Autor: Davilson Silva
Da ação conjunta do âmbito magnético, ou espiritual, com o elétrico, ou material, acontecem admiráveis fenômenos psíquicos. Nosso assunto trata de desmaterialização e rematerialização de um objeto através de estranho aparelho do Além, fato testemunhado por um grupo de pessoas. O objeto foi expedido deste para o outro espaço-tempo de existência e trazido de volta de maneira singular.
Pois é, meu prezado leitor, ou minha prezada leitora! “Nenhuma organização útil se materializa na crosta terrena, sem que seus raios iniciais partam de cima”, e “a humanidade terrestre, constituída de milhões de seres, une-se à humanidade invisível do Planeta que integra milhões de criaturas”. (1) E nada acontece consoante leis divinas.
Como se dá esse vínculo? Ah! Tudo só depende do transe mediúnico, ou estado anômalo da consciência em diversos graus da mediunidade por meio das manifestações intelectuais ou de efeitos físicos, entre o espaço corpóreo e extracorpóreo. Façamos resumido e superficial comentário no que se refere tal processo, cuja vibração, além de nossas aptidões inatas, atua fora da referência espaço-tempo de nosso meio, sem pôr de parte a sua inteireza molecular. Os legítimos fenômenos de efeitos físicos têm a ver com a firme presença de um campo magnético e um campo elétrico.
A corrente elétrica provém do cérebro, funda-se sobre a natureza humana; o efeito magnético lhe exerce uma efetiva e grande influência: uma não funciona sem o outro. O sistema nervoso, conjunto de células especialíssimas, determina a sua produção tal qual uma usina. Uma usina gera, transmite, distribui e consome eletricidade, e o cérebro, centro gerador de cargas elétricas, assim também se conserva.
O campo magnético, então, leva a efeito os estímulos associados intimamente à corrente elétrica do sistema nervoso. Deste modo, junto às funções regidas pelo cérebro humano, existe o fator psíquico, ou anímico, fator preponderante no que consideramos como essência divina, pressuposto da existência indispensável desse referido campo. Pode-se afirmar que o estímulo nervoso ligado à corrente elétrica rege com exclusividade a vida do corpo enquanto o campo magnético, o princípio da existência terrena, a Alma.
Uma série de extraordinárias produções no plano das experiências fenomenológicas já foi provada sob tais pontos de vista. Mas conceitos e fatos sobre o tema ainda geram controvérsias e, teimosamente, tentam denegri-los, negá-los. Muitos argumentos contraditórios, devido à ignorância espiritual, têm estabelecido obstáculos: de um lado, cientistas ateus, de outro, religiosos dogmáticos. Até existiam, na Idade Média, “manuais de orientação” com referências a ectoplasma que, como sabemos, é a origem dos fenômenos de efeitos físicos e seus diversos estágios.
Perseguições, confinamentos e mortes
Esses manuais rotulavam paranormais e médiuns de feiticeiros(as), passíveis de penas impostas pela Santa Sé ao confinamento em masmorras ou à morte num monte de lenha em chamas, sob a égide dos “vigários de Cristo”. Muitos foram perseguidos, presos, queimados vivos, seus bens, confiscados. Não adiantou nada! O ponto imprescindível da criatura humana será sempre o espiritual, por isso, as manifestações espirituais, de modo ostensivo ou não-ostensivo, jamais cessaram e jamais cessarão algum dia.
E uma das manifestações mais forte de os Espíritos se deixarem perceber é (o nome já diz!) a “materialização”. A materialização significa o que há de mais patente quanto à sobrevivência do Ser Desencarnado, algumas das quais se notabilizaram pela sua autenticidade e beleza incomuns, maravilhando espectadores nas vias públicas ou nas residências ou em centros espíritas ou em laboratórios.
Intelectuais, cientistas levaram à sério os fenômenos, em busca da verdade. Nomes como o criminalista Cesare Lombroso, o físico-químico William Crookes, o filósofo Ernesto Bozzano, o engenheiro mecânico Alberto de Rochas, os médicos: Alexander Aksakof, Charles Richet, Enrico Morselli, Gustave Geley, Hereward Carrington e Paul Gibier, o psicólogo Julian Ochorowicz, o escritor Arthur Conan Doyle, o célebre astrônomo francês Camille Flammarion e muitos outros, alguns dos quais até escreveram livros acerca da natureza desses fatos inerentes ao ser humano.
Mas um fato digno de nota como outros tantos das ocorrências fenomênicas de todos os tempos e lugares, passíveis de observação, é o de uma flâmula. A bem dizer, a desmaterialização e rematerialização em si não é algo tão inédito. Todavia a ocorrência de que estamos tratando é deveras interessante mais por sua singularidade que pelas consequências do fenômeno que suscita outras explicações. (2) O caso se deu quando do Primeiro Congresso de Grupos da Fraternidade, em São João da Boa Vista, SP.
Em janeiro de 1954, o escritor Dante Labbate participou ativamente desse congresso e resolveu sugerir uma flâmula comemorativa do bem sucedido evento naquele município paulista. Segundo Labbate, a “singela doação” seria um meio de exprimir reconhecimento e carinho em nome de todos os seus companheiros que, nesse ano, somavam mais de 50 grupos instituídos em três Estados brasileiros.
Algo imprevisto aconteceu
O autor conta no livro, Materializações Luminosas, Leis Cósmicas em Ação, (3) que desejou presentear os Mentores do Movimento da Fraternidade com os quais ele e seus companheiros mantinham estreito vínculo. Em comitê, sua ideia foi aceita por todos. Dias depois, na reunião de materialização do centro espírita fundado por seu pai, Jerry Labbate, aconteceu algo imprevisto, curioso…
Foram surpreendidos o autor e os que assistiam a materializações no recinto oportuno para esse fim. O guia espiritual, Joseph Gleber, ao sair completamente materializado da cabine mediúnica, qual se fora um de nós, cumprimentou todos, dizendo saber da “encomenda”; o próprio Labbate não revelara nada a ninguém naquele dia, horário e lugar, a sede do Grupo da Fraternidade Irmão Joseph Gleber, localizada na Fazenda Eureka, de seu pai, a 9 km do centro da cidade de Itanhomi, MG.
O Espírito ficou contente com o brinde e disse: “Eu e os demais companheiros sentimo-nos lisonjeados e vamos levá-la para a nossa comunidade em Nosso Lar.” “Asseguro-lhes que, por ocasião do segundo congresso, a ser organizado por vocês, nósa traremos de volta, autografada por alguns ministros da Colônia.” (Grifei.) Depois, Gleber voltou à cabine onde o médium permanecia em absoluto transe.
Ao retornar Gleber à cabine, todos ouviram um breve “ruído de máquina em funcionamento”. Na cabine, se encontrava um dos mais admiráveis médiuns de efeitos físicos e de materialização de todos os tempos: Fábio Machado. (4) De contínuo, uma Entidade, José Grosso, (5) materializada da mesma forma que o outro Mentor, apareceu diante da seleta assistência para esclarecer. O Espírito disse que o motivo do tal “barulho” era por causa de um “aparelho” que acabara de “desmaterializar a flâmula”…
Materializações em Caratinga, MG
No ano seguinte, todos se prepararam para o segundo congresso, e Caratinga, também cidade do Estado de Minas, foi eleita a sua sede, conforme acordo geral dos organizadores do evento, ligados à diretoria do Grupo Scheilla, da simpática Belo Horizonte. Providências administrativas foram postas em prática para que nada faltasse. Em suma, o congresso aconteceu, e no penúltimo dia do evento, às 20 horas, uma reunião de materialização foi realizada na sede do Grupo da Fraternidade, Caratinga.
Segundo o mencionado autor, Gleber saiu da cabine, caminhou diante da plateia de cerca de 200 pessoas e proferiu: “Desejo que a paz de Jesus esteja com todos. Meus irmãos, meus companheiros, com muita honra e alegria passo às vossas mãos a flâmula que levei há um ano para Nosso Lar. Trago-a de volta como sinal de nossa gratidão. Cumprindo o prometido naquela ocasião, trago-a assinada por alguns ministros e trabalhadores de Nosso Lar. Rogamos ao Pai e a Jesus que vos cubram de bênçãos.”
A flâmula foi entregue a um dirigente do Grupo Joseph Gleber, de São João da Boa Vista, cidade do primeiro congresso. Passada de mão em mão, todos puderam examinar a preciosa bandeirola, fato extraordinário de um fenômeno jamais acontecido e jamais catalogado nos registros da Metapsíquica, da Parapsicologia e do Espiritismo. Importante: além da assinatura dos Espíritos mais íntimos daquelas pessoas, constou a dos ministros Clarêncio e Veneranda, ambos da colônia espiritual.
Penso que o caso da flâmula dá ainda mais força à série de livros de autoria do Espírito André Luiz, tão conhecida dos espíritas estudiosos, sobretudo à sua primeira, Nosso Lar, ditada ao incomparável médium Chico Xavier, obra que, como o fenômeno confirma, não é literatura de ficção (isto para aqueles que não sabem ou para os que fornecem assunto de dúvida). Quanto ao destino da flâmula, segundo Labbate, o atual presidente da Federação Espírita Brasileira, Nestor Masotti, falou que, até hoje, esta se encontra em São João da Boa Vista; um tanto desgastada pelo tempo; mas está lá.
Notas
1) Palavras do “enfermeiro e visitador” Lísias, dos “serviços de saúde”, da colônia Nosso Lar, as quais constam do capítulo 24: O impressionante apelo, do livro Nosso Lar, Federação Espírita Brasileira (FEB), ditada a Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André Luiz.
2) Vide cap. 18: Iolanda, No País das Sombras, de E. D’Esperance, FEB. A fantástica médium e pesquisadora inglesa Theodore H. Hart-Davies, mais conhecida por Elisabeth D’Esperance, narra um caso de desmaterialização e rematerialização de certa peça de adorno feminino durante uma de suas reuniões, fato que, em nosso parecer, não se compara ao aqui exposto.
3) Vide cap. 63: A Flâmula desmaterializada e rematerializada, da obra já referida, Editora Fonte Viva.
4) O médium Fábio Machado conseguiu produzir inúmeros fenômenos de efeitos físicos, culminando com excepcionais materializações de formas humanas e de objetos, inclusive testemunhadas por Chico Xavier. Algumas pessoas até presenciaram a desmaterialização de Machado em reuniões de efeitos físicos.
5) O mesmo Espírito José Grosso nos é também bastante familiar. Para nós, ele é um querido amigo fraterno, um dos Mentores de nossa instituição e um dos coordenadores espirituais de nossas reuniões privativas de efeitos físicos.
O consolador – Ano 7 – N 335
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