Autor: Dr. Nubor Orlando Facure
A doutrina espírita contém em seus fundamentos uma série de informações que nos permitem identificar uma “classe especial de fenômenos”, que sugerimos tratar-se de fenômenos “psicofísicos de natureza espiritual”. Correspondem ao processo de atuação da Alma no corpo físico.
É muito fácil reconhecermos os fenômenos da realidade física e da esfera psicológica que fazem parte de toda a nossa vida. Queremos, no entanto, pôr em destaque outra classe de fenômenos que só a atuação do Espírito é capaz de explicar.
No mundo físico conhecemos a natureza da matéria e os processos que regem seu movimento e suas combinações. No mundo psicológico identificamos os mecanismos inconscientes que impõem nossos comportamentos e aprisionam nossos desejos.
No domínio espiritual, a literatura, especialmente de Kardec, André Luiz e Emmanuel, já nos indicou mecanismos interessantes que atuam na interface corpo/alma.
O paradigma atual da Medicina, embora tenha esclarecido grande parte da anatomia e da fisiologia do organismo humano, não tem abrangência suficiente para perceber ou interpretar o complexo mecanismo de atuação do Espírito sobre o corpo. Essa será, possivelmente, a maior descoberta da Ciência.
Um modelo interessante para exemplificar a extensão dessa dificuldade é visto na glândula pineal. Conhecemos sua anatomia minúscula, sua relação com os ritmos biológicos, sua sensibilidade à luz, sua precária ligação com o cérebro, sua produção química modesta e sua expressão clínica pouco significativa.
É por isso que causam surpresa os relatos que nos chegaram da espiritualidade, apontando expressivas atividades da glândula pineal, que ultrapassam o que até hoje fomos capazes de constatar com nossos estudos macro ou microscópicos.
Precisamos deixar claro que o que enxergamos “do lado de cá” é apenas a expressão anátomo-funcional da glândula. Por não termos os instrumentos de acesso ao mundo espiritual, não sabemos como é que se processa sua atividade na interação cérebro/mente.
Podemos identificar as células da pineal e sua microestrutura, registrar suas trocas metabólicas, identificar as secreções dos humores e a transmissão dos influxos nervosos. Entretanto, no domínio da atividade espiritual, os possíveis componentes e o modo como atuam são ainda indetectáveis pelos nossos instrumentos. Extrapolar nosso conhecimento “daqui para lá” ainda permanece no campo da metafísica.
Não seria prudente imaginar que “por aqui” poderemos um dia conhecer toda a extensão desse fenômeno que chamamos de “psico/físico de natureza espiritual”. Pressupomos, de antemão, que “do lado de lá” a dinâmica espiritual do fenômeno é muito mais ampla e significativa do que nossa anatomia pode registrar.
Aprendemos com a Doutrina Espírita que existem três elementos fundamentais que direcionam a fisiologia dos processos orgânicos que nos condicionam a vida: o Espírito, o Perispírito e os Fluidos que intermedeiam a intercessão corpo/alma. Parece-nos ser desnecessário anotar os detalhes já bem conhecidos dos três. Os livros básicos da Doutrina são suficientes. Nosso propósito será o de apontar alguns fenômenos que nos parecem ilustrativos para a apresentação da fisiologia metafísica que estamos interessados em estudar:
- A fixação do pensamento
- A coesão da população celular
- Os Centros de força
- A corrente sanguínea e a energia vital
- A glândula pineal e sua fisiologia espiritual
- A ectoplasmia
- A respiração restauradora.
Nossa sugestão é que fenômenos desse tipo sejam rotulados de “fenômenos Espírito-somáticos”. Seu estudo abrange uma grade de fenômenos que pode nos levar a conhecer Leis gerais da fisiologia que integram o corpo à Alma.
A fixação do pensamento
A neurofisiologia sugere que o pensamento é um processo contínuo que se expressa na atividade dos neurônios do cérebro. Nossas ideias nascem a partir de estímulos externos que atingem os órgãos dos sentidos ou por mecanismos internos de percepção e memórias acumuladas no decorrer da vida.
O neurônio foi identificado como célula fundamental a partir do momento que técnicas de coloração permitiram o reconhecimento da sua estrutura. Quando Camillo Golgi em 1873 usou uma tintura de prata para corar o cérebro, foi possível perceber que alguns neurônios se impregnavam com essa coloração revelando o corpo celular e seus prolongamentos, inaugurando, a partir daí, uma revolução extraordinária no conhecimento do cérebro.
Nessa mesma época (final do século XIX), Franz Nissl conseguiu corar os neurônios com o violeta de cresil, descobrindo no citoplasma o amontoado de uma substância de aparência “tigroide” que ficou conhecida como “corpúsculos de Nissl”. Os estudos atuais revelaram que esses corpúsculos correspondem a uma estrutura membranosa denominada Retículo Endoplasmático Rugoso, que tem a função de construir proteínas dentro dos neurônios. Algumas dessas proteínas farão parte das membranas celulares e outras participarão de enzimas que atuam na produção de neurotransmissores.
A membrana que reveste os neurônios é formada por duas camadas de uma substância gordurosa fosfolipídica. Essa camada é impermeável, isolando o conteúdo interno dos neurônios dos fluidos extracelulares. Ela é, porém, interrompida por “portões” de proteínas que constroem os canais que permeabilizam as membranas. É através desses canais de constituição proteica que entram ou saem íons e substâncias que afetam a atividade dos neurônios (sódio, potássio, cálcio, neurotransmissores, tranquilizantes, antidepressivos e drogas como a cocaína, para citar exemplos mais conhecidos).
Por outro lado, as enzimas são indispensáveis para a produção dos neurotransmissores que realizam toda transmissão da informação entre os neurônios.
Pode-se depreender que os corpúsculos de Nissl, estando diretamente ligados à produção de proteínas, exercem um papel fundamental na fisiologia cerebral.
André Luiz, em psicografia de 1958 (Evolução em Dois Mundos), destacou a importância dos corpúsculos de Nissl, ensinando que ali a mente fixa seus propósitos transmitindo pelo pensamento as ideias que o Espírito projeta no cérebro. A partir das percepções dos sentidos, o Espírito renova suas ideias, projeta na rede de neurônios sua energia que resulta em pensamentos capazes de se adequarem no cérebro, produzindo nossos atos.
Um neurônio, em constante atividade, vai expandindo suas sinapses, fixando o aprendizado que a experiência vai lhe fornecendo. Em cada sinapse se ajustam os canais de transporte químicos, fundamentais à troca de informações entre os neurônios. Tanto esses canais, como os neurotransmissores, são construídos a partir de proteínas montadas, principalmente, dentro dos corpúsculos de Nissl. Portanto, afirmar que o Espírito exerce atuação direta nos corpúsculos de Nissl, como ensinou André Luiz, nos permite supor que é o Espírito que em última análise constrói o tipo de neurônios que estrutura o cérebro de cada um de nós.
A coesão da população celular
O organismo humano é formado por mais de 300 trilhões de células em constante renovação. Os diversos órgãos que o compõem estruturam-se em diferentes camadas de tecidos que reúnem células típicas e variadas. Temos em nosso corpo para mais de 250 tipos diferentes de células, incluindo os neurônios, as células da glia que sustentam o cérebro, os hepatócitos, as células musculares, as gordurosas, as epiteliais que revestem a pele e assim por diante.
A Ciência atribui ao programa impresso no genoma todo esse projeto de distribuição e organização do gigantesco universo celular que constrói nosso corpo. Falta-nos, entretanto, uma teoria adequada ao gigantismo dessa tarefa, já que só de neurônios temos dezenas de tipos morfológicos, num total de 100 bilhões de células, exigindo conexões sinápticas que ultrapassam a trilhões de ligações absolutamente precisas. Precisamos lembrar que no útero materno o embrião constrói 250 mil neurônios por minuto. Torna-se uma tarefa espantosa para os poucos 33 mil genes que trazemos como patrimônio genético.
A doutrina espírita ensina que o molde que nos estrutura o corpo físico é função do perispírito que nos ajusta ao mundo espiritual. Estão nesse perispírito todos os traços que identificam nosso mundo mental. Entretanto, a feição física que aparentamos e os estigmas de doenças que nos marcam não se reproduzem como uma cópia fotográfica fiel do nosso perispírito. As pessoas de aparência simples, mas de Espírito nobre, irradiam uma tessitura espiritual que se sobressai diante das imagens de beleza a que a mídia costuma dar destaque, especialmente para o corpo feminino. A presença de deformidades físicas está ligada aos nossos méritos e necessidades, adequadas aos débitos pretéritos que acumulamos, mais do que à aparência do perispírito. Nem sempre os aleijões acompanharão o Espírito após a desencarnação.
Allan Kardec sugere que o conhecimento do perispírito tem muito a colaborar com a Medicina para esclarecimento de nossas doenças. Mas recorremos de novo a André Luiz para nos surpreendermos com suas revelações. Ele ensina que, pela atuação de nossa mente, mantemos coesos os trilhões de células que compõem o nosso corpo. Essa atividade dá às nossas atitudes uma responsabilidade enorme no compromisso que temos de zelar pelo nosso equilíbrio físico. Porém, as surpresas não param por aqui. André Luiz afirma que cada uma dessas células é um universo microscópico onde estagia o princípio inteligente, constituindo cada célula que abrigamos em nosso corpo uma unidade, com individualidade própria, sobre as quais temos imensa responsabilidade de sustentar e conservar. São “Almas” irmãs que, em estágio primitivo, percorrem conosco as lutas da vida física, emprestando ao Espírito humano a dádiva do seu metabolismo.
Os centros de força
A cultura milenar do Oriente registra em seus livros sagrados a existência de centros de força ou chacras, de localização constante no corpo espiritual de todos nós. Eles se localizam no cérebro e em plexos distribuídos pelo nosso corpo nas regiões da laringe, do coração, do estômago, do baço, do plexo celíaco relacionado com o trato digestivo e região genital.
São em número de dois, no cérebro: o chacra cerebral localizado na região frontal e o chacra coronário, nas regiões centrais do cérebro.
Os lobos frontais passaram por um processo extraordinário de expansão quando se iniciou a evolução do ser humano na Terra. O lobo frontal é a região que mais nos distingue do cérebro de um chimpanzé. Estão relacionados com nossos pensamentos abstratos, com nossa capacidade de classificar os objetos, de organizar nossos atos e programar nosso futuro. Sem o lobo frontal o homem se torna irresponsável, perde a capacidade de organizar as coisas num ambiente, deixa de se preocupar com os outros, pode se tornar jocoso e não percebe a gravidade da situação em que vive. É o lobo frontal o que mais nos torna humanos.
André Luiz nos diz que o Chacra Cerebral, de localização frontal nos permite estar em união com as esferas mais altas que direcionam nossos destinos na Terra. Através da oração, projetando a súplica piedosa ou o agradecimento sincero, mantemos contato com os seres sublimes que nos orientam e protegem.
Na região coronária podemos apontar três níveis estratificados anatomicamente. O córtex, os núcleos da base e o diencéfalo. O córtex cerebral da região coronária relaciona-se com a atividade motora que nos facilita os movimentos voluntários. Nos núcleos basais (tálamo, putamem, globo pálido e caudado) são organizados nossos movimentos automáticos, que nos permitem realizar a respiração, a deglutição, a mastigação e a marcha, para citar exemplos fáceis de compreendermos. E, finalmente, o diencéfalo reúne um agrupamento de células que desempenham papel importantíssimo no controle de nossas funções metabólicas, intimamente associadas à nossa sobrevivência.
No hipotálamo, que compõe parte importante do diencéfalo, são produzidas dezenas de substâncias que controlam a atividade das nossas glândulas, funcionando como estimuladores da produção de hormônios na hipófise, na tireoide, na suprarrenal, nos ovários e nos testículos, entre tantas outras glândulas.
André Luiz ensina que no chacra coronário estão situadas as forças que mantêm em equilíbrio a atividade dos trilhões de células que obedecem ao nosso comando mental, mantendo a forma e as funções do nosso corpo físico.
Os milhares de anos que nos separam do espiritualismo oriental não trouxeram maiores esclarecimentos à Ciência Médica, que não consegue identificar em seus fundamentos qualquer sinal da existência dos chacras. Mesmo assim, convém considerarmos alguma hipótese para tentarmos relacionar os chacras com a atividade cerebral. É clássico estudarmos o cérebro em seus aspectos modulares destacando as funções motoras, sensoriais, linguagem, memória, cálculo, emoções, entre tantos outros. Essas atividades são processadas por circuitos limitados a uma determinada área cerebral. Existe, porém, outro arranjo funcional que a neurologia destaca como um conjunto de agrupamentos neurais que exercem sua ação de modo difuso, incluindo múltiplas vias neurais e suas áreas de repercussão. É o caso, por exemplo, dos sistemas de ativação ascendente que têm a propriedade de nos manter alertas ou em pleno sono.
De maneira simplificada, podemos considerar pelo menos três sistemas de atuação global, habitualmente rotulados de “sistemas modulatórios de projeção difusa”. O sistema hipotálamo-secretor, o sistema neurovegetativo e o sistema de relação com neurotransmissores, como o dopaminérgico, o serotoninérgico e o noradrenérgico, estando os três fortemente relacionados com transtornos mentais diversos. São eles que, nesse artigo, queremos sugerir, com hipótese, estarem relacionados com os chacras cerebral e coronário.
Considerando os chacras que se expressam no cérebro, podemos notar sua coincidência com os “sistemas de atuação difusa”. No chacra frontal, predomina o sistema dopaminérgico responsável pela expressão do pensamento abstrato e inserção na realidade física.
Doenças como a epilepsia e as demências frontais levam a uma deterioração da mente desses pacientes, que se tornam completamente dissociados do mundo físico em que vivemos.
Na região do chacra coronário, vimos o significado do controle endócrino realizado pelo eixo diencéfalo-hipofisário.
Essa atividade glandular orquestrada é indispensável para a manutenção do nosso metabolismo, sem o qual a vida nos seria impossível.
A corrente sanguínea e a energia vital
É muito fácil aceitar a ideia de que nossa vida está intimamente ligada ao coração. Aristóteles afirmava que a Alma aí se localiza porque qualquer ferimento nele leva imediatamente à morte.
Nos dias de hoje, alunos do primário já aprendem que os batimentos do coração impulsionam o sangue pelas artérias, que depois se difundem pelos capilares e retorna pelas veias. Nesse retorno, o sangue passa pelos pulmões, de onde retira o oxigênio que a respiração fornece. Temos cerca de seis litros de sangue circulando pelo nosso corpo e mais ou menos vinte por cento dele vai para o cérebro. Enquanto entra pelas artérias e sai pelas veias, o sangue circula dentro do cérebro em exatos seis segundos.
Assim que ocorre a morte, as artérias do cadáver estão vazias, já que a última batida impulsiona todo sangue para as veias. Essa observação levou Galeno a sugerir que as artérias estariam sempre cheias de ar. Ele propunha, também, que circula junto com o sangue um elemento imaterial, que denominou pneuma vital. Esse fluido nasce no coração, distribui-se pelo corpo e se transforma no pneuma animal ao atingir o cérebro, nos permitindo perceber o mundo pelos sentidos e a reagir com os nossos movimentos aos seus estímulos. A ideia de um “espírito animal” produzindo nossos reflexos foi também adotada por René Descartes e por Thomas Willians, tendo aceitação médica por muitos séculos. Para Willians, os corpúsculos do “espírito animal” percorreriam os nervos para colocar em ação os nossos movimentos.
Nos dias de hoje, sabemos da importância da circulação sanguínea distribuindo por todo organismo não só o oxigênio que nos sustenta a vida, mas um número insuspeitável de substâncias ligadas à manutenção do metabolismo celular e de todo sistema imunológico.
André Luiz nos traz conhecimentos novos nessa área também. Diz o conhecido Espírito que junto com a circulação sanguínea circula o “princípio vital” indispensável à sustentação da vida. Ensina Kardec que é o princípio vital quem dá vida à matéria orgânica. Cada um de nós o tem disponível enquanto encarnados, consumindo nossa cota com o decorrer dos anos. Ele procede do “fluido cósmico universal” que nos abastece conforme nossas atitudes nos compromissos da vida. A meditação, a prece e o impulso que nos predispõe a amar ao próximo fornecem a substância e a renovação do princípio vital. Ele nos penetra pela respiração, o que nos faz lembrar um dos mais belos versos da Bíblia – E Deus fez o Homem do barro da Terra e soprou em suas narinas o sopro da vida.
Anaxágoras considerava que o ar era a substância primitiva de onde procede tudo que existe. A relação do ar com a vida sempre foi aceita em muitas culturas. Nos livros de Galeno, as expressões espíritos e pneumas (ar) são equivalentes.
Aprendemos com André Luiz que o princípio vital é absorvido pela respiração e percorre todo organismo acompanhando a circulação do sangue.
A Glândula Pineal e sua fisiologia espiritual
Essa glândula situada no meio do cérebro já é conhecida há mais de dois mil anos e, mesmo assim, o que sabemos sobre ela é tão pouco que, nos tratados clássicos da neurologia, ela ainda não despertou interesse para merecer mais que citações curtas de algumas linhas sobre o hormônio que ela secreta, a melatonina.
A pineal é o relógio biológico que sinaliza um dos momentos mais importantes da vida, o despontar da sexualidade. Por ocasião da adolescência, a pineal reduz a produção da melatonina, ocorrendo, a partir daí, o desenvolvimento dos órgãos externos ligados à atividade sexual.
Até hoje é possível perceber, em determinados animais, que a pineal pode se comportar funcionalmente como um terceiro olho. Nesses animais, a pineal está situada acima do crânio, funcionando como um periscópio que exerce um papel de vigilância para o animal. Não se deve estranhar, portanto, a forte sensibilidade que a nossa pineal tem para com a luz. A entrada da luz, que atinge a pineal pelas fibras nervosas que nosso nervo óptico conduz, reduz a produção de melatonina. Num ambiente escuro, aumenta acentuadamente a produção do hormônio. Todos sabemos que os ursos hibernam em cavernas durante meses de escuridão e, nessa ocasião, o aumento da melatonina produz o entorpecimento do seu interesse sexual, que depois volta a se revelar no alvorecer da primavera.
O hormônio da pineal tem ligação direta com o depósito de melanina em nossa pele. Ele tem um efeito clareador que diminui a pigmentação da pele. Isso justifica, por exemplo, a cor esbranquiçada dos bagres que vivem nas profundezas de águas escuras.
A melatonina tem sido utilizada como tranquilizante, produzindo relaxamento e sonolência. Foi experimentada também no tratamento de dores de cabeça e de epilepsia, mas em todos esses quadros o efeito da melatonina é muito pobre.
André Luiz, através de Chico Xavier, trouxe-nos informações inéditas e surpreendentes sobre o papel da pineal quando observada a partir do plano espiritual.
Sensível às irradiações eletromagnéticas, nossa pineal é sintonizadora dos fenômenos de comunicação mental, mantendo-nos em permanente ligação com todos aqueles que compartilham conosco a mesma faixa de vibração.
Nos processos mediúnicos, a aproximação espiritual se vale da pineal para difundir sua mensagem até as diversas áreas cerebrais que ressoam sua transmissão.
Nas encarnações que a misericórdia divina nos permitiu transitar pela Terra, nos enredamos em situações onde tivemos oportunidade de cultivar relações afetivas profundas, ao mesmo tempo em que fomentamos rivalidades e discórdias das mais variadas consequências. Como a Lei divina não exclui ninguém dos reajustes necessários, será através da pineal que iremos encontrar, mais cedo ou mais tarde, aqueles mesmos amores sinceros que nos incentivarão a progredir e os inimigos do passado que nos exigirão saldar as dívidas e os compromissos.
Entretanto, por mais que a anatomia cerebral possa nos revelar, não reconhecemos nas vias que emergem da pineal qualquer indicação dessa extraordinária participação da glândula em nossa vida mental. Como explicar, em vista disso, o que nos esclarece André Luiz? Pressuponho que será necessário conhecermos qual é o mecanismo de atuação do Espírito sobre o cérebro. Daí, nosso propósito de reunirmos esse conjunto de fenômenos que sugerimos tratar-se de fenômenos “espírito-somáticos”.
No quadro dessa notória “fisiologia espiritual” a que André Luiz dá destaque, creio que a chave para sua compreensão está na participação do chamado “fluido universal”, tão conhecido no meio espírita.
Ensinam os Espíritos que elaboraram a doutrina com Allan Kardec que os fluidos servem de veículos para a transmissão do pensamento. Derivado do fluido cósmico universal, ele inunda o Universo, nos envolvendo a todos, nos permitindo compartilhar do “Hálito Divino” que nos alimenta.
Na vida física, atuamos pelas vias nervosas que nos estruturam os neurônios, suas imensas redes de comunicação e sua extraordinária química que sintetiza e conjuga os neurotransmissores. Na dimensão espiritual estaremos usando esse elemento sutil, fluídico, que obedece a vontade que a mente direciona, permitindo-nos criar através da fisiologia espiritual uma dispersão muito mais ampla nos seus efeitos fisiológicos.
Quando Louis Pasteur descortinou o imenso campo da microbiologia, esse conhecimento novo nos permitiu esclarecer a dinâmica da etiologia das doenças infecciosas. A descoberta do DNA abriu novas áreas para esclarecimento das chamadas doenças de origem genética. Entretanto, o estudo dos fluidos e suas propriedades poderá nos revelar uma nova fisiologia e, como consequência, as doenças que seus desvios provocam. A presença desses fluidos está intimamente relacionada com nosso padrão de atividade mental. A literatura espírita é farta em afirmar que todos nós somos a expressão da vida mental que nós mesmos escolhemos construir, e refletimos, em nossa aparência, a composição fluídica que selecionamos.
Os desequilíbrios mentais, que a neurobiologia de hoje entende como decorrentes das alterações em neurotransmissores, com certeza, iniciam sua perturbação a partir dos fluidos que permitimos nossa mente projetar no cérebro, desviando a química que nos preside o equilíbrio do pensamento.
A ectoplasmia
A partir dos fenômenos das mesas girantes, a mediunidade proporcionou aos pesquisadores do Século XIX uma imensa variedade de manifestações físicas e, dentre elas, as materializações de entidades espirituais. Nessa fenomenologia é mobilizada uma grande quantidade de ectoplasma permitindo o estudo da sua elaboração e constituição química. Todos os que estão presentes no ambiente da experimentação estarão doando uma cota maior ou menor de fluidos, mas é do médium que sai, por todos seus poros e orifícios de excreção, o material mais ou menos denso que permitirá a presença das silhuetas que se corporificarão no ambiente onde o público aguarda.
No âmbito do estudo que estamos abordando, interessa anotar que o conteúdo bioquímico do ectoplasma procede, na esfera física, do citoplasma das células do aparelho mediúnico. Em conjugação com os fluidos dos dois planos da vida é que o fenômeno adquire as propriedades de transição que permitem aos Espíritos adentrarem a nossa dimensão.
A respiração restauradora
O ar, como fonte insubstituível de vida, é percepção do senso comum a qualquer de nós. O ato de respirar está intimamente ligado à nossa sobrevivência. Anaxágoras atribuía ao ar a origem de tudo. A Bíblia registra que recebemos a vida a partir do sopro de Deus. Nos textos de Galeno, como já notamos, as expressões espírito e pneuma(ar) eram equivalentes. Para ele o pneuma vital era absorvido pelos pulmões e circulava do coração até ao cérebro para nos manter vivos. Na cultura oriental os exercícios respiratórios têm indicação mais importante que a atividade muscular.
Um dos fundamentos da Doutrina Espírita é de que a vida decorre da presença do principio vital que vivifica a matéria orgânica dando-lhe a propriedades de reagir.
A atividade constante dos nossos órgãos se faz à custa desse princípio vital e seu esgotamento leva o corpo à morte. Por outro lado, nossa atividade mental nos permite absorver da espiritualidade os fluidos que agregam elementos para sustentação do princípio vital. Mais atividade corresponde a mais vida, tanto do ponto de vista físico como espiritual.
André Luiz nos aponta em seus textos que a respiração é porta de entrada restauradora para a realimentação de nossas energias vitais.
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