar-se espírita e crer na vida eterna, que é a vida de Deus.

VIENNOIS

Julgamos dever publicar a prece acima referida, e que nos foi dada pelos Espíritos para as circunstâncias análogas.

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