Autor: Júlio Salusse (espírito)
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Céu de chumbo a rugir na imensidão remota
Verte em largos bulcões indômita procela.
No tempestuoso mar que se agita e encapela,
Sofro o anseio febril dos náufragos sem rota.
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Mergulho a vastidão, qual mísera gaivota
Que, em tentando fugir da nau que se esfacela,
Logra apenas ferir-se e tombar junto dela,
Sonho audaz de infinito amargando a derrota.
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Desço às vascas do fim, no pélago profundo…
Irrompe de improviso a tela de outro mundo,
Sob a luz que transcende os fastos da memória.
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Faz-se a treva esplendor, raia o dia opulento…
Ante a luz divinal, que banha o firmamento,
Levanto-me do abismo, em suprema vitória.
Nota
Do livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.