Autora: Eugênia Pickina
Essas e outras mortes ocorridas na família me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno. Em toda vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento da minha personalidade
Cecília Meireles
Ninguém duvida: criança precisa de um lar guiado pelo amor, pelo afeto, pelo respeito. E criar um ambiente familiar gentil e afetuoso depende de esforço e uma atenção cotidiana.
Aqui e ali, por todos os caminhos, é o amor quem orienta a formação de qualquer ser humano. Porque a criança, desde o começo, aprende principalmente pelo que é sentido, pelo que é vivido por ela com os pais. Ou seja, se queremos ter filhos amorosos e alegres, o mais importante é que nos tratemos também com carinho e amor, consciente de que, por amor, é preciso aprender lidar com as diferenças dentro de casa e agir com equilíbrio diante dos conflitos – quem falou que o filho gostará das mesmas coisas de que gostamos?
Obviamente, no dia a dia, problemas vão surgir, porque ninguém está livre disso. Mas é a maneira como lidamos com as dificuldades que importa. Se, por exemplo, o filho errou, não tem por que dizer a ele: “Viu? Eu te avisei.” Nesses casos, sem ser conivente com o erro, o que faz sentido é acolher o filho, procurando manter a intimidade e a confiança.
Vida familiar depende de exemplos. E o exemplo tem de vir dos adultos. A dica é procurar manter-se bem, equilibrado, e, em relação à rotina familiar, dividir as tarefas entre os membros da casa, respeitando, é claro, a idade dos filhos e os seus recursos emocionais e cognitivos.
Aqui se encontra o segredo de um cenário doméstico gentil e seguro: um ambiente familiar amoroso implica também interessar-se em proporcionar momentos de descontração e alegria entre pais e filhos. Atividades que reúnam a família como preparar uma refeição juntos, realizar um passeio no parque ou participar de uma brincadeira ao ar livre ajudam nesse processo de gerar experiências comuns de união e harmonia.
Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Allan Kardec
Notinha
É importante lembrar que ser amoroso é distinto de ser permissivo. Uma mãe ou um pai amoroso saberá impor-se quando necessário, mas sem ofender ou causar medo na criança.
O consolador – Ano 16 – N 767 – Cinco-marias