Autor: Joelson Pessoa
Nos Estados Unidos a árvore do governo de Trump tem como um dos principais frutos, levantar um mega muro na fronteira com o México, retendo a migração dos latino-americanos.
Na União Européia a Inglaterra empenha-se angustiadamente para desertar do bloco, objetivando entre outras coisas, restringir legalmente o acesso ao reino unido, dos imigrantes domiciliados no resto da europa.
Ainda na Europa, países como Itália e a Espanha, sob bandeiras de políticos de extrema-direita, inclinam-se para rechaçar os imigrantes que tentam, desesperadamente, acessar o continente.
Recentemente um heróico episódio alcançou protagonismo internacional. Carola Rackete, capitã de um navio da ONG Sea Watch, resgatou 40 imigrantes à deriva no mar e dirigiu-se ao porto mais próximo, em Lampedusa (Itália), Depois de 36 horas aguardando inutilmente a autorização para atracar (que não veio), foi necessário desobedecer a recente lei Italiana anti-imigração, e atracou, dadas as condições das pessoas no navio. A população italiana em torno aplaudiu e ovacionou a jovem capitã. Carola foi presa pelas autoridades italianas. A comunidade internacional reagiu imediatamente e pressionou o governo. A capitã foi posta em liberdade dois dias depois.
Na América do norte e na Europa (partes muito rica do mundo) os expressivos deslocamentos de pessoas provenientes das partes mais pobres e miseráveis causam evidentemente impactos. A oferta da mão de obra barateia os salários. A carência de todo gênero se espalha aos olhos de todos. Pululam moradores de rua. Aumenta a marginalidade. Aumenta a violência. Confinar-se em seus condomínios não parece mais servir de consolo aos mais ricos. Tal estado de coisas divide as pessoas: os que são adeptos à investimentos de caráter social e humanitário, daqueles que optam por uma postura individualista: “ema-ema-ema cada um com seus problemas”; “nigerianos são todos traficantes”; “volta para a Síria”, “deportem essa gente”, “fechem as fronteiras”; “se avançarem, chumbo neles”, etc.
E como esse fenômeno migratório atinge o Brasil ?
Não vamos referir-nos aos gigantescos movimentos migratórios que ajudaram a construir a identidade plural do Brasil nos 2 últimos séculos.
Apontaremos os contingentes populacionais mais recentes: Bolivianos, Haitianos, Africanos, Sírios e Venezuelanos.
Cada uma dessas nacionalidades aqui chegaram, esperançosas, deixando para trás o sofrimentos variados, decorrentes da extrema pobreza (bolivianos), desastres naturais como o terremoto que devastou metade do Haiti em 2010, guerras civis em alguns países na África, o holocausto fundamentalista na Síria e a crise política na Venezuela.
Também houve grande repercussão na mídia os ataques xenófobos praticados por alguns brasileiros, em Copacabana, contra Mohamed Ali Kenawi, imigrante sírio refugiado na cidade do Rio de Janeiro. O rapaz trabalhava como ambulante comercializando quitutes típicos da culinária árabe, quando aos berros foi ofendido verbalmente por um comerciante local, com palavras de ódio impelido a deixar o lugar e o país. Outros homens se juntaram ao agressor e intimidaram com violêncio o ambulante, quebrando o seu carrinho e atirando ao chão seus produtos.
O tumulto chamou a atenção dos passantes e turistas que em instantes juntaram-se e tomaram a defesa de Mohamed, em número maior cercaram o sírio protegendo-o e coagiram os agressores a retirarem-se. Alguém já estava filmando com o celular o principal agressor e em poucas horas o vídeo era exibido em todas as emissoras. O final dessa história, que começou horrorosa, não podia ter recebido uma recompensa mais feliz:
Brasileiros em todo o país se solidarizaram com Mohamed, e com apoio dos cariocas, presentearam o moço com um food-truck. Dias depois o imigrante recebeu da prefeitura do Rio de Janeiro o título de cidadão honorário.
Tradicionalmente nós brasileiros recebemos bem os imigrantes, os assimilamos em nossa cultura e com eles nos miscigenamos, enriquecendo a nossa diversidade.
Apesar do repentino e desastroso recrudescimento da extrema direita no Brasil, com a eleição do Bolsonaro, parece que ainda permanecemos receptivos aos imigrantes.
Contra eles existe o sentimento egoísta de alguns indivíduos que enxerga na presença dos estrangeiros uma ameaça (de que?) incomodam-se em compartilhar nossos espaços comuns, receiam mais concorrentes às vagas de emprego, enfim, falta empatia. A presença dos imigrantes constituiu também uma prova para nossas qualidades morais: caridosos e solidários são aprovados; egoístas e preconceituosos, reprovados.
Evocamos os bons ensinamentos morais que as VERDADEIRAS famílias tradicionais cristãs legaram-nos: “divide com o coleguinha”; “onde comem dois, comem três e assim sucessivamente”, “chegou mais gente ? bota mais água no feijão”.
Exemplificando essa premissa de boa educação moral, Carlos Wizard, um dos empresários brasileiros mais bem sucedidos, mudou-se para Roraima, a fim de dar assistência a milhares de venezuelanos que chegam ao país pelas fronteiras daquele estado. Liderando um contingente de voluntários, recepciona os venezuelanos e os hospeda nas famílias voluntárias. Dá suporte com alimentação e vestuário e, na sequência, os assenta em várias cidades pelo Brasil. Conquistou a simpatia do dono da aviação Azul, David Neeleman, e dele obteve o transporte de mais de 4.000 pessoas, com destino aos assentamentos no interior do Brasil. Carlos Wizard reflete: “Somos 200 milhões de brasileiros. Podemos dar conta de 20 mil refugiados“.
Cá entre nós (espíritas e cristãos), além dos aspectos econômico-político-sociais desses movimentos migratórios, que sempre caracterizam populações mais pobres em desespero buscando uma oportunidade ao sol junto às mais ricas, há um supremo aspecto evangélico permeando a causalidade dessas experiências…
… e meus amigos, Jesus nos preparou para esses testes eliminatórios (Mateus 25:35-45):
Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram;
Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos?
O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’.
E ao outro grupo condenará: “Malditos, apartem-se de mim (…) Fui estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram (…)”;
E estes também perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos?’
“Ele responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo’.