Autora: Teresinha Olivier
Quando morre um ente querido, um amigo, um afeto, geralmente vem o sentimento de perda. O sentimento angustiante de que nunca mais veremos aquele ser que teve uma presença tão importante na nossa vida.
No entanto, o ser humano, desde a antiguidade, em todas as partes do mundo, sempre teve a intuição de que a vida continua após a morte do corpo físico. Todas as religiões ensinam que a morte do corpo não é o fim. Que existe algum tipo de vida depois que o corpo físico é deixado no túmulo.
É claro que cada doutrina explica de uma forma, cada uma tem ideias próprias a respeito do que seja essa vida da alma. E muitas dessas explicações reforçam a ideia de separação, a ideia de perda, quando ensinam que as boas vão para um lugar bom e feliz e a más vão para um lugar de sofrimento eterno.
A doutrina espírita ensina que o ser, quando da morte do corpo, volta ao mundo espiritual, que foi de onde ele veio, e continua a ser a mesma criatura que era antes do desencarne, com os valores morais conquistados, com as imperfeições morais das quais ainda não se desfez, com as conquistas intelectuais que amealhou, enfim, chega ao mundo espiritual nas mesmas condições em que se achava no momento da morte do corpo.
Leva consigo também seus sentimentos de amor pelos que ficaram, suas mágoas, seus rancores de que ainda não conseguiu se libertar.
O Espiritismo, quando bem estudado, nos dá uma certeza da continuidade da vida, da continuidade dos verdadeiros afetos, da possibilidade de comunicação com aqueles que já partiram e nos dá a certeza do reencontro mais cedo ou mais tarde.
O Espírito desencarnado se torna um Espírito errante, que é aquele que vai se preparar para uma nova encarnação.
A erraticidade não é um sinal de inferioridade, pois existem Espíritos errantes em todos os graus. Erraticidade é um estado entre duas encarnações para Espíritos que ainda precisam reencarnar. Espíritos perfeitos não ficam em erraticidade, pois não necessitam mais da vida material e, quando encarnam, é por missão.
Não existe um tempo determinado para o Espírito permanecer no mundo espiritual. Esse tempo depende de suas necessidades evolutivas, uns ficam pouco tempo, outros podem ficar por muito tempo, mas sempre chega a necessidade de reencarnar.
O que o Espírito fica fazendo no estado de erraticidade?
Segundo o Espiritismo, estudam o seu passado, analisam o que fizeram e o que deixaram de fazer, aprendem com as orientações que recebem dos Espíritos mais elevados do que ele, escutam os discursos dos homens esclarecidos e se preparam para uma nova encarnação com ideias renovadas.
O Espírito também progride no mundo espiritual, pode melhorar-se bastante, sempre de acordo com a sua vontade, mas é na existência corpórea que ele põe em prática as novas ideias adquiridas.
Na erraticidade, eles podem ser felizes ou infelizes, de acordo com seus méritos. Quanto mais imperfeições morais conservam, mais infelizes são; quanto mais qualidades morais conquistadas, mais felizes são.
Porém, essa felicidade ou infelicidade não é imposta nem por Deus nem por ninguém, é uma consequência natural do estado mental do próprio Espírito.
Portanto, a felicidade ou infelicidade do Espírito no mundo espiritual depende dos seus esforços, enquanto encarnado, de “domar as suas más paixões,” como ensinam os Espíritos.
É claro que tudo isso de uma forma geral. Existem Espíritos que não têm consciência de nada. Que nunca se preocuparam com sua realidade espiritual e encarnam e desencarnam sem saberem bem o que está acontecendo.
Nossos parentes e amigos desencarnados continuam a ter afeto por nós e nos auxiliam de acordo com as suas possibilidades evolutivas. Eles ficam muito sensibilizados quando demonstramos afeição por eles, quando nos lembramos deles com carinho, com afeto, com amor. Mas se cultivamos uma dor constante, se ficamos lamentando sua ausência com angústia e inconformação, isso os afeta de forma penosa e pode até ser um obstáculo ao reencontro.
Quando eles estão em boas condições morais e espirituais, podem proteger aqueles que eles amam e que ficaram na Terra, podem lhes transmitir bons pensamentos, sempre na medida do seu preparo espiritual, geralmente limitado.
Quanto mais o Espírito é desapegado da matéria, mais vivo e purificado é o seu afeto pelo encarnado.
Estamos falando da verdadeira afeição de alma para alma.
A doutrina espírita, pelas provas patentes que nos dá quanto à vida futura, quanto à imortalidade da alma, à presença ao nosso redor daqueles que amamos, da continuidade da sua afeição e da sua solicitude, nos oferece uma suprema consolação.
Sabemos que um dia nos reencontraremos. Esse reencontro pode se dar no mundo espiritual ou em futuras encarnações. Muitas vezes nos encontramos durante o sono do corpo, nos lembrando ou não ao acordarmos.
Se uns estão encarnados e outros não, continuam unidos pelo pensamento e pela afeição. Os que estão livres, ou seja, desencarnados, velam pelos que estão cativos, os encarnados. Os mais adiantados, procuram fazer progredir os retardatários. Após cada existência, terão dado mais um passo na senda da perfeição.
Com o Espiritismo, não há mais solidão, porque sabemos que sempre temos amigos ao nosso redor com os quais podemos nos comunicar, pelo menos em pensamento.
Dica
A autora participa semanalmente dos grupos de estudos online, abaixo. Se tiver interesse em participar também, são abertos para todos os públicos.